Voltei! Fio sobre a pandemia em Salvador-BA.
Vamos começar com questionamentos comuns:
Por que medidas restritivas funcionam? Porque reduzem as interações entre suscetíveis e infectados em locais de risco (ambientes confinados e com muitas pessoas).
Pera lá, /1
mas em Salvador tudo ficou fechado por um mês e vc vive dizendo que ainda estamos numa situação crítica, não é contraditório?
Realmente, tivemos medidas restritivas por esse período e elas funcionaram, mas a situação era tão grave que ainda não chegamos a uma situação /2
confortável.
É importante lembrar que, com exceção do primeiro fds, em que o fechamento das atividades consideradas não essenciais foi total, as pessoas seguiram precisando trabalhar durante esse período (construção civil, delivery, drive nos shoppings, etc). /3
Isso resultou num aumento de mobilidade e de exposição dos mais vulneráveis, conforme os gráficos do Google Mobility até 14/04: Traço preto = início do toque de recolher; traços amarelos = início/fim das outras medidas.
Observem que devemos analisar o contexto /4
específico pra avaliar o se a medida funciona. Nós não fechamos tudo, como insiste em dizer, de forma mentirosa, o prefeito @brunoreisba.
Como estamos agora? Tivemos um aumento importante na mobilidade, que parece tender a se estabilizar num patamar mais baixo do que aquele /5
anterior ao início do toque de recolher (tomara!).
Como isso se traduz na transmissão?
Saímos da queda do número de casos para a estabilização. Vemos isso em todos os 3 indicadores: Média de casos, crescimento médio semanal e na tendência apontada pela taxa de crescimento. /6
Analisando esses números, vemos que tivemos uma redução de ~50% (casos) em relação ao pico, o que é bom, mas me parece pouco diante da crise que enfrentamos previamente e do tempo de duração das medidas.
Volto ao que dizia antes: As medidas funcionam, mas precisam ser /7
dosadas de acordo com o cenário que se enfrenta. Quanto mais o fogo se espalha, mais água eu vou precisar pra apagar. Nós escolhemos apagar o fogo com um balde, o que acarretou em muita gente queimada e morta pelo caminho de forma desnecessária.
Ademais, assim /8
que deixamos de enxergar o fogo, jogamos o balde fora, não esperamos pra ver se havia resquício de chama e deixamos o mato seco exposto. Agora basta uma faísca pro fogo se espalhar de novo.
Traduzindo: abandonamos as medidas restritivas, não temos qualquer protocolo preventivo /9
digno de nota, nem vigilância, e pra completar temos um prefeito merecedor do troféu terraplanista de ciência, não tem o menor interesse em seguir qualquer evidência científica. Confuso, irresponsável e inconsequente, cansei de medir as palavras sobre esse cidadão. /10
Ele teve o disparate de afirmar que já gastou demais com a pandemia e por isso sequer cogita a distribuição de máscaras melhores (nem que seja pra população carente).
Mas quanto custa um paciente COVID? Quanto custa o teatro da higienização e as máscaras de pano compradas? /11
Voltando aos dados, o número de leitos de UTI ocupados segue em queda, e deve permanecer assim mais alguns dias até estabilizar num patamar extremamente alto, possivelmente mais alto que o pico de 2020.
Ainda assim, utilizando a ocupação em percentual como referência, que é /12
um indicador tão bom pra situação epidemiológica quanto é uma colher pra cortar carne, o prefeito toma decisões.
Fiquei completamente estarrecido ao saber que já se fala em reabertura de escola com base nesse mesmo "indicador" (75% de ocup.). Mantida a oferta atual, faremos /13
isso com 583 leitos ocupados, 67 a mais que o pico desse número, em 02/ago.
O pior de tudo é que depois de iniciadas as aulas presenciais, o fechamento só ocorrerá se esse mesmo indicador ultrapassar 80%, sendo que sabemos que um surto demora ~20 dias pra refletir nos leitos. /14
Sem contar que crianças e adolescentes raramente são internados, então só identificaríamos um surto depois que a cadeia de transmissão já estivesse fora da escola, já que não há qualquer plano de testagem e rastreamento de contatos anunciados. Surreal é a palavra aqui. /15
Vamos aos óbitos.
Conforme disse na minha última análise, havia um represamento grave decorrente do feriadão e que levou bastante tempo pra se regularizar, então seguimos em estabilidade/queda muito suave.
A qualidade dos dados é de tirar o sono de qualquer um! /16
Quero prestar aqui a minha homenagem e lembrar de todos aqueles que se foram, de forma desnecessária, devido à falta de medidas mais incisivas. Olha só esse platô (esquisito) e elevadíssimo de óbitos. A história poderia ter sido diferente. /17
Minha visão pessoal sobre o nosso futuro:
Torcida pra estabilização do número de casos se manter (menos provável), enquanto me preparo psicologicamente pra uma nova aceleração no contágio (mais provável).
Sinceramente não cogito queda alguma por enquanto. Não é impossível, /18
mas estamos num período do ano (chuvoso) em que normalmente já há circulação maior de vírus respiratórios e nosso comportamento atual não colabora em nada com isso.
Se cuidem, curtam e compartilhem! #FiqueEmCasa //FIM
Fio sobre a situação epidemiológica de Salvador - BA chegando!
Se liguem nas informações que você não encontra nos canais oficiais da prefeitura e que o prefeito finge que não vê. //1
MÉDIA DE CASOS
Como estamos? Estabilidade confirmada.
Isso é bom? No patamar em que nos encontramos, de jeito nenhum! (acima de 700 casos diários).
Observem que pela primeira vez desde que comecei essas análises, temos um crescimento médio dos casos (e não decrescimento). //2
A taxa de crescimento demonstra claramente que cessou a tendência de queda e estamos estacionados numa estabilidade perigosíssima.
Fim do mundo? Não, estamos numa situação melhor do que no final de fevereiro, no entanto, nosso prefeito poderia decidir melhor (sendo educado). //3
Querido prefeito, @brunoreisba , não sei quem te assessora nessas questões, mas se precisar de um leigo com um pouco mais de noção, eu faço de graça.
11% da população vacinada com uma dose não significa proteção alguma.
Você erra muito feio no seu comentário.
Primeiro, vc não deve comparar o percentual de pessoas internadas em UTI sem levar em consideração a incidência em cada faixa etária, por isso essa informação não é evidência, ela é enviesada por natureza.
Segundo, mesmo nessa situação diferente, chegamos ao colapso do sistema
De saúde. O que te leva a crer que não haverá uma reversão de tendência e um novo crescimento? Ou podemos abrir mão dos jovens que agravam, ficam sequelados e morrem?
Dados de Casos e Leitos na Bahia - 29 de Março de 2021:
Como já era de se esperar, a situação da pandemia no estado é bem similar ao que ocorre na capital, justamente porque o município é muito maior que todos os outros, respondendo pela maioria de todos os indicadores. //1
E qual é a situação atual?
Estabilidade num patamar bem alto de casos, sendo que a taxa de crescimento mantém uma tendência de queda lenta por enquanto.
Notem que a positividade (gráfico de casos notificados) vem caindo paralelamente à média de casos. Isso indica que essa pequena
queda é real e não decorrência de subnotificação por falta de testes, já que estamos encontrando menos positivos nos testes feitos.
Leitos
A situação segue crítica nos leitos de UTI e a fila de regulação parou de diminuir num patamar bem alto (~200), que é mais ou menos o que
Conforme a análise do brilhante @schrarstzhaupt para a BA, segue uma breve tentativa de análise leiga dos dados da cidade de Salvador/BA.
Confesso ter me surpreendido positivamente com o impacto do toque de recolher (22h por 3 dias, 20 h depois), que muito provavelmente (1)
foi responsável por uma queda significativa na taxa de crescimento dos casos, o que levou a uma estabilização da média móvel de casos a partir de 01/mar.
Talvez por, conforme amplamente noticiado, grande parte do contágio estar associado a bares e festinhas noturnas. (2)
Posteriormente (8 dias depois), tivemos medidas mais restritivas adicionadas ao toque de recolher, que segue vigente, o chamado """"Lockdown"""" parcial.
E, conforme esperado, vemos que está funcionando bem, com um tendência de queda acentuada na taxa de crescimento (3)