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May 25, 2021 16 tweets 5 min read Read on X
Você sabia que existem Baiacus de água doce que ocorrem no Brasil?
Hoje vou falar um pouquinho sobre os peixinhos que eu estudo.
Segue o fio!
Ao contrário do que muitos pensam, existem peixes da família Tetraodontidae (tetra= quatro/ odonto= dente) em rios brasileiros. A hipótese mais aceita atualmente é que esses animais entraram no continente através de transgressões marinhas, 15-20 ma atrás, durante o Mioceno+
Isso ocorreu com outros animais também, um exemplo que eu gosto muito de usar são as arraias, parentes dos tubarões que se adaptaram muito bem a água doce. No Brasil nós temos a família Potamotrygonidae, comportando mais de 30 espécies de arraias de agua doce.
Baiacus são conhecidos pela capacidade de se inflarem quando submetidos a situação de estresse, isso se dá pelo estômago altamente modificado deles, que pode se encher de água ou de ar, aumentando o volume corporal como forma de defesa.
Outra característica marcante desses peixes é a presença de neurotoxinas, Tetrodotoxina e Saxitoxina, encontradas em seus tecidos. Apesar disso, sua carne é apreciada, ocasionando vários casos de envenenamentos todos os anos ao redor do mundo.
Atualmente existem cerca 190 espécies descritas em 19 gêneros. Mas nosso foco aqui é o gênero Colomesus, descrito por Gill em 1884. Existem 3 espécies nesse gênero, C. asellus, C. tocantinensis e C. psittacus.
O C. asellus é o mais comum, popularmente conhecido como baiacu-amazônico, espécie pequena, raramente passa dos 8 cm. Sendo encontrado na bacia amazônica, nos rios Capim e Tocantins (Brasil), Orinoco (Venezuela), Essequibo (Venezuela e Guiana), Capim e Tocantins (Brasil).
O Colomesus tocantinensis, endêmico do Rio Tocantins, é uma espécie descrita recentemente. Ele foi separado de C. asellus em 2013 com base osteologia e biologia molecular, é bem complicado distinguir uma espécie da outra+
alguns trabalhos encontram diferenças sutis morfologicamente, porém mesmo essas diferenças podem variar de acordo com a região. Em alguns casos eu só tenho certeza da espécie quando vejo o encéfalo do bicho.
📷Pedro Henrique Marinho
Por fim, temos o primo mais distante, C. psittacus. Esse possui padrões diferentes, é maior, mais robusto. Ele ocorre tanto ambientes de água doce, estuarinos até mesmo em regiões marinhas, limitados as áreas de até 40 metros de profundidade
📷@TatoFianna
distribuindo-se do Golfo de Paria (Venezuela) até o estado do Pará (Brasil), sendo abundante nos estuários da bacia amazônica. Esse é maiorzinho, podendo chegar a 30cm.
No meu projeto de iniciação científica, estou analisando e comparando os encéfalos dessas 3 espécies, buscando compreender melhor o desenvolvimento encefálico de Teleósteos e relacioná-los com o ambiente.
Os C. asellus e tocantinensis são bem pequenos, logo é de se esperar que seus encéfalos sejam pequenos, mas não deixam de ser lindos. O sistema nervoso central é algo fascinante.

📷Encéfalo de C. asellus, visão dorsal / Pedro Henrique Marinho
Infelizmente ainda não coloquei as mãos em um C. psittacus, pois eles não ocorrem aqui no Tocantins, então tenho que esperar vir de outras coleções. Devido a pandemia tive uns atrasos, mas logo eles vão chegar.
Mais pra frente eu irei falar mais dos resultados do projeto no meu perfil (@baiacool_), caso você tenha interesse é só me seguir. Além disso no meu TCC estarei trabalhando com outro gênero mais conhecido, só não vou dar spoiler XD.
Referências: (SZPILMAN, 2002; NELSON, 2006; CAMARGO & MAIA, 2008; AMARAL et. al., 2013; FRICKE et. al., 2020).

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Feb 24, 2022
[IMGV] 🧵#dipnoicos #fio10

Você já ouviu falar sobre a piramboia?

Esse simpático peixinho brasileiro tem parentes bem antigos, que surgiram há mais ou menos 400 milhões de anos!
Os peixes dipnoicos surgiram no começo do período Devoniano e foram representados por diversas linhagens, gêneros e espécies ao longo dos seus (milhões) de anos de existência.

Além do gênero brasileiro, existe também um gênero africano e um australiano.
Entre o Paleozoico e o Mesozoico, os grupos passaram por mudanças que influenciaram a preservação dos fósseis.

O registro passou de restos articulados a placas dentárias isoladas e ossos desarticulados, em geral, do crânio.

↗️ doi.org/10.1111/j.1096…
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Feb 24, 2022
[IMGV] O que Nacional Kid, celacantos, maremotos e jornalistas têm a ver um com o outro?

🧵Segue esse fio para descobrir a origem do famoso "celacanto provoca maremoto!". Image
Tudo começou com o arco "Os Seres Abissais" do seriado Nacional Kid.

Em um episódio, as crianças conversam um pouco sobre esses pacatos peixes. Não demora para o Dr. Sanada aparecer e jogar a bomba de que os celacantos provocam maremoto.

Essa frase martelou a cabeça do jornalista Carlos Alberto Teixeira, na época com 17 anos. Logo, a pichação tomou as ruas não só do Rio de Janeiro, mas também de Washington e Paris!

Ele conta toda a história em seu site!

↗️ sites.google.com/view/catalisan… Image
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Feb 23, 2022
[IMGV] 🧵#celacantos #fio09

Se prepara que vem aí o grupo de "peixes primitivos" mais famoso!

Os celacantos surgiram há mais de 400 milhões de anos, persistiram por quase todas as grandes extinções e são atualmente representados pela icônica Latimeria.
Desde seu surgimento no Paleozoico até o final do Cretáceo, o grupo é bem registrado, com mais de 130 espécies mundialmente distribuídas e bem diferentes entre si.

O registro do grupo, no entanto, apresenta um gap de cerca de 70 milhões de anos.

↗️ doi.org/10.1080/089129…
Essa longa ausência de ocorrências, especialmente em contraste com o rico registro mesozoico do grupo, fez com que os celacantos fossem considerados extintos até a década de 1930.

Marjorie Courtenay-Latimer foi a responsável pelo achado.
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Feb 23, 2022
[IMGV] 🧵#amiiformes #fio08

Hoje vamos ver um pouco sobre os amiiformes.

Essa família surgiu há mais ou menos 150 milhões de anos e ainda conta com um descendente vivo!
Durante o Mesozoico, a ordem contava com uma grande diversidade de espécies. Hoje em dia, no entanto, há somente um espécie vivente, a Amia calva.

Para quem gosta de detalhes, esse livro tem bastante informação sobre os amiiformes!

↗️ doi.org/10.1080/027246…
A espécie vivente está restrita à América do Norte. Os fósseis, no entanto, mostram que a ordem tinha uma distribuição bem maior, chegando à América do Sul, América Central, Europa, Ásia e África.

No Brasil, fósseis de dois gêneros já foram encontrados no #Araripe.
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Feb 22, 2022
[IMGV] 🧵#lepisosteideo #gar #fio07

O segundo grupo de "peixes primitivos" são os lepisosteídeos.

Os fósseis mais antigos dos gars, como são conhecidos, são de mais de 150 milhões de anos atrás e eles têm descendentes que vivem até hoje!
As espécies viventes de lepisosteídeos são dos gêneros Lepisosteus e Atractosteus. A família tem ainda 3 gêneros extintos.

De forma geral, os gars são caracterizados por focinhos longos e pesadas escamas ganoides.
O fóssil mais antigo da família é do final do período Jurássico e ajudou a entender melhor a diversificação de Lepisosteoidea, superfamília que abriga os lepisosteídeos, e a ecologia dos gars.

↗️ doi.org/10.1038/s41598…
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Feb 21, 2022
[IMGV] 🧵#polipteriformes #poliptrideo #bichir #fio06

O primeiro grupo de "peixes primitivos" são os polipteriformes.

Os fósseis mais antigos desses carinhas simpáticos são de mais ou menos 100 milhões de anos atrás e eles têm descendentes vivos até hoje! Image
Durante o período Cretáceo esse grupo era representado por, pelo menos, 10 gêneros conhecidos.

Hoje em dia, essa diversidade é BEM menor, com apenas 2 gêneros viventes: os bichir (Polypterus) e os peixes-cobra (Erpetoichthys). Image
Esses dois gêneros fazem parte da família Polypteridae e retêm vários caracteres considerados "primitivos": escamas ganoides, pulmões funcionais, e nadadeira caudal heterocerca. Image
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