Bom dia. Quero explicitar minha profunda discordância com uma frágil ideia que é postada regularmente nas redes sociais que o governo atual tem um projeto. Parte desse projeto seria a promoção de mortes. Não há o menor sentido nessa observação. Vamos a um mini fio
1) Primeiro: parece doer na alma de certo segmento do campo progressista admitir que perdemos em 2018 para um dos mais incompetentes políticos que já nasceu em solo brasileiro. Para superar esse trauma, criam uma sombra de gigante
2) Não. Bolsonaro não tem projeto algum. Se analisarmos a composição instável de seu governo, perceberemos que ele isolou politicamente o atual ministro da defesa. Ou seja: rachou o campo militar. Os seus ministros "ideológicos" estão caindo de maduro, um a um.
3) Bolsonaro cedeu quase tudo - e cederá mais - ao Centrão. Centrão que sinaliza articular uma "terceira via" para 2022 ou até negociar com Lula. Onde estaria, então, a estratégia infalível de Bolsonaro?
4) Desde sua posse, Bolsonaro apresentou queda de popularidade. Só conseguiu um repique quando o Congresso votou pela ajuda emergencial que ele queria que fosse muito menos do que o aprovado. Onde estaria o projeto?
5) Mas, o mais impressionante é a falta de rigor ao se postar que o "projeto de governo é a morte dos pobres e brasileiros". Imagino que a inspiração para essa frase totalmente desqualificada seja o senso comum sobre o extermínio pensado por Hitler.
6) Acontece que Hitler exterminava oposicionistas e judeus. Mas, não exterminava os alemães. Justamente porque sua lógica era sistêmica. Essa hipótese esta mais para senso comum que para uma reflexão mais apurada. É importante compreender como o sistema vive da exploração
7) Veja o caso dos desempregados que o marxismo denomina de "exército de reserva de mão-de-obra": eles têm uma função sistêmica de pressionar o salário dos empregados para baixo. Estão à espreita e se sujeitariam aos salários mais baixos.
8) No caso, o que revelam as mortes em cascata por Covid em nosso país? Que o governo Bolsonaro não sabe o que fazer. Percebam que a fala de Lula no sindicato dos metalúrgicos obrigou Bolsonaro a recuar. Onde estaria o projeto dele, afinal?
9) Incompetência. Esta é a marca desse governo. Não acerta uma. Perdeu na votação do Fundeb e nem conseguiu emplacar o tal do "Future-se". Não conseguiu fazer o que queria na reforma da previdência. Colocou fogo no parquinho com a tal mini reforma ministerial. Um desastre.
10) Enfim, está na hora de admitir que fizemos tudo errado em 2018. E ainda não acertamos o prumo. Esse negócio de colocar a culpa no outro funciona como desculpa, mas não melhora o score. (FIM)
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Bom dia. Posto um fio sobre a caracterização do bolsonarismo como ideário fascista, subversivo à Ordem Democrática e que deve ser colocado na ilegalidade. Vou me basear no livro que publiquei sobre o fascismo brasileiro. Lá vai:
1) Com o indiciamento de Jair Bolsonaro e 25 militares, sendo 24 do Exército (8 generais, 6 tenentes-coronéis, 7 coronéis, 1 capitão, 1 subtenente e 2 majores) na trama do golpe de Estado, o cenário de risco e a fonte de ameaça à democracia brasileira já está nítido.
2) Os líderes do bolsonarismo se autodeclaram de direita. A direita sustenta que a espécie humana possui distinções comportamentais: alguns são mais esforçados que outros; alguns mais inteligentes ou mais ambiciosos ou mais bem preparados.
Bom dia. Comprei o livro de Byung-Chul Han sobre o conceito de esperança num mundo de multicrise (o palavrão é dele). Vou comentar brevemente num fio. Lá vai:
1) Byung-Chul Han é possivelmente o filósofo mais profícuo do mundo. Não consigo nem acompanhar a produção dele. Acreditei que o seu livro “O Espírito da Esperança” seria o último, mas o livreiro me alertou que era o penúltimo. Mas, isso pouco importa.
2) O que importa é que “O Espírito da Esperança” debulha o trigo que Paulo Freire plantou. Esperançar se tornou o verbo mais citado por educadores brasileiros. Freire empregou a palavra para chamar para a ação.
Bom dia. As eleições municipais que acabaram ontem completaram o círculo vicioso do baixo clero. Este é o fio de hoje. Vamos a ele:
1) As eleições de 2024 foram uma volta ao passado político do Brasil. Uma enorme derrota para a esquerda, mas também uma quebra nas expectativas inflamadas da extrema-direita.
2) Não ter a polarização recente como vitoriosa não significou a vitória da tal terceira via, um modelito repaginado do liberalismo sem sentido em nosso país. Não há espaço para liberalismo no mais desigual dos 10 mais ricos do planeta.
Mais uma vez, me assusto com o envelhecimento do PT. Embora tenha eleito jovens para Câmaras Municipais, o comando e a base do partido envelhecem rapidamente. Vamos aos dados:
1) Segundo dados do TSE de 2022, homens de meia idade são o principal perfil dos filiados a partidos. O PT não foge à regra: 19% dos filiados são homens de 45 a 59 anos de idade, índice similar ao do PCdoB. O índice cai para 14% no caso do PSOL. PSTU vai a 24%
2) Mulheres de 18 a 24 anos não chegam a 1% dos filiados do PT. Já os homens nesta faixa etária não perfazem mais que 0,5% dos filiados petistas. Quase 42% dos homens filiados petistas têm entre 35 a 69 anos (17% dos filiados homens têm de 60 a 74 anos).
Bom dia. Enquanto o mundo continua existindo por aqui, cumpro minha promessa e posto o fio sobre Darcy Ribeiro e suas propostas para a educação brasileira. Lá vai:
1) Darcy Ribeiro, sociólogo e antropólogo, foi defensor da escola pública e da educação integral. Costumava dizer que “a crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”, referindo-se às estruturas sociais segregacionistas presentes no Brasil
2) Sua concepção também foi influenciada pelo movimento Escola Nova, assim como Anísio Teixeira. A idealização dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPS), a partir da experiência da Escola Parque, vem desta filiação.
Bom dia. Ontem, perguntei aqui se deveria continuar os fios sobre educadores e, se sim, quais. Vários sugeriram fazer um mix de teóricos. Então, farei um fio sobre Anísio Teixeira e, mais adiante, sobre Darcy Ribeiro e outros. Começando agora.
1) Anísio Teixeira foi o educador com maior influência política no Brasil. Tanto que seu nome está inscrito no mais importante instituto que realiza exames educacionais, o INEP.
2) O educador baiano seguia o liberal igualitarista John Dewey, pedagogo dos EUA que defendia a democracia e a liberdade de pensamento como elementos para a maturação emocional e intelectual das crianças. Dewey imaginava a educação como base central da formação do cidadão.