Contei no @TheInterceptBr que os 12 canais investigados no inquérito dos atos antidemocráticos do STF faturaram, juntos, o equivalente a R$ 6,9 milhões de reais em dois anos. Tudo isso regado à publicidade servida pelo YouTube, que também dividiu os lucros.+
'Nossa, mas vocês descobriram a monetização agora?', pergunta o leitor irônico. Não. Nós acompanhamos há bastante tempo. E também denunciamos que há uma indústria de fake news que se aproveita da suposta ~isenção~ da plataforma para ganhar dinheiro sem ser incomodada.+
O Google afirma que só corta a monetização e os canais que violam suas diretrizes. Entendo a preocupação com a liberdade de expressão. Mas não estamos falando apenas de canais conservadores, como eles se autodefinem. Estamos falando de influenciadores abertamente golpistas.+
Eles fazem parte de uma rede milionária, organizada e articulada para validar a narrativa governista que depois será replicada. Que não apenas tem 'viés conservador', mas articula atos antidemocráticos, promove aglomerações e propaga abertamente o negacionismo da pandemia.+
Nós no @TheInterceptBr já publicamos muito sobre eles. Muitos outros veículos, jornalistas e pesquisadores têm apontado esses mesmos atores com muita competência. São nomes e URLs facilmente identificáveis. O Google sabe muito bem quem são. Só que, parece, não compensa agir.+
O YouTube paga por cliques. E é em dólar. Polêmica? Agitação? Atos golpistas? Dólar alto, audiência boa, grana. Por mês, o faturamento chega a R$ 150 mil – para um único youtuber alimentado por conteúdo exclusivo do planalto. Pra onde vai esse dinheiro?+
No inquérito, PF e PGR discordaram, mas convergiram em uma questão: é preciso avançar a investigação. E seguir o rastro do dinheiro. As plataformas de internet dominaram o espaço de debate público com suas regras e critérios supostamente neutros e técnicos. O resultado é esse.+
'Canais de esquerda não ganham dinheiro também?', você pode perguntar. Sim, ganham. Mas o alcance dos canais de direita é muito maior, turbinado pelo próprio YouTube. Além disso, não se trata de disputa ideológica, mas de leniência com discurso criminoso – fatal numa pandemia+
a construção de Itaipu foi propagandeada como grande feito da ditadura. nós já sabíamos das inúmeras violações de direitos humanos nas obras. agora, descobrimos também que o estado controlava uma zona de prostituição para 'acalmar' os barrageiros, um monte de homens solteiros. +
a zona de prostituição era considerada importante para manter a produtividade dos homens que trabalhavam no local. e era controlada de perto pelo estado: a polícia fiscalizava as prostitutas, seus exames, as boates. e recolhia uma taxa mensal, que era usada para compra de armas.+
menos eficiente, no entanto, era a garantia de métodos anticoncepcionais – uma legião de crianças nasceu na cidade naquela época. abortos clandestinos, crianças abandonadas e adoções ilegais aconteceram aos montes. não havia assistência nenhuma do estado para aquelas mulheres.+
"Como seria impossível para o fascismo ganhar as massas por meio de argumentos racionais, sua propaganda deve necessariamente ser defletida do pensamento discursivo; deve ser orientada psicologicamente, e tem de mobilizar processos irracionais, inconscientes e regressivos."
"A agitação fascista está centrada na idéia do líder, não importando se ele lidera de fato ou se é apenas o mandatário de interesses do grupo, porque apenas a imagem psicológica do líder é apta a reanimar a idéia do todo-poderoso e ameaçador pai primitivo."
"Um dos dispositivos básicos da propaganda fascista personalizada é o conceito do 'grande homem comum' alguém que sugere tanto onipotência quanto a idéia de que é apenas um de nós."
o governo anunciou a criação de uma comissão que vai analisar o "viés ideológico" das questões do enem. a ideia é avaliar a "pertinência com a realidade social", seja lá o que isso for. vamos ver quem são esses avaliadores? vamos. (1)
o primeiro é o secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior do MEC, Marco Antônio Barroso Faria. ele é doutor em ciências da religião e ex-aluno do ministro @ricardovelez. é o cara que prega "autorregulação" das universidades. (2)
o segundo é o diretor de estudos educacionais do Inep, Antônio Maurício Castanheira das Neves. é doutor em filosofia e em psicologia social. tem um perfil mais técnico. (3)