Não sou especialista nisso, não pago de sociólogo. O que sei é empírico, trabalho desde sempre em periferias e com populações de baixa renda. Essas são minhas impressões sobre o poder evangélico:
1 - Primeiro, o Brasil é um país religioso pra caramba! Ateísmo é moda;
Segue:
2 - Depois, em algum momento, houve uma divisão socioeconômica: por seu modelo rígido, milenar, pouco flexível, centralizado (Vaticano) e, sim, dependente de grana, o catolicismo não penetrou fundo nas periferias. Se tornou a religião "classe média e alta". +
Não sei porque, apesar de sua popularidade, o espiritismo também se tornou mais segmentado, elitista. As religiões de matriz afro estão por toda parte, mas são tão perseguidas e vítimas de tão fortes preconceitos sociais que assumem sempre um perfil muito discreto +
3 - O neopentecostalismo com sua fragmentação e flexibilidade, porém com um dogma bem comum e fontes muito similares, foi até aonde os pobres estão e se espalhou. É preciso entender isso a luz do que ele levou a essas pessoas: senso de pertencimento e comunidade... +
Senso de propósito, de pertencer a algo maior. A ideia de que a vida é mais que só luta e sofrimento e que você está ligado aos desígnios de um poder superior. Num lugar onde o estado não entra e não quer entrar, foram e são, sim, centros de associação, de articulação política +
No sentido mais amplo de "política": elas ajudam a traçar metas, padrões de comportamento, senso ético e estabelecer os parâmetros de ligação na comunidade. Agora...
4 - Esse é o lado bom, mas não precisa ser um gênio para perceber que quem controla uma população imensa dessas +
Controla dinheiro, poder, influência, voto... E é claro que algo assim é o terreno perfeito para oportunistas, ladrões, golpistas, Messias de araque e afins. Uns quatro nomes conhecidos, misturas de pregadores com ídolos de TV, fundaram poderosas franquias da fé... +
E como nas leis de mercado, os menores, pequenos, independentes e mais legítimos (com fé de verdade) tiveram que ser unir a eles ou pelo menos não rivalizar. Foram absorvidos pelas "grandes redes atacadistas da fé" ou seriam destruídos. Quanto ao que mantém o poder dos "Macedos"+
Não tem segredo. O movimento evangélico sempre foi tradicionalista e isso logo degenera em conservadorismo. Os Mala-Macedos só levaram isso ao extremo: "evite a TV que não é da igreja. Jornais? Só mentiras! A Internet é a ferramenta do diabo! O capeta está por toda a parte!". +
Se você convence as pessoas a cortarem toda e qualquer comunicação com o mundo exterior...
Mas é preciso sempre ressaltar: esses escroques adquiriram esse poder todo porque o poder público não vai até a periferia. Não leva recursos, e não estou falando só de dinheiro: +
Educação, saúde, segurança de verdade, não tem. Mas também não tem praças, parques, espaços de convivência com gente diferente de você, Internet boa e de graça para ampliar seu mundo, bibliotecas, teatro, shows, CULTURA.
Tem igreja.
E bar.
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Eu concordo com todos os argumentos do texto! Foi tudo intencional, ele optou por propagar o vírus ("morra quem morrer"). Mortes não importam. Só a continuidade do projeto de poder importa. Agora, a parte realmente cruel dessa estratégia é essa: +
Bolsonaro assumiu isso porque não se importa, mas também porque acredita, com base nos fatos e na história recente, que só a economia e o mercado financeiro derrubam um governante.
E ele está certo! Matar não derruba. Collor caiu pela inflação, não pelos suicídios que causou...+
... Com o sequestro das poupanças. Dilma caiu porque especuladores e banqueiros a culparam por queda de lucros.
A economia está em frangalhos, hoje, mas Bolsonaro terceirizou com sucesso a culpa para governadores e prefeitos! A mensagem é essa: +
A criança de costas é meu filho. Essa foto é de quando o adotamos, ele tinha 6 anos. Hoje tem onze. Tirando os probleminhas emocionais de toda criança que sofreu abandono, ele é alegre, cheio de energia e curioso, como qualquer menino de sua idade. Segue...
Ele é um menininho negro. Eu sou branco e minha esposa, apesar de ter mãe negra, é branca também. Eu nunca sofri racismo, óbvio, nem minha esposa, mas a mãe dela sim, ao ser questionada se a filha loira era "filha da patroa".
Meu filho também já sofreu. +
Houve uma tentativa de adoção antes da nossa. Aos cinco anos foi devolvido. Alguma coisa sobre ter escondido balas no bolso num mercado. A candidata a adoção disse que ele "não era uma criança de boa índole". Fora a idade, ele vinha de um lugar sem noção de propriedade privada.+