No último dia 29, fez 20 anos de uma dos maiores vexames da história da CART, o cancelamento da Firestone Firehawk 600 no Texas, o problemas era que os pilotos estavam sendo expostos a Força G humanamente insuportáveis. Conto a história nessa thread:
O Texas Motor Speedway é um oval de 1,5 milha, localizado em Fort Worth, é extremamente rápido, com curvas que chegam a 24° de inclinação. Foi inaugurado na segunda metade dos anos 90. Inicialmente a CART não demonstrou interesse, enquanto NASCAR e IRL assinaram para correr.
É preciso também explicar que na época existiam duas "Indy". A CART e a IRL. Resumidamente a CART surgiu em 1979, pela insatisfação dos donos de equipes que corriam na USAC, a USAC era controlada pela família dona do complexo de Indianapolis.
A USAC ainda mandava na Indianápolis 500, mas só nela. Todo o resto do campeonato era mandado pela CART. Em 1996, Tony George que era então presidente da Indianápolis, colocou sanções na Indy 500, que tornou inviável que os carros da CART corressem.
Ele tinha tido uma briga política e tinha sido removido do conselho da CART. Então fundou a IRL em 1996, que estava, 5 anos depois, crescendo, sua rival, a CART, sem Indianápolis estava dando sinais de desgaste. Ela era tinha custos muito mais elevados que sua rival
Também eram carros com motores turbo, muito mais potentes e ainda com menos downforce. Em Michigan, os carros poderiam ter média próximo aos 390 km/h. Mas faziam anos que a categoria não corria em um circuito com curvas tão inclinada, desde 83, quando correu em Atlanta.
O traçado do Texas é bem parecido com esse circuito, até da para dizer que são praticamente iguais. Já em Dezembro de 2000, o primeiro teste foi realizado no circuito, com Kenny Bräck, ele completou 100 voltas com uma média de 362 km/h.
Foi definido uma pressão do do turbo de 1,35 para 1,25 Bar, todos os carros deviam usar um dispositivo Hanford na asa traseira, que gera um arrasto aerodinâmico e faz com que os carros fiquem mais lentos. Em testes privados em Fevereiro, os carros chegaram a ter média de 363 km/h
Mas o brasileiro Maurício Gugelmin alertou em Março, que os carros estavam muito rápidos e que as configurações das asas não estava adequadas. Outros fatores foram descobertos depois, Bräck não andou no limite nos testes de Dezembro, usados para parametrizar os carros.
Outra coisa que nos testes de Fevereiro, os pilotos reclamaram que a pista estava muito áspera, então a direção do TMS fez um tratamento para tornar a pista mais lisa. Também é necessário ressaltar que os testes foram realizadas em temperaturas baixas.
Na primeira sessão de treinos livres, no dia 27 de Abril, Tony Kanaan fez o tempo mais rápido, com 375,845 km/h de média. Na segunda sessão de treinos, Gugelmin bateu forte, na curva 3, com uma força de 113 g, relatou que desmaiou durante o impacto.
Ele teve várias lesões e ficou impossibilitado de voltar a correr naquele fim de semana. Por curiosidade, tem um chassi igual modelo da Reynard, usado pelo próprio no Museu do Automóvel de Curitiba.
Na mesma sessão, Brack melhorou o tempo de volta com 376,240 km/h. Vários pilotos relataram que a pista era muito divertida, que nunca tinha visto nada igual antes, Nicolas Minassian chegou a relatar que se sentia em uma Montanha-russa.
Tudo parecia bem, mas o médico da CART, Steve Olvey relatou que dois pilotos, possivelmente Zanardi e Kanaan, relataram tonturas com as velocidades tão altas, o corpo humano não é preparado para aguenta tanta força G.
Nos Treino livre de sábado, as velocidades médias chegaram a mais de 380 km/h. Cristiano da Matta bateu, mas saiu do carro sem maiores lesões. Na qualificação, o carro mais rápido foi de foi de Kenny Bräck, com média de 375,697 km/h.
A inspirações para circuitos ovais veio do ciclismo e seus velódromos, na França. A ideia inicial era simples, ter uma "reta infinita". Aonde os pilotos pudessem acelerar no máximo o tempo todo. Esse onboard de Adrián Fernández mostra como isso estava acontecendo no Texas.
Na qualificação, os pilotos estavam sendo expostos a forças de 5G nos 18 dos 23 segundos da volta. Uma reunião com os pilotos foi feita no sábado. Dr. Olvey perguntou se alguém tinha se sentindo tonto e ninguém levantou a mão.
Então ele perguntou se alguém tinha tido um apagão ou estava com muita sede. Então, Castroneves levantou a mão, por ter sentido muita sede. Depois vários pilotos acabaram falando, os relatos foram assustadores, alguns deles falaram que perdiam a consciência entre as curvas 2 e 3.
Olvey contatou seu amigo, que trabalhou na NASA e era professor de medicina na Universidade do Texas, o Dr. Richard Jennings, que levou um susto ao saber disso. A perda de consciência era causada pela Força G, um fenômeno que era mais comum de acontecer com Astronautas.
Sendo que os pilotos conseguiam continuar a fazer o traçado apenas pela memória muscular. Os relatos sobre isso é que é que a exposição a 5G por um período de 30 seg. provocava esse efeito. Então as coisas ficaram mais sérias e o cancelamento da prova chegou a ser levantando.
Mas os donos de equipes e os representantes das fabricantes de motores se recusavam, queriam achar uma solução, várias reuniões foram realizadas. Mas não existia acordo, uns sugeriam colocarem chicane, outros pensavam em diminuir a velocidade dos carros ainda mais.
O grande problema é que os motores da CART eram feitos para andar ao extremo dos seus mais de 900 cv, e diminuir ainda mais a potência poderia fazer com que os motores tivessem falhas. No domingo de manhã, uma reunião adiou o Warm-up.
Joe Heitzler, presidente da CART, teve várias reuniões com pilotos, donos de equipes, representantes da fornecedores de motores, patrocinadores e acabou anunciando o cancelamento, Olvey falou da questão de Força G, e que não seria seguro realizar o evento
O proprietário do TMS processou a CART, alegando que negligência, que poderiam ter sido realizados mais testes antes, o processo na casa dos milhões pedia um ressarcimento das despesas dos proprietários e também reembolso do público.
O acordo fechada em Outubro de 2001 foi secreto, mas estimasse que foi na casa de 5-7 milhões de dólares. Além do cancelamento das provas de 2002 e 2003. A CART não enfrentava um bom momento financeiro e isso ajudou na falência da categoria em 2003.
Eu já contei essa história algumas vezes, mas como hoje fazem 20 anos do GP do Brasil de 2004, preciso contar novamente.
A história de como o Burro do Shrek foi parar em uma foto oficial de encerramento de temporada e não foi marketing, conto nessa thread:
#F1
No GP da Bélgica, dois mecânicos da Jaguar compraram um refrigerante com um brinde: um Burro do Shrek, de uma promoção do lançamento do 2º filme da franquia. O burrinho virou um xodó dentro da equipe, até porque o ambiente não estava dos melhores
A Ford comprou a equipe Stewart em 1999. Para 2000, o grupo resolveu usar o nome da Jaguar como equipe e o nome da Cosworth como fornecedora de motores. Mas os resultados não eram bons e os boatos de vendas eram bem fortes
A F1 está em Zandvoort, que desde sua reforma, tem curvas inclinadas. Mas em 1959, a categoria visitou o circuito de AVUS, com uma curva inclinada de 43°, algo que a NASCAR, por exemplo, jamais enfrentou. Conto a história nessa thread:
#F1 #DutchGP
AVUS foi uma pista em Berlim, foi inaugurada nos anos 20, sua sigla significa "Tráfego de automóveis e estrada para treinamento". A pista era aberta ao público pelo valor de dez marcos
A pista tinha duas grandes retas, separadas pelas curvas norte e sul, no total o traçado tinha 19,279 km. A pista ainda não possuía a inclinação.
O #Dakar2024 está chegando. Por isso, resolvi contar a história do DAF 95 TurboTwin, o caminhão mais insano que já existiu na competição
Protagonizou uma das cenas mais famosas: quando Jan de Rooy simplesmente deixou o Peugeot 405 de Ari Vatanen para trás
Segue a thread:
Para entender essa história é preciso falar de Jan de Rooy, empresário neerlandês do ramo de transportes, que resolveu começar a competir no Dakar em 1982
Naquela ano, ele levou um DAF NTT2800, acabou ficando em terceiro lugar. Para 1983, De Rooy resolveu focar no desenvolvimento de algo que viraria sua filosofia: usar dois motores, um para cada eixo. O caminhão seria feito para competir em 1984.
Fontana 2000: Gil de Ferran faz a volta mais rápida da história em velocidade média com 388.540 km/h (241.428 mph). O chassi era um Reynard 2KI, em dimensões é bem parecido com o Dallara na atual, mas era construído para andar em ovais (+)
O Reynard 2KI tinha dois kits aerodinâmicos, um para andar em oval (primeira foto) e outro para andar em circuitos mistos (segunda foto). Na época existiam duas fornecedoras de chassi para a categoria, além de Reynard, a Lola tinha o modelo B2K/00 (+)
O motor da Ganassi era o Honda V8 Turbo de 2.65l, uma obra de arte que contava com 860 cv e torque de 480 N⋅m, comando duplo com 4 válvulas por cilindro. Os carros atuais da Indy são limitado a 583 cv em ovais. Então a diferença era bastante grande
O Mini é um dos carros mais famosos do mundo, mas além disso, é um das maiores lendas do Motorsport. A versão Cooper S foi um dos carros mais imponentes dos anos 1960
Conto a história do orgulho britânico nessa thread:
#WRC #F1
Lançado em 1959, o Mini foi projetado por Alec Issigonis. A ideia era ser carro barato, então tudo nele era pequeno. Foi equipado com um motor L4 de apenas 848cc e 34 cv, montado na transversal, todo o resto do carro era espaço livre para carga e pessoas, um espaço útil de 80%
Foi lançado pela British Motor Corporation's, como um modelo de duas marcas do grupo:
Austin Mini Seven
Morris Mini Minor
O carro fez sucesso na Grã-Bretanha, Europa e chegou a ser vendido nos EUA. A imagem da foto é do primeiro Mini foi vendido na terra do Tio Sam, em 1959
Em 1949, a Audi começou uma busca que durou 63 anos: procurar os carros de corrida da Auto Union, uma das poucas pistas é que os soviéticos levaram os carros para Moscou. Conto a história na thread:
Em 1934, a Auto Union entrou no universo das corridas Grand Prix, junto com a Mercedes. Era uma propaganda do governo nazista, com tanto dinheiro investido, as duas montadoras monopolizaram as disputas a partir de 1935
A Auto Union apostou em um conceito ousado para época. O motor era central traseiro, algo que só começaria a ficar popular no automobilismo a partir do final dos anos 1950 e começo dos 1960.