Nesta semana, um estudo robusto confirmou que a ivermectina não funciona como tratamento precoce contra a Covid-19. O medicamento virou parte do “kit Covid” e foi alvo de muita discussão no país no último ano.
Vem entender essa história. 👇
Em abril, um trabalho australiano mostrou que a ivermectina poderia matar o Sars-Cov-2 em células isoladas. A dose era dezenas de vezes superior à considerada segura, e o remédio era tóxico não só ao vírus, mas para as células. (1/10)
Mesmo assim, foi o suficiente para a ivermectina, droga popular e tradicional no Brasil, usada contra piolhos e outros parasitas, explodisse em vendas com o objetivo de tratar e até mesmo prevenir a infecção pelo novo coronavírus. (2/10)
Segundo levantamento do Conselho Federal de Farmácia, em 2020 foram vendidos 53 milhões de comprimidos, aumento de mais de 500% em relação a 2019. No Distrito Federal, recordista em vendas, o crescimento foi de 1.297%. (3/10)
Nos últimos meses, muitos estudos foram feitos para avaliar se a ivermectina poderia impedir o agravamento da doença. O mais robusto deles foi publicado esta semana no periódico da Associação Médica Americana, o JAMA, com uma conclusão negativa. (4/10)
O trabalho avaliou 400 pessoas com casos leves de Covid-19, divididas aleatoriamente em 2 grupos, metade tomando a ivermectina, metade um placebo. O tempo de resolução dos sintomas foi similar nos dois segmentos (10 x 12 dias, respectivamente). (5/10)
Como a diferença foi muito pequena, não é considerada estatisticamente relevante. Trocando em miúdos: o composto não fez diferença na evolução dos infectados. ”O achado não sustenta o uso de ivermectina para o tratamento da Covid-19”, concluem os autores. (6/10)
Outras pesquisas em humanos tentaram demonstrar a ação do fármaco, todas sem sucesso ou com falhas que prejudicam a qualidade do resultado. O farmacêutico @TuitesDeLeandro as comenta na sequência abaixo. (7/10)
“Infelizmente, essa é mais uma prova contra a ivermectina. Infelizmente porque seria ótimo ter um tratamento precoce eficaz, mas não temos, e precisamos lidar com isso”, escreve o professor da Universidade Católica de Pernambuco. (8/10)
Além da ivermectina, outros medicamentos já tentaram impedir o agravamento da doença, mas nenhum demonstrou esse poder. É o caso da hidroxicloroquina, que abordamos nesse fio. (9/10)
Por fim, vale destacar que já temos um “tratamento preventivo” contra a Covid-19, as vacinas. Mas a busca por um remédio continua, pois elas não são 100% eficazes e, até que a maior parte da população seja vacinada, ainda teremos pessoas doentes. (10/10)
O confinamento de sexta à segunda tem sido adotado em algumas cidades para frear a alta transmissão da Covid-19. Convidamos @schrarstzhaupt, da @analise_covid19 para analisar a eficácia dessa medida com a gente.
Segue para entender!
1/10) O objetivo do lockdown (confinamento) é cortar a transmissão pela raiz. Se ninguém pode sair de casa, o vírus não tem como circular. A estratégia é chata, mas eficaz. Para que dê certo, contudo, é preciso que seja seguida à risca.
2/10) Além de restringir o deslocamento de pessoas, a duração do lockdown é importante. O tempo de incubação do vírus é de quatro a seis dias, em média. Isso significa que alguém que foi infectado hoje, uma sexta, atingiria seu pico de transmissão provavelmente na terça...