Marcus Rashford, de 23 anos, Jadon Sancho, de 21, e Bukayo Saka, de 19, foram vítimas de diversos ataques racistas em suas redes sociais após perderem os pênaltis que deram à Itália o título da Eurocopa na tarde de ontem. ⬇️
Logo após o fim da partida, os três jogadores ingleses receberam uma enxurrada de comentários que os discriminavam não por qualquer mérito profissional, mas sim por serem negros.
Em janeiro deste ano, Axel Tuanzebe, zagueiro de 23 anos, e Anthony Martial, atacante de 25 anos, ambos jogadores do Manchester United, foram alvos de racismo nas redes após a derrota do time para o Sheffield por 2 a 1. Na ocasião, Tuanzebe teve que apagar sua conta no Twitter.
Após a repercussão dos ataques preconceituosos ontem, diversos torcedores foram às redes sociais de Rashford, Saka e Sancho com mensagens de carinho e apoio, a fim de tentar contornar a quantidade de comentários racistas.
Por parte das organizações e líderes, a Associação de Futebol da Inglaterra, o prefeito de Londres, a UEFA e diversos jogadores se pronunciaram contra o abuso racista e com mensagens de apoio aos jogadores.
A Premier League é conhecida por fazer campanhas de engajamento e é repleta de jogadores que usam sua visibilidade para divulgação de movimentos sociais. Já abordarmos isso por aqui:
Reiteramos, mais uma vez, que o Camisa 8 abomina qualquer tipo de preconceito e ataques a atletas e a qualquer outr@ profissional do futebol. Existe um limite entre crítica e agressão e quando esse é ultrapassado, medidas sérias precisam ser tomadas.
Aproveitar que tem uma galera discutindo essa onda de hate em cima do futebol feminino pra falar sobre um ponto que considero essencial nessa treta.
O problema dos caras com futebol feminino não é a qualidade, é o racha que a modalidade faz na fortaleza de masculinidade deles.
O futebol sempre foi considerado um esporte masculino (e heterossexual, claro) que propicia aos meninos, desde muito pequenos, a construção e o fortalecimento da masculinidade socialmente aceita, da macheza.
Enquanto as meninas ganham bonecas, eles ganham bolas.
É estimulado que joguem na rua, que façam amizades através da bola, que entrem em escolinhas, que torçam pro time do pai, que acompanhe o pai no estádio.
É um grande meio de socialização masculina e heterossexual mesmo. Os meninos que não gostam já são vistos como “diferentes”.
O fascismo usa o futebol, mas teme as torcidas. Um esporte de massa com é o futebol é o espaço perfeito pra disseminar suas ideias autoritárias e excludentes, usando a paixão dos torcedores como via de aproximação, mas uma multidão junta ainda é perigoso.
Bolsonaro vestiu a camisa de quase todos os clubes do Brasil (dos grandes se salvou o São Paulo). Por qual motivo? Nas redes, torcedores comemoraram a honra de ter o presidente com as cores do seus clubes de coração. O ato, no entanto, não era genuíno.
É importante se aproximar do esporte mais popular do país, importante compartilhar a ideia de "ser um de vocês" pra ser reconhecido e respaldado. Ele ia em jogos, se encontrava com presidentes de clubes, entrava em campo pra levantar taça. A visibilidade do futebol importa.
Você é um jovem jogador de 18 anos, joga num time grande do seu país e do nada é sequestrado por mafiosos locais e é obrigado a trocar de time. Daria um excelente enredo de filme, mas isso aconteceu na vida real e com um jogador famoso. Segue o fio:
O ano era 1999. Dimitar Berbatov tinha estreado como profissional um ano antes, mas já fazia muito sucesso. O jogador com passagens por Manchester United e Monaco iniciou sua carreira no CSKA Sofia, da Bulgária, e foi exatamente lá que essa história toda aconteceu.
Após sair do Centro de Treinamento do CSKA Sofia, Berbatov foi sequestrado por 3 homens da máfia búlgara a mando de Georgi Iliev, um poderoso gângster que queria convencer o jogador a ser transferido para o seu time, o Levski Kjustendil.
A Chapecoense tem uma das histórias mais bonitas do futebol. Quando foi fundada, em 73, os maiores clubes do seu estado já existiam há décadas. Com uma ascensão meteórica, conquistou a simpatia de torcedores de diversos clubes bem antes do capítulo mais triste da sua trajetória.
O principal símbolo do clube, o Índio Condá*, já traz em si uma mensagem poderosa de coragem, luta, resistência. E foram dessas coisas que a Chape precisou ao longo do caminho árduo que é ter sucesso no futebol.
*O famoso Índio Condá se chamava Vitorino Condá e foi líder do povo Kaingang, habitantes de uma região em Santa Catarina, que batalhou para que sua gente pudesse ficar nas terras tão cobiçadas por invasores.
Imagine só, um moleque preto e pobre, nascido no interior, que se mudou para a cidade grande ainda criança e jogava futebol na rua com bola de meia porque não tinha dinheiro para comprar uma bola, bola mesmo. Essa história é comum e pode ser a de milhões de meninos brasileiros.
O futebol tem a ver com sonho, e talvez tenha sido por isso que o moleque mineiro de pele negra e sem dinheiro no bolso tenha insistido em continuar driblando e fazendo gols para além das ruas da capital, mesmo quando esfregavam na cara que aquilo não era pra pessoas como ele.
Quadra, campo de terra, gramado, uniforme – alvinegro -, adversários no chão, bolas na rede, holofotes, fama, dinheiro, troféus, sucesso e a própria vida completamente entrelaçada com a do esporte que antes o rejeitava.
Muita gente por aqui gosta e quer aprender sobre tática e outros assuntos do futebol para trabalhar na área e/ou gerar conteúdo. Existem alguns cursos online com preços variados sobre isso e vou colocar alguns deles aqui. Segue:
Masterclass em análise técnica e tática de futebol
Um curso para conhecer a profissão de analista e ter um norte sobre o que fazer para o caso de querer trabalhar com isso
Ricardo Pombo fala sobre o que é a análise de desempenho e o trabalho desse profissional em clubes e na Seleção. Ele é cientista esportivo e já participou de Copa, Olimpíadas, Libertadores...