No dia do livro (anteontem) eu tinha prometido montar um fio de leituras sobre saúde da população negra, medicina, racismo cientifico e iniquidade na saúde, além de leituras sobre marcadores sociais, raciais e gênero na saúde. Então vamos de indicações de leitura. Segue o fio(:
A ideia veio ao ver o fio de uma estudante de medicina negra britânica, ela indica leituras p/ estudantes e profissionais da saúde saírem da bolha euro.
Decidi trazer algumas indicações, e alguns textos podem não ter tradução para o português, peço desculpas em relação a isso.
Para começar eu sugiro uma introdução, e nesse pdf a seguir nos ensina as assimetrias econômicas, exclusões, vulnerabilidades, biociências e pesquisas em seres humanos. Assuntos como evidências de racismo na assistência e na pesquisa em saúde.
Também trago esse .pdf de Saúde da População Negra da coleção negras e negros Pesquisas e Debates, escrito por Luís Eduardo Batista, a médica Jurema Werneck e Fernanda Lopes. (bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe…)
Você encontra o recorte étnico-racial nos sistemas de informações em saúde do Brasil, questões de violência na atenção primária à saúde da população negra, racismo: um mal-estar psíquico, paralelos opostos: raça e status socioeconômico em pesquisas e politicas sobre HIV/Aids.
Importante ressaltar que tudo começa com o ensinar o saber, então indico a leitura do “Racismo Biológico e suas implicações no ensinar-cuidar a saúde da população negra” – (abpnrevista.org.br/index.php/site…)
Um dos mais importantes projetos que tivemos na saúde foi o Mais Médicos, com o objetivo de levar profissionais aos locais de difícil acesso e na sua maioria locais de acentuada vulnerabilidade socioeconômica.
Indico a leitura de “Projeto Mais Médicos para o Brasil: Estudo de caso em comunidades quilombolas” – (abpnrevista.org.br/index.php/site…)
Para a galera da obstetrícia indico super a leitura de “Determinantes do Planejamento da gravidez segundo a raça/cor” – (abpnrevista.org.br/index.php/site…)
Para a galera que quer ter uma leitura mais aprofundada, não posso deixar de indicar a famosa Harriet A. Washington com “Medical Apartheid: The Dark History of Medical Experimentation on Black Americans from Colonial Times to the Present” +
+inclusive traz o famoso caso que trouxe pra vocês aqui dias atrás. Esse livro tem uma leitura extremamente densa e complexa, porém vão tirar de letra as mais de 500 páginas. (amazon.com.br/Medical-Aparth…) ele é extremamente caro infelizmente, mas já vi em promoções por ai:)
Harriet é famosa por trazer temas delicados, outro livro que recomendo dela é “Sentenced to Science: One Black Man's Story of Imprisonment in America” que nos conecta com o passado tenebroso dos experimentos médicos em presos negros.
Outra autora negra que aborda a bioética é Dorothy Roberts com o livro “Killing the Black Body: Race, Reproduction, and the Meaning of Liberty”, um clássico que aborda abuso sistemático do corpo negro feminino. Embora tenha sido escrito em 1998, ele é bem atual.
Outro livro para a galera da ginecologia e obstetrícia é “Medical Bondage: Race, Gender, and the Origins of American Gynecology” da escritora Deirdre Cooper Owens, outro livro bem aclamado.
Trazendo um pouco para a psiquiatria, Suman Fernando é o cara p/ debate sobre raça e saúde mental, tanto que trarei duas indicações dele.
A primeira é o “Mental Health, Race and Culture” considerado o líder nesse campo de raça e saúde mental, ele encontra-se atualizando sempre.
O segundo do Suman Fernando que indico é “Cultural Diversity, Mental Health and Psychiatry: The Struggle Against Racism”.
Não posso esquecer do psiquiatra africano Frantz Fanon, indico o livro pioneiro na compreensão da saúde mental e do racismo psicológico. Trata-se de “Pele Negra, Máscaras Brancas”. Ele encontra-se em português na @amazonBR (amazon.com.br/Negra-M%C3%A1s…)
Infelizmente, alguns desse livros citados acima não tem tradução para o português então fica difícil a leitura para quem não tem domínio. Agora vou indicar alguns artigos com links para leitura:
"Ciência e racismo: uma leitura crítica de Raça e assimilação em Oliveira Vianna" - (scielo.br/pdf/hcsm/v10n2…)
“A Discriminação Racial no Tratamento da dor”, esse artigo é muito importante. (scielo.br/pdf/rdor/v15n3…)
Enfim, aos poucos vou adicionado mais conteúdo a essa thread:)
Implicações do racismo institucional no itinerário terapêutico de pessoas com insuficiência renal crônica - (scielo.org.co/scielo.php?pid…)
A cor da dor: iniquidades raciais na atenção pré-natal e ao parto no Brasil (scielo.br/pdf/csp/v33s1/…)
Depois da thread sobre bioética, sugeriram q/ fizesse outra. Hoje vou contar sobre Rom Houben, o jovem belga foi colocado como se estivesse em 'coma', mas que na verdade estava consciente e ficou 23 anos na cama ouvindo tudo ao seu redor. #threadconhecimento
Em 1983, Rom Houben sofreu um acidente de carro aos 23 anos de idade oq/ o deixou completamente paralisado. Ele foi submetido a alguns exames utilizados para diagnosticar se a pessoa encontrava-se em coma ou não.
MAS ... ele escutava e enxergava tudo oq/ acontecia a sua volta, embora sem condições de comunicar-se com familiares e médicos.
Então foi diagnosticado como se estivesse em coma. A família de Rom nunca se conformou com o diagnóstico inicial, então fizeram de tudo.
Esse perfil já falou da doação de sangue, plaquetas, em breve outras doações também. Mas hoje eu vou falar de algo muito importante, a doação de cabelo para confecção de perucas p/ pacientes. Muitos acreditam que precisa raspar a cabeça, mas não é bem assim, vamos de fio.
Ao contrário que muitos pensam, não importa muito se seu cabelo tem química ou é tingido.
A doação de cabelo pode ajudar pacientes que passarem por tratamentos fazem perder o cabelo, e que tem impacto na sua autoestima.
Algumas organizações, como Cabelegria, Rapunzel Solidária e Banco de Perucas Laço Rosa são as mais conhecidas.
Mas qual o processo?
1) o cabelo deve estar totalmente seco e limpo p/ não mofar. 2) o corte deve ser feito preso por um elástico (corte 3 dedo acima do elástico).
Ao escolher a instituição que vai diplomar-se (na Biomedicina no caso) sempre analise se a grade da instituição está mais direcionada para a área de pesquisa/acadêmica ou área clínica. Para depois não se desapontar no final e/ou ficar perdido no meio do caminho.
Digo isso pois muitas instituições formam biomédicos com pouco conhecimento acadêmico, por ter formado um profissional mais inclinado p/ as análises clínicas, e isso faz com que se desapontem no final ou fiquem desorientados posteriormente.
As grades estão se tornando muito simplistas se formos observar a diferença com alguns anos atrás, oq/ não deveria acontecer. Por ser uma área criada especificamente para ser acadêmico, o foco acadêmico deveria que ser priorizado.
Em 14 de Abril de 2003, o Projeto Genoma Humano (mapeamento e a identificação de todos os nucleotídeos) era finalizado (c/precisão de 99,99%). Um dos projetos mais ambiciosos da ciência contou c/ 5 mil cientistas, 250 laboratórios e 3-53 bilhões de dólares. #hojenaciencia
Contou com a participação de diversos países, como EUA, Brasil, Israel, Alemanha, Japão, Dinamarca, Itália, entre outros. Entre os anos de 1990 e 2003.
Com esse grande projeto, conseguimos identificar alguns genes de doenças desconhecidas, além de promover tratamento.
Um grande exemplo é a ELA (Esclerose lateral amiotrófica) com o conhecimento dos genes possibilitando evitar o desenvolvimento, porém estão aprimorando ao longo do tempo.
Existem algumas polêmicas sobre o projeto como por exemplo, a eugenia.
Dias atrás estava conversando c/ um amigo sobre a importância de sempre vincular a Bioética c/ questões raciais e marcadores sociais. Esse tema entrou em discussão após falar sobre o Estudo Tuskegee (da qual levou 600 afro-americanos a não receberem tratamento p/ sífilis).
Como muitos não conhecem essa bárbarie vou explicar +/- como funcionou.
Entre os anos 30 e 70, em Tuskegee no Alabama, um experimento (de má conduta) utilizou 600 homens afro-americanos (399 com sifilis e 201 sem sifilis) serem privados de terem o tratamento.
O motivo? Os pesquisadores queriam observar a história natural da doença.
Além de não serem informados sobre o verdadeiro intuito da pesquisa, todos os envolvidos no estudo foram induzidos a acreditar que receberiam um tratamento adequado, bem como alimentos, remédios, etc.
Ontem fiz uma thread sobre a doação de plaquetas, e com isso, apareceu diversas dúvidas nos comentários com relação ao prazo de validade, componentes, oq/ ocorre depois que doa o sangue e etc. Pois bem, vou tirar essas dúvidas agora! :) 👨🏿🔬👨🏿⚕️
Tudo ocorre de hemocentro para hemocentro, então assim podem mudar de acordo com o local de trabalho.
Na sua maioria, as bolsas vão para o laboratório serem fracionadas em hemocomponetes para fazerem exame daquele sangue doado. (Sifilis, HIV, HTLV 1/2, entre outros)