Meu novo artigo no @NexoJornal é sobre o “Bidenomics”. Muitos por aí estão se discutindo se faz sentido, mas faço outra pergunta: como foi que um político tão estereotipicamente moderado propôs um conjunto tão ambicioso de políticas? 1/13 nexojornal.com.br/colunistas/202…
É consenso q as políticas sendo propostas por Biden são ambiciosas, no plano fiscal, do desenho do sistema de bem-estar social americano e do papel do Estado. Teriam sido descartadas como fora do espectro de possibilidades até há pouco. 2/13
Como foi que o impensável deixou de sê-lo? Não foi uma conversão ideológica de Joe Biden, que continua sendo o democrata pragmático que sempre foi. 3/13
Parte é o efeito “Nixon to China”: Uncle Joe, branco, filho de operário de Scranton, PA, pode fazer coisas que Barack Hussein Obama não poderia, sem despertar pânico desenfreado em determinada parcela da população. 4/13
Parte é aprendizado da era Obama: a ideia de apostar na moderação para atrair apoio bipartidário foi enfaticamente derrotada pela oposição incondicional dos republicanos, e Biden e muitos dos que hj estão com ele tb estavam lá pra ver isso de perto. 5/13
Mas o Bidenomics vai muito além de “Obama sem concessões”... O que explica isso? 6/13
O paralelo com a década de 1930 e o New Deal explica muito. Como mostra Ira Katznelson no brilhante “Fear Itself”, o radicalismo do governo FDR estava fundado no medo do colapso da democracia, sob a sombra da Depressão e dos regimes autoritários emergindo na Europa. 8/13
Hoje em dia, guardadas as proporções, a crise financeira de 2008-09, o aumento da desigualdade, a ascensão da China, tudo isso tem gerado uma percepção de que a democracia não está conseguindo prover respostas. 9/13
Trump, e de forma mais geral, a guinada autoritária do Partido Republicano, ilustram com clareza que mesmo nos EUA um triunfo do iliberalismo é possível. 10/13
Isso muda o cálculo de risco. Nas palavras de um assessor anônimo de Biden: se as pessoas não virem que estamos ‘helping the s*** out of them’, este país pode voltar para um Donald Trump ou algo parecido muito em breve. 11/13
Em suma, se o downside é uma crise da democracia, então o verdadeiro risco é fazer de menos, e não demais. Se vai dar certo ou não, veremos, mas a aposta é essa... 13/13
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