O Vítor Pereira tem dois grandes critérios para avaliar a qualidade de um exercício:
• simplicidade (poucas regras)
• estimular+corrigir por si próprio (pouco feedback necessário)
É impressão minha ou são dois critérios muito difíceis de conciliar?
A teoria que estou a tentar falsificar:
"Para o exercício ser simples terá que viver muito do que o treinador vá acrescentando(guiando) pelo feedback. Para estimular comportamentos e não precisar de tanto feedback, então tem de ter mais regras que condicionem ações."
Tenho a impressão que os meus exercícios devem seguir uma distribuição deste género.
(Talvez aquele espaço na interceção esteja ainda um bocadinho grande de mais.)
Por personalidade, tenho mais tendência a observar e analisar do que intervir.
Isso leva-me a dar muito mais peso a criar exercícios que possam conduzir os jogadores a chegar a respostas sem qualquer intervenção minha.
O problema? A simplicidade era um extra.
O prazer para mim de criar um exercício estava em elaborar um conjunto de regras que:
• criassem um problema muito específico
• a solução mais fácil de encontrar fosse a que eu pretendia que os jogadores adotassem no jogo
Como podem imaginar o resultado não era simplicidade.
Agora tenho este desafio nas mãos para considerar: é necessário equilibrar a balança e dar muito mais valor à simplicidade do exercício. Pensar sobretudo em quem o vai jogar, e que não vai ter papel e desenho para ajudar.
Às vezes nem os treinadores entendem com papel e desenho.
Vamos assumir que conseguimos atingir aquele sweet spot com um exercício tão simples quanto possível e tão propenso quanto necessário.
A solução pode passar por:
1️⃣ identificar para que lado do espectro tendem os nossos exercícios.
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2️⃣ questionarmo-nos qual é a melhor versão daquele exercício após ser simplificado ou constrangido (em função do que descobrirmos no passo anterior).
Ou então ter uma equipa técnica em que cada um pensa com a sua cabeça. Essa malta é perita em consertar exercícios.
Há pelo menos duas maneiras de construir um exercício simples.
• Ou crias um exercício com poucas, ou nenhumas, regras (finalização 1 x GR).
• Ou crias um exercício com as regras todas (11x11 campo inteiro)
O 1º ainda é capaz de gerar mais dúvidas nos jogadores do que o 2º.
Depois se fizer um GR+6x6+GR em 2xárea é normal haver perguntas sobre se há limite de toques, se golo de determinada forma vale 2, etc, porque outros exercícios nessa forma tiveram essas regras extra.
Até posso querer simplicidade agora, mas a complexidade passada ainda afeta.
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Uma coisa que Vítor Pereira recomenda a todos os treinadores é identificar e catalogar todos os princípios/comportamentos que pretendemos que as nossas equipas exibam.
Este catalogar pode ser mais interessante do que se pensa à partida. E dar dividendos maiores também. Thread👇
Catalogar é apenas a recolha e tratamento de vídeos ou imagens de equipas a exibir uma determinada solução para um problema do jogo. Solução essa que já tínhamos antes determinado ser um recurso que encaixa no que consideramos para a nossa Ideia de Jogo.
A identificação de que soluções vão de encontro à forma como pretendemos ver as nossas equipas a jogar pode, e deve, ser feita estando atento ao jogo de qualquer equipa, independentemente do nível que apresente, ou do contexto onde está inserida.
📘Pebbles of Perception by @EndersenL is a hidden gem of a book.
Not even 200 pages, but full of the first principles on how to live a great life.
Here's a list of my favorites 🧵
💬Rarely the first question that comes to mind is the best one, the one that will get us the answers we need.
Open questions ➡️Open conversations
Be curious. When in doubt, go deep.
There are 2 levels of thinking:
1⃣ you get the most immediate and visible answer. It's clear to everyone.
2⃣ you consider what else might be going on, perhaps caused/hidden by the 1st level.
Know in which level you're operating and which one you need to get to.
Nós treinadores, às vezes gostamos de arranjar lenha para nos queimar.
Já alguém perguntou ao Fernando Santos se ao intervalo pediu á equipa para ser mais pragmática ou mais artística?
Claro que não. A pergunta não faz sentido nenhum.
Thread👇
Sempre que um treinador entrar nesta falsa dicotomia entre o artístico e o resultado merece sair chamuscado. Ficamos todos mais pobres na ideia do jogo.
Não existe nenhum interruptor. Não existem botões no comando que obriguem a jogar pior para se puder ganhar e vice-versa.
Quando vos perguntarem por resultado vs nota artística só há uma resposta certa. Enquanto treinarem uma equipa de seres humanos num desporto de oposição. Qualquer que seja o contexto...👇
🚀O ponto de partida é sempre fazer evoluir a equipa no seu Jogar: corrigir fragilidades ou adquirir competências.
Eis o exemplo que nos dá:
🧠Como ataca Vítor Pereira a fragilidade da sua equipa neste momento? Uma pista: não vai a "livros de exercícios" e cheira-me que também não vem ao Twitter😅.
Cria exercícios que provoquem repetidamente este problema à sua equipa E facilita a descoberta de soluções.
Onde não pedir a bola na fase de construção: O caso dos interiores portistas frente ao Gil Vicente.
Oferecer-se pela frente do adversário, onde este pode acompanhar a bola e jogador no seu campo de visão.
Resultado: pressão imediata pelas costas e bola devolvida aos centrais.
Esta regra tem exceção.
Se tivermos dinâmicas implementadas que permitam entregar num 3º que aproveite o espaço gerado pela atração do adversário ao nosso jogador. Ai sim.
Como dizia Vítor Pereira...
"Porque se eu tiver jogadores entre a primeira e segunda linha de pressão do adversário eu vou ter gente a ser atraida na pressão, os médios deles vão ser atraidos e onde é que me vão libertar o espaço?"