O mundo anda obviamente difícil. Temos perdido muita gente, temos aguardado notícias diárias de outros tantos que estão internados em estado grave. Todos os dias são dezenas de comentários, perguntas, indicações de leitura sobre kit covid, vacinas e outras questões...
+
Ao mesmo tempo que é um privilégio ainda estar em casa trabalhando, em condições financeiras de permanecer assim, a exaustão (seja pelo tema, seja pela imensidão de desinformação que temos lutado) é incrível.
e isso não é desdenhar do privilégio e entrar em um drama sem sentido+
O trabalho da produção de conhecimento demanda tempo de leitura, pesquisa, análise, diálogo (nós com os textos, nós com colegas, mais referências e tudo recomeça). Depois escrevemos (textos, roteiros, infográficos). Publicamos.
Nova avalanche de perguntas, xingamentos,+
enfrentamentos. Todos os dias (todos os dias mesmo).
Já fui cobrada por não dar uma resposta depois de 5h da pergunta, que envolveu ler 4-5 artigos para ter segurança sobre os dados que eu ia abordar.
Em 5h eu apenas busquei e li os artigos. Ainda precisei organizar a resposta+
Adequadamente à questão em si, em uma linguagem acessível, em 3-4 linhas (risos de nervoso).
Enquanto eu tô escrevendo conteúdo, chegam de 20 a 30 mensagens (entre redes sociais e e-mails) de temas diversos para responder, eu entro em sala de aula 3h depois+
(e preciso revisar o tema da aula).
Por fim, tenho como prioridade receber notícia de pelo 1 pessoa em UTI e duas amigas que estão para receber bebê (e me atualizam diariamente sobre todos os cuidados e preocupações antes de ir ao hospital).
Pq estou dizendo isso?
+
Ao longo do dia são muitas coisas que acontecem, e sabemos que mesmo com um impacto minúsculo (em quantidade de pessoas) a gente faz diferença.
E segue se cobrando... dia desses me peguei pensando sobre as segundas doses e o abandono das vacinações. “Como chamar estas pessoas?”
E eu e vários colegas nos pusemos a pensar e falar: temos que ir às ruas falar com as pessoas. Uma ansiedade como se fosse tarefa nossa fazer TUDO.
E uma culpa imensa de não conseguir (e tentaremos, mas não conseguiremos!!!).
Sabe por quê?
Por ser esta, primordialmente, +
Uma tarefa de larga escala, com discurso unificado, em tantas mídias quanto as possíveis, para atingir todos os recônditos espaços do nosso vasto país.
Sabe quem tem essa condição (e por isso é considerado política pública)?
Isso mesmo: o governo.
+
-É tarefa de instituições científicas fazer Divulgação Científica? sim!

-neste momento isto tem sido essencial no enfrentamento da COVID: sim

-Acredito que estaríamos pior sem a DC? MUITO!)

-vamos dar conta de nós comunicar com todos a tempo de fazer a maquinaria funcionar?+
Não. E isto não é tarefa nossa.

Isto é tarefa das instâncias públicas governamentais.
A gente é paliativo neste ponto.

Mas seguiremos (exauridos).
Enfim. Fio desabafo sobre DC na pandemia brasileira

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More from @ntsnaleatorias

31 Mar
Quando demos o curso do @BlogsUnicamp no #sdcunicamp comentamos sobre isso: as redes têm que servir a nós e não o contrário. Divulgação científica se espalha nas redes, mas aqui não é nossa base.
Ter um espaço em que teu conteúdo tenha repositório é fundamental.
Cada rede vai te exaurir de um jeito, se te dedicares completamente a ela, e vai ser uma produção que não tem a entrega que tu imaginas. Eles beneficiam o conteúdo de uns em detrimento de outros sim. Cada mudança de algoritmo a gente perde contato com quem se informa pelos +
Nossos canais. Então é sempre fundamental ter organizado teu material para acessar - ele não pode ser da rede e estar lá de forma que tu te percas.
Dá trabalho fazer isso? Sim. Bastante. Mas ajuda muito na hora das buscas, e revisão de conteúdos, retomada de discussões (e né...+
Read 11 tweets
29 Mar
eu fiquei sabendo que minha prima, que arrotou na minha cara o diploma de médica, e está vacinada "pq é profissional de saúde", além de me convidar para "tomar um café" durante o tempo de conexão dela em campinas, ao chegar em Alagoas DE FÉRIAS tentou sair com MEU PAI DE 66 ANOS+
Claro, "cumprindo todos os protocolos". Inclusive cumprindo todos os protocolos ela visitou praias do litoral de AL, em plena circulação da P.1. Mas vacinada né gente, de máscara né pessoal. Pq ela é da área de saúde e sabe se cuidar.
Olha tchê.+
Eu to com ânsia desde que fiquei sabendo, de tanta raiva.
Ainda ter que escutar de uma MÉDICA que ela sabe o que está fazendo e descobrir que a viagem era de férias "pq ela ia perder a passagem".

PERCAM A PASSAGEM

NÃO SAIAM DE FÉRIAS BATENDO PERNA PELO PAÍS GENTE. Pelamor!+
Read 5 tweets
28 Mar
É interessante o quanto se horrorizam com falas como as da Xuxa e acham que o debate ético e filosófico sobre “o que é ser humano” é teórico e não prático.
“Desumanização” acontece em um plano discursivo junto com os atos de morte.
+
Enquanto considerarmos que existem nós e “os outros” é de categorias humanas hierarquizadas que estamos falando. E isto acontece em um plano social, cultural, jurídico e filosófico. Usando também substratos de biologia para isso - como tantas vezes já vimos e veremos.
+
Há quem diga que a eugenia é pseudociência e se extinguiu como ideal de humanidade com o fim da segunda guerra.
A eugenia se reinventa com o capital humano, um dos pilares neoliberais da escola de Chicago. Ao inserir o investimento em humanos como possibilidade de mudança, mas+
Read 10 tweets
27 Mar
Fiquei pensando muito na repercussão da #dcsemassedio e como existe uma tentativa de “esclarecimento”, desculpas e auxílio a assediadores em geral.
Sim, muitos precisam de ajuda. Mas não, não são as pessoas assediadas ou pessoas próximas a elas que são as responsáveis por isso+
As pessoas assediadas estão e são sensíveis a estas questões. Pessoas próximas que mantém contato são sensíveis às questões. Existe muita busca por empatia - mas incrivelmente se pendem para os assediadores. E o que isso quer dizer?
As ações muitas vezes são complicadas...+
Buscar esclarecimentos pode ser cumplicidade ao assediador e ser usado como arma contra assediados, gerando mais assédio e coerção.
Ajudar assediadores a “se recuperar” pode ser silenciador para vítimas - que seguem com gatilhos e uma vida difícil pra recuperar no cotidiano+
Read 6 tweets
25 Mar
Eu sei que estão espantados que o comitê anti-COVID foi anunciado hoje.
Mas eu queria só dizer que temos o Centro de Operações de Emergência na Saúde Pública (SUS NÉ GENTE) que foi criado em 22 de Janeiro de 2020.

#redescontracovid
Segue o fio+
Este centro é ligado ao Plano de Resposta à Emergências em Saúde Pública estabelecido em 2014.
Os protocolos de Síndrome Respiratória e Síndrome Gripal são monitorados a partir de protocolos rígidos desde 2005.
+
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe…
Quando a doença começou a ser noticiada o Brasil não ficou a toa, pois
há equipes técnicas de carreira no MS (trabalhadores estatutários do governo), e estas equipes são responsáveis por monitorar e comunicar aos responsáveis da pasta possíveis ameaças
O que isso quer dizer?
Read 12 tweets
22 Mar
#DCsemassedio
Essa veio de um doutorando, a partir de uma foto minha, comentou (DM, óbvio) que a foto era linda. Após uma resposta evasiva, ele comentou que seria ótimo tomar café comigo.
No mesmo dia, à noite, ele mandou mensagem bêbado com cantadas e falando sobre sairmos +
cortei a conversa algumas vezes e como ele estava bêbado, parei de abrir as mensagens.
No dia seguinte, mandei uma mensagem dura, afirmando que a atitude dele tinha sido aversiva e não poderia se repetir, independente de ele estar ou não embriagado.
Eu o conheci pessoalmente+
em um evento de divulgação científica. Após esta ocasião eu falei com ele sobre realizar alguns estudos juntos, pois havia afinidade de área. Fui completamente desdenhada.
Mas é interessante como a conversa, um ano depois, foi retomada como ferramenta para justificar um pedido+
Read 5 tweets

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