Um dos fatores mais preocupantes dentro da COVID-19 é a transmissão do SARS-CoV-2. A @WHO reconheceu que a principal via é através de aerossóis, o que é relevante para políticas de saúde pública.
Nesse fio, vou explorar um pouco a transmissão de vírus respiratórios! Bora?🧶
Os vírus respiratórios pertencem a diversas famílias de vírus que diferem em suas estruturas e material genético, populações suscetíveis à infecção, gravidade da doença, sazonalidade de circulação, transmissibilidade e modos de transmissão
No entanto, esse conjunto de vírus contribui para morbidade (portadores da doença), mortalidade (mortes registradas) e perdas econômicas substanciais anualmente em todo o mundo. Lidar com esses vírus é uma questão de saúde pública que impacta todas as esferas da sociedade
E daí a relevância de compreender como avaliar a transmissibilidade e as evidências que sustentam os diferentes modos de transmissão, para ajudar no controle da transmissão do vírus respiratório.
Considerando vírus respiratórios, a transmissão pode se dar de 4 formas:
👉Contato direto (físico)
👉Contato indireto (fomite)
👉Gotículas (grandes)
👉Aerossóis (finos)
Segundo o guia do @CDCgov a principal via de transmissão são gotículas e aerossóis
A transmissibilidade é determinada por vários fatores:
🦠Capacidade de infecção do patógeno
🦠O quanto um indivíduo infectado transmite
🦠O quanto o indivíduo é ssuscetível/está exposto
🦠Padrões de contato entre o indivíduo infectado e o indivíduo exposto
🦠Fatores do ambiente que podem influenciar a transmissão do patógeno
Isso irá determinar a escala e a intensidade das medidas de controle necessárias para suprimir a transmissão.
Nesse texto da Rede @analise_covid19 explicamos sobre algumas métricas para analisar transmissibilidade de um agente infeccioso, como o R0 e o Rt, muito falado no início da pandemia. Escritos pela maravilhosa @jugalhardo
Outros conceitos importantes:
👉Taxa de ataque: a % ou proporção de uma população em risco que contrai a doença durante um intervalo de tempo especificado
👉Taxa de ataque secundário: a % ou proporção de infectados entre aqueles suscetíveis em contato com o caso primário
Uma revisão sobre transmissão de vírus respiratórios publciados na @NatureRevMicro traz algumas informações que também são pertinentes. Dados demonstram que o SARS-CoV-2 pode ser encontrado em secreções oculares, por exemplo nature.com/articles/s4157…
Ainda, estudos demonstraram infecção pelo vírus influenza por exposição ocular, sugerindo que os vírus respiratórios também podem ser transmitidos por exposição aos olhos, ainda que em menor escala para o SARS-CoV-2
É um consenso, para o SARS-CoV-2, a relevância que os aerossóis tem na transmissão desse vírus. Os aerossóis são uma suspensão estável de partículas sólidas e/ou líquidas no ar (~ 30-100 µm). Já as 'gotículas' são partículas líquidas maiores do que aerossóis
Quando essas partículas são liberadas, seu comportamento pode ser modulado pelas condições do ar exalado e do ambiente, como:
🌬️ composição, temperatura, umidade e fluxo de ar, bem como o tamanho da partícula, o que pode influenciar o quão longe ela pode ir
O termo bioaerossol descreve aerossóis de origem biológica, como vírus, bactérias, fungos, esporos de fungos e pólen. Como podem permanecer no ar por um período prolongado e viajar pelo ar por longas distâncias isso potencializa a transmissão de doenças por longas distâncias
Indivíduos que produzem mais bioaerossois podem contribuir para eventos de superespalhamento. Ainda, infecções assintomáticas e pré-sintomáticas podem contribuir para eventos de superespalhamento, pois é um momento em que a pessoa não sabe que está infectada
Ainda, a imunidade pré-existente (indivíduos recuperados ou vacinados) também pode modificar a quantidade de vírus liberado (que é o que estamos estudando atualmente, se pessoas recuperadas ou vacinadas transmitem o vírus).
Nessa imagem, temos alguns fatores relacionados ao vírus que podem influenciar na sua sobrevivência e transmissão. São fatores inerentes ao agente infeccioso e entendendo-os podemos orientar as medidas de enfrentamento para combater sua transmissão
Ainda, temos fatores relacionados ao ambiente que são igualmente importantes, e determiná-los é peça-chave para entender ambientes de maior ou menor risco, de acordo com a dinâmica de espalhamento do vírus e os fatores da figura anterior
E para fechar essa tríade, temos os fatores do hospedeiro, que vão também influenciar nesse contágio e na suscetibilidade a esse agente infeccioso (podendi inclusive influenciar nos grupos de risco)
Ou seja, o vírus, o hospedeiro e os fatores ambientais influenciam se uma transmissão bem-sucedida irá ocorrer. Conhecendo grupos de risco e entendendo a dinâmica do vírus e ambientes de risco podemos implementar medidas de enfrentamento adequadas para seu combate.
Para vírus de RNA, as taxas de mutação são mais altas, dando origem a diversas variantes virais em indivíduos infectados, o que pode permitir uma adaptação mais rápida ao hospedeiro de uma "versão" do vírus que é transmitida de forma mais eficiente - e isso é um problema
Especialmente porque, quanto maior a transmissão e mais hospedeiros diferentes contaminados, mais mutações poderão ser acumuladas e maior será o risco de variantes surgir, dentre elas, alguma de preocupação para nós. cnnbrasil.com.br/saude/2021/04/…
Já os fatores do ambiente podem afetar a transmissibilidade influenciando a sobrevivência e persistência de vírus respiratórios em gotículas respiratórias ou fômites (objetos contaminados) após sua liberação para o meio ambiente
Por outro lado, os fatores do ambiente podem modular a transmissão influenciando os fatores do hospedeiro, como disseminação viral e comportamento humano (e aqui entra o comportamento quanto a adoção de medidas de enfrentamento, como uso de máscaras em ambientes públicos).
[FIO EM CONSTRUÇÃO]
Enquanto isso, bora ouvir uma musiquinha:
A interação disso pode favorecer um modo de transmissão. Ex.: para o vírus da gripe, os fatores ambientais que afetam a sobrevivência são temperatura, umidade, salinidade, pH, o meio/materiais dos objetos/superfícies contaminados, ventilação, fluxo de ar e radiação ultravioleta
Um fato interessante: Comparado com o SARS-CoV, que se replica (cópias de si) principalmente no epitélio alveolar, o SARS-CoV-2 se replica extensivamente no epitélio brônquico e alveolar, o que, junto com outros fatores, pode explicar sua transmissão mais eficiente
Considerando tudo isso, AS MEDIDAS DE ENFRENTAMENTO são de SUMA RELEVÂNCIA para o enfrentamento de uma pandemia, especialmente de um vírus respiratório. Vimos diversos fatores complexos e o comportamento dos vetores (nós) é decisivo para este enfrentamento
A revisão da @NatureRevMicro traz uma tabela com várias evidências de mecanismo e efetividade de medidas de enfrentamento em diminuir o risco de contágio, transmissão e outros fatores
Para quem queria evidência, é um prato cheio
Spoiler: USA MÁSCARA, MEU ANJO
Além disso, medidas de restrição também se mostram muito efetivas para controlar a transmissão durante uma pandemia. Alguns artigos e conteúdos que valem a leitura: science.sciencemag.org/content/371/65…
A maravilhosa @melmarkoski recheou o site da Rede @analise_covid19 com textos abordando as máscaras e outras medidas de enfrentamento. Deixando aqui a leitura mais que recomendada e recheada de referências:
Para terminar, realmente não faltam evidências científicas apontando o imenso benefício não só para a tua saúde, mas como para a saúde da sociedade, sobre o uso de máscaras, realizar distanciamento físico e ter boa higienização, não é?
Portanto pessoal, para a gente diminuir a transmissão do vírus, precisamos nos vacinar! Vacinando, iremos diminuir a % de pessoas suscetíveis ao vírus na sociedade, e se atingirmos a cobertura vacinal, veremos um impacto tremendo na transmissão
Mas nesse momento, com a velocidade da vacinação ainda por acelerar e tendo doses limitadas, vacinas não vão segurar as pontas sozinhas até chegarmos na cobertura vacinal. Precisamos às medidas de enfrentamento!
Então, qual a minha lista de afazeres, Mell?
👉Tendo a indicação, VACINE-SE
👉Vacinou com a 1ª dose? VOLTE PARA TOMAR A SEGUNDA no intervalo adequado!
👉Use máscaras, bem aderidas ao rosto, de preferência PFF2
👉Distanciamento físico!
👉Higienização adequada!
Em 50 anos, a vida selvagem monitorada na Terra reduziu em média em 73% e se tu acha que isso não tem a ver contigo ou com tua saúde, eu tenho outra notícia ruim...
Há MUITO o que ser feito nos próximos 5 anos para enfrentar as crises climática e de biodiversidade 🔻🧵
O relatório do World Wide Fund for Nature (WWF) se baseia no Índice Planeta Vivo (IPV), fornecido pela SZL (Sociedade Zoológica de Londres) e que inclui quase 35.000 tendências populacionais de 5.495 espécies monitoradas entre 1970-2020. wwflpr.awsassets.panda.org/downloads/rela…
Segundo os dados, o maior declínio foi visto nos ecossistemas de água doce (-85%), seguido pelos terrestres (-69%) e pelos marinhos (-56%). As quedas mais acentuadas aconteceram aqui na América Latina e no Caribe (95%), seguido pela África (-76%) e Ásia-Pacífico (-60%)
Estamos vendo há dias reportagens sobre as queimadas no Brasil, ou observando fenômenos como "sol vermelho" no sul, "céu cinza" na região metropolitana de SP...
Mas temos que falar dos riscos à saúde que a exposição à fumaça das queimadas traz - o fio 🔻
A exposição à fumaça das queimadas traz inúmeros riscos para a saúde humana e animal. Entre os sintomas dessa exposição, a Secretaria de Saúde do Ceará fez um post compilando alguns deles. Reparem que não são só sintomas respiratórios
Além dos efeitos diretos à saúde, a exposição a fumaça também pode indiretamente contribuir para agravo de doenças cardiovasculares e respiratórias (ex.: asma, bronquite, doença pulmonar obstrutiva crônica ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) amazonia.fiocruz.br/?p=47815
Mpox nunca deixou de circular, e até o momento, o vírus detectado no país não é o clado Ib, responsável pelo surto da Rep. Dem. do Congo e países vizinhos e outras regiões, como Suécia, Paquistão.
e por isso é tão importante estar atento aos sintomas e testar. Abaixo, algumas imagens de sinais de alerta e sintomas da doença. Ampliar a testagem e vigilância genômica para identificar clados em circulação é fundamental neste momento. Se tiver sintomas, procure assistência
Mpox é uma doença que pode se transmitir pelo contato sexual e vimos que redes de transmissão dentro desse aspecto tiveram uma participação importante em novos casos na emergência de 2022.
Mas o vírus também se transmite por contato próximo e prolongado
Atualizações sobre #Mpox e dúvidas que surgiram nesse post:
- Há casos no Brasil, mas segundo o @minsaude são causados pelo vírus do clado II (o que circulou na emergência de 2022). Ainda não há casos registrados do clado Ib no país
Mas... (mais no mini fio)🔻
Isso não significa que o vírus do clado Ib não esteja circulando no país, de forma subnotificada. Por isso é importante cuidar os sinais suspeitos: pessoa de qualquer idade que apresente, de modo repentino, lesões nas mucosas/pele, em qualquer parte do corpo
Se tu tiver qualquer um desses sinais suspeitos, ou os sintomas abaixo, procure atendimento médico para realizar exames específicos, e buscar um diagnóstico. Evite compartilhar talheres, objetos, e evite contato próximo, direto e prolongado se suspeito ou diagnosticado
O mundo enfrenta uma ameaça conhecida e negligenciada e que hoje, foi declarada como Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional: #mpox
Nesse fio, falo de sintomas, transmissão, vacinas e por que temos uma 2ª emergência declarada num período de 2 anos 🔻
Mpox é a doença causada por monkeypox virus (MPXV), que pertence ao mesmo gênero que a varíola humana. Ficou conhecido como varíola dos macacos/símia, mas o nome foi mudado para não gerar um entendimento errado que apenas macacos podem transmitir a doença
A transmissão desse vírus se dá pelo contato com animais infectados/reservatórios do vírus, como roedores, por exemplo. Há também a transmissão entre humanos, pelo contato direto, próximo e prolongado (e isso engloba partículas expelidas no ar)
Existe um vírus que se espalha fácil, traz risco tanto durante a infecção (e especialmente com comorbidades, ex: asma), quanto traz risco para sequelas em diferentes tecidos, por tempo indeterminado
O que vimos abaixo é a coroação da banalização da COVID-19.
Se tu achou absurdo um atleta competir nessas condições, te digo que a situação no mundo é muito complicada também.
Não estamos testando adequadamente, não estamos vacinando suficientemente (e não falo só o fato da vacinação não ser universal - o que é uma preocupação)
Não estamos encarando a COVID-19 como ela é: uma pandemia.
Se a situação acima causa revolta e preocupação com a situação do atleta, ela é um produto da banalização de uma doença séria, que segue entre nós e que fingir o contrário não fará ela sumir.