Mais alguns dados recentemente publicados sobre a variante P.1, sua dinâmica e, principalmente, como necessitamos lidar assertivamente para contê-la. As consequências disso? Variantes ainda mais preocupantes que podem vir.
Neste trabalho, além de trazer informações do possível surgimento da P.1, o qual foi por volta de início de novembro de 2020, o trabalho também traz dados de um possível aumento da carga viral por essa variante a partir de valores obtidos pela PCR em tempo real
NO ENTANTO, existem fatores de confusão quanto a isso: não é possível dizer se a P.1 leva a um aumento da carga viral ou a uma carga viral mais longa. Mais estudos precisam ser feitos para a gente bater esse martelo
Ainda, os autores aplicaram modelos para entender as características epidemiológicas da P.1, sugerindo que essas características são muito diferentes das vistas em outras linhagens circulantes no BR.
Um desses achados revela que a P.1 pode apresentar um aumento de 1,7-2,4x na transmissibilidade quando comparada com outras linhagens locais não-P.1, podendo ter um escape de 21 –46% da respota imune que uma pessoa fez contra uma linhagem não-P.1 por exemplo.
Aquilo que vimos em Manaus (e aqui faço um adendo porque vários outros locais do país hoje enfrentam colapso de seus sistemas de saúde) não pode ser explicado somente considerando a P.1. A redução de restrições, baixa adesão as medidas de enfrentamento também tiveram seu papel
Nessa imagem suplementar do artigo, vemos o aumento substancial da presença da P.1 entre 11/11/20-15/01/21 se tornando mais presente que a própria B.1.1.28, linhagem anteriormente predominante no Brasil como visto no período 24/03/20-10/11/20, em Manaus
Pensando de forma integrativa, a recente epidemia em Manaus, por exemplo, sobrecarregou o sistema de saúde da cidade, levando a um acesso inadequado à assistência médica. É possível que a P.1 contribuiu para este agravamento? Sim, mas sozinha? Não se pode dizer.
Não é possível determinar se o aumento estimado no risco relativo de mortalidade é devido à infecção P.1, estresses no sistema de saúde de Manaus ou ambos.
A resposta é composta por mais de um fator e mesmo uma variante mais transmissível pode ser barrada por boas restrições
Coloco aqui algumas características da P.1 quanto a suas mutações, tendo a presença das mutações na proteína spike do vírus (L18F, T20N, P26S, D138Y, R190S, K417T, E484K, N501Y, H655Y, T1027I) não observadas na linhagem de referência (B.1.1.28)
Um dado relevante desse trabalho: 8 das 10 mutações citadas anteriormente estão sob seleção positiva diversificadora. O que é isso?
É uam análise muito útil para identificar mutações que levam a adaptações nesse agente infeccioso.
Quando ela é positiva, significa que ela pode aumentar a sua frequência na população. Além disso, 3 mutações também são encontradas em variantes que estão ocorrendo em lugares diferentes e distantes (como B.1.1.7 e B.1.351)
Esse surgimento independente de mutações (N501Y, K417T e E484K,) em linhagens geograficamente distintas indica um processo de adaptação molecular convergente, ou seja, é como se pressões estivessem sendo realizadas para uma adaptação "em comum"
Fato é: a P.1 está se espalhando rapidamente no Brasil, e cada vez que a transmissão é acelerada pela falta de adesão às medidas de enfrentamento, podemos estar vendo adaptações ocorrendo na P.1 que podem levar a próximas versões ainda mais preocupantes desse vírus
A P.1 já representa 82% dos casos no Rio de Janeiro. Em São Paulo, pesquisadores encontraram positividade de 80,6% das amostras para a variante P.1. Em Florianópolis, esse número chega a 82%.
Esse aumento é tão rápido da primeira para a segunda semana de março, observou-se uma maior frequência de P.1, de 78,6% para 91,7% nos casos da capital paulista
O mais preocupante no momento é que a P.1 está mudando. Nesse fio, comento algumas mudanças que o pessoal da @fiocruz está detectando na P.1, um excelente trabalho de @fnaveca e colaboradores e isso é preocupante, pois está acelerado
E essa aceleração é em decorrência, pelo menos em boa parte, dessa transmissão acelerada, que propicia o surgimento de novas mutações e, dentro dessas possibilidades, aumenta-se o risco de mutações que possam gerar adaptações importantes para a variante. torontosun.com/health/brazils…
Nessa reportagem do @cienciausp pesquisadores fazem o alerta de um padrão de dispersão do vírus na primeira fase da pandemia está sendo visto agora, com a diferença de que temos a P.1 na jogada
- @marciacastrorj "O fracasso em evitar essa nova rodada de propagação facilitará o surgimento de novos variantes, isolará o Brasil como uma ameaça à segurança da saúde global e levará a uma crise humanitária completamente evitável"
Com uma rota parecida com o que vimos em 2020, tendo tidos eventos de contatos como Natal/Ano Novo, Carnaval e Páscoa e uma variante potencialmente mais transmissível, estamos entrando num sinergismo assombroso que URGE por medidas assertivas para o combate
Atualmente*, mais de 90 variantes da Covid-19 foram identificadas no Brasil. Porém, @juliocroda explica que nem todas elas causam efetivamente um impacto epidemiológico. Quando se torna prevalente aí temos o problema
E se faz relevante seguir com a vigilância. Identificamos a N.9, N.10 e a P.4, em BH, dessa forma. Apesar de não serem prevalentes, tem mutações de importancia e devem ser acompanhadas
E as vacinas? Até o momento temos indicativos, ainda que iniciais, de que as vacinas CoronaVac e Covishield* (usadas no Brasil atualmente) poderão conferir proteção
Mas se a P.1 seguir se adaptando, o que pode vir por aí? Será que as vacinas seguirão abrangendo?
Esse é o risco pessoal. É possível que as próximas versões a partir das adaptações da P.1 e de outras variantes possam gerar versões com mais escape da resposta imunológica
Portanto, temos que:
👉Acelerar a vacinação ao máximo
👉RETORNAR PARA TOMAR A 2ª DOSE*
👉Aderir às medidas de enfrentamento, MESMO APÓS VACINAR (uso de máscaras bem ajustadas ao rosto e de preferência PFF2, distanciamento físico, etc)
👉E precisamos de mais medidas restritivas, com maior fiscalização das atividades que permanecerem presenciais, para garantir a segurança das pessoas. Isso é imperativo.
Chega de negar a pandemia, estamos em risco, tem muita gente morrendo e essas perdas são irrecuperáveis.
Dados de efetividade da CoronaVac no Chile! 🇨🇱 Após 14 dias da 2ª dose:
👉67% eficaz em prevenir COVID-19 sintomático
👉85% eficaz em prevenir hospitalizações por COVID-19
👉89% eficaz em evitar COVID-19 que necessite de UTI
👉80% eficaz em evitar mortes
👥Até esta sexta-feira, o Chile havia conseguido vacinar 7,6 milhões de pessoas com pelo menos uma dose e mais de 5 milhões com as duas doses. Segundo @OGloboSociedade o objetivo das autoridades é vacinar 80% da população chilena, ou seja, 15,2 milhões de pessoas.
👥De todos os vacinados no país, 90,7% foram com a CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac, enquanto 9,9% receberam a vacina da Pfizer/BioNtech.
Boa notícia! Dados da Pfizer em 1,1 milhões de pessoas vacinadas em Israel 🇮🇱 Com o regime de 2 doses (7 dias ou + após a 2ª dose):
👉92% de eficácia em evitar a doença
👉94% em evitar doença sintomática
👉87% em evitar hospitalizações
👉92% em evitar doença grave
Com o regime de 1 dose (14-20 dias após a 1ª dose):
👉46% de eficácia em evitar a doença
👉57% em evitar doença sintomática
👉74% em evitar hospitalizações
👉62% em evitar doença grave
💉Regime de 2 doses oferece uma imunidade mais robusta contra vários cenários da COVID-19
👥O estudo contou com 596.618 pessoas que participaram do grupo que recebeu a vacina, e 596.618 que participaram do grupo não vacinado. As características da população incluem distribuição muito próxima de sexo, idade e presença de comorbidades
🇨🇺Soberana 02 e Abdala: com a conclusão, em breve, da fase 3 e com a expectativa de aprovação pela Agência Nacional Reguladora de Cuba, os imunizantes se tornarão as primeiras vacinas contra a COVID-19 concebidas/produzidas na América Latina! Acompanhe👇
Soberana 02 e Abdala são vacinas de subunidades, ou seja, usam pedacinhos do SARS-CoV-2 para estimular a resposta pelo sistema imunológico da pessoa vacinada.
No caso da Soberana 02, ela também incorpora uma substância que reforça a reação imunológica:
Ebola (1976), HIV-1 (~1981), HIV-2 (1986), Sin Nombre (1993), Hendra (1994), gripe aviária (1997), Nipah (1998), Nilo Ocidental (1999), SARS (2003), gripe suína (2009) e tomo a liberdade de adicionar o SARS-CoV-2 (2019)
O que esses eventos assustadores tem em comum? Vem de fio👇
Esse minifio é para a gente discutir um trecho extremamente interessante de um livro que tô lendo chamando "Contágio - Infecções de origem animal e a evoluçaõ das pandemias" de David Quammen que lista esses eventos e pergunta justamente isso ao leitor
Essas datas são relacionadas a primeira descrição/surto de alguns vírus de preocupação para a nossa espécie. Alguns deles são familiares, epidemias vividas recentemente pela sociedade. Mas outros podem causar estranheza e a princípio, não aparentar relações entre si
Muita gente me perguntou isso aqui hoje, e como comentamos para cada caso em que eventos adversos foram relatados, é preciso:
👉 estudá-los para ver se tem relação com a vacina
E para isso, é esperado que pausas sejam realizadas
🚨ATENÇÃO RS: Sem casos desde 2009, o Rio Grande do Sul volta a registrar circulação da Febre Amarela, com a confirmação da morte de um Bugio em Porto Alegre g1.globo.com/rs/rio-grande-…
Por que essa notícia é importante❓
Os bugios funcionam como "sentinelas", alertando para a circulação do vírus e o risco de transmissão por mosquitos, os quais podem aproximar o vírus das pessoas.
Repetindo: A doença não é transmitida por primatas e sim por mosquistos 🪰
Segundo a reportagem do G1 do primeiro tuíte, a @saudepoa alerta para a letalidade da febre amarela. A doença viral é transmitida por mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, que habitam áreas silvestres.
Tanto homem quantoprimatas não humanos são afetados pela doença