Então, surge esse anúncio em jornais do Brasil todo. Uma pesquisa rápida mostra uma rede de relações estranhas - igreja, militares, políticos e até uma visita ao presidente.
Na Folha, é estimado um custo de quase R$ 200.000,00. Na Zero Hora, uma jornalista conhecida estimou em R$ 100.000,00.
O anúncio também está no O Globo, e deve estar em outros também.
Mas de onde vem esse dinheiro?
Vamos ao que é possível encontrar por aí:
O manifesto é assinado por:
"Associação Médicos Pela Vida com sede em Recife - PE - CNPJ nº 19548229/0001-93"
O nome em si é curioso: "Pela vida", "Pró-Vida"... mas não vamos supor nada por enquanto. Seguimos:
Uma busca pelo CNPJ apresentado, feita pelo @jnascim, retornou "Associação Dignidade Medica de Pernambuco", aberta em 2013.
Mas porque usar o nome "Médicos Pela Vida", então, se a Associação tem outro nome? Seguimos:
O nome usado na assinatura por essa associação não é estranho em algumas notícias...
Em notícia de 09 de agosto de 2020, uma associação de mesmo nome é citada oferecendo "tratamento precoce" em uma Igreja chamada Morada, no Mato Grosso do Sul.
Qual a relação de uma Igreja, um Major do Exército, dois deputados federais e Cloroquina?
E quais as relações entre esses, a Médicos Pela Vida e o patrocínio de centenas de milhares de reais a uma campanha de Fake News nas mídias tradicionais?
Outras informações que não conectaram bem ainda, mas tem potencial:
O site apresentado pela associação está registrado para: Claudinaldo Vicente dos Santos Junior. Não encontrei nada sobre essa pessoa.
A empresa Fatini & Cia da qual Henrique Alves (da Igreja Morada) foi sócio, inclui Alessandra Helena Gonsalvez de Andrade, com participação em uma Holding familiar, "Gonsalves de Andrade" e na "Medicos Associados de Campo Grande S/S".
Na mesma Holding familiar, aparece Patricia Helena Gonsalves de Andrade, Sócio-Administradora da empresa Dihosp (Dihosp Distribuidora de Equipamentos Hospitalares Ltda).
Um problema central da humanidade é a desconexão constante com a realidade.
Isso acontece por várias razões.
Mas, no centro disso, é porque nossa sociedade existe não mais sobre fundamentos materiais mas ficções úteis compartilhadas.
Harari expressa isso de forma magistral no livro Sapiens - Uma breve história da humanidade.
Porém, quero fazer um gancho com a situação das "bandeiras" da COVID-19.
As bandeiras do distanciamento controlado são uma ficção útil e pedagógica que serve de instrução para que diversas pessoas em uma área territorial enorme coordenem comportamentos para evitar a disseminação de um vírus mortal.