O marxismo foi fundado por Karl Marx e Friedrich Engels.

Engels era um menino rico, filho de um industrial, e usou o dinheiro do pai para sustentar Marx enquanto este estudava durante anos na Biblioteca Britânica e escrevia Das Capital (O Capital).
A ambição do marxismo é ser uma teoria geral do mundo.

A base do marxismo é a descrição das relações econômicas como uma “luta de classes”. Esse conflito seria o motor da história.
Segundo o marxismo, a inevitável degradação do capitalismo levaria à sua substituição pelo socialismo, que seria sucedido pelo comunismo, representando a utopia final da humanidade: um estágio em que não haveria mais conflitos pela posse de recursos.
A propriedade privada capitalista seria substituída, no socialismo, pela propriedade estatal de todos os meios de produção.

No Estado socialista, todas as fábricas, lojas, oficinas, aeroportos, supermercados, escolas, hospitais, editoras e fazendas pertencem ao Estado.
No comunismo, o Estado desaparece, substituído pela propriedade coletiva: tudo é de todos.

TODAS as tentativas de implantar um regime socialista ou comunista ficaram muito aquém da utopia imaginada por Marx e Engels.
Os primeiros Estados comunistas surgiram na Rússia em 1917 e na China em 1949.

A Rússia virou União Soviética e, liderada por Stalin, expandiu sua influência através de partidos comunistas controlados e financiados por Moscou, chegando à Itália, França, Reino Unido e Brasil.
Na Europa Oriental os tanques do Exército Vermelho e violência e fraude colocaram os comunistas no poder, dividindo a Europa com uma cortina de ferro

Como conta Tony Judt, no seu livro Pós-Guerra: Uma História da Europa Desde 1945, sobre países do leste europeu:
“[…] logo ficou patente […] que os comunistas jamais conquistariam o poder público através das urnas. O resultado foi que os partidos comunistas passaram a adotar uma estratégia de pressão velada, seguida de terrorismo e repressão".
"Entre 1946 e 1947, candidatos concorrentes foram difamados, ameaçados, espancados, presos, julgados como “fascistas” ou “colaboracionistas” e até mesmo fuzilados.

Seguiu-se então a formação de governos nos quais o Partido Comunista passou a ser absolutamente dominante".
Em todo lugar em que o comunismo se instalou, o resultado foram regimes autoritários ou tirânicos, controlados por um partido único, que era, por sua vez, controlado por um grupo de líderes todo-poderosos, a quem tudo era permitido.
Ao cidadão comum restou uma vida de pobreza, medo permanente e privação dos direitos mais básicos – exatamente o contrário do que promete o sonho do comunismo. Como diz A.C. Grayling:
"A economia de planejamento centralizado dos Estados comunistas se mostrou um desastre. […] Na prática, os Estados comunistas mostraram que eram apenas versões modernas das ideologias monolíticas que formam os regimes totalitários, incluindo as teocracias".
No XX Congresso do Partido Comunista da URSS, em fevereiro de 1956, o Secretário-Geral Nikita Kruschev denunciou os crimes monstruosos e os desastres de Stalin.
A União Soviética deixou de existir em 1991, e a Rússia trocou o comunismo por um capitalismo de compadres, alicerçado em intervenção estatal e corrupção.
A China mantém um sistema comunista de governo, mas desde os anos 70 vem implantando uma economia de mercado que, em alguns aspectos, é ainda mais agressiva que as dos países do Ocidente.
Apesar disso, as ideias marxistas continuam a exercer influência na cultura e na filosofia, como diz A. C. Grayling:
"[...] principalmente na análise e na crítica de tendências nas artes e na mídia, em certas escolas de pensamento sociológico, no pensamento feminista, e como uma posição conveniente para críticos de quase todos os assuntos"".
No confortável mundo dos professores universitários assalariados, a retórica marxista pode ser combinada com, digamos, ideias lacanianas – na verdade, com qualquer ideia – para produzir dissidência instantânea e sob medida".
"Como uma espécie em extinção, o marxismo encontrou no meio acadêmico seu último refúgio.

Sua filosofia política e sua forma de governo, encarnadas no comunismo, se revelaram um fracasso político, econômico e moral".
Os únicos cinco países comunistas do planeta Terra são China, Laos, Vietnã, Cuba e Coreia do Norte.

Cuba, por enquanto.
Fonte: A.C. Grayling, Ideas That Matter: The Concepts That Shape The 21st Century, Basic Books, 2010

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18 Jul
O Stuxnet é um vírus de computador, de origem desconhecida, descoberto em 2010.

Embora tenha infectado milhões de computadores em todo o mundo, o Stuxnet tinha como objetivo atacar sistemas de controle industrial, em especial um sistema produzido pela Siemens.
O sistema da Siemens era usado para controlar centrifugas de enriquecimento de urânio.

Depois de se reproduzir em milhares de computadores sem ser detectado, o Stuxnet finalmente chegou em seu alvo.

O alvo eram as usinas de enriquecimento de urânio do Irã.
O Stuxnet fazia as centrífugas girarem acima da velocidade máxima, danificando o equipamento.

Até que fosse identificado e neutralizado, o Stuxnet destruiu mais de 20% das centrifugas iranianas.
Read 5 tweets
18 Jul
Partidos comunistas e socialistas trabalham pela implantação do socialismo e do comunismo, que são 2 nomes para a mesma ideologia. Essa é a essência da esquerda.

O termo esquerda vem das posições em que se sentavam os grupos nas reuniões dos Estados Gerais na França, em 1789.
Quem era a favor do Rei no poder sentava-se à direita. Quem era a favor da mudança - da revolução - sentava-se à esquerda.

Vem daí a associação da expressão esquerda com mudança e revolução.

Mas mudanças nem sempre são para melhor.
O maior exemplo vem da própria Revolução Francesa, que começou com Liberdade, Igualdade e Fraternidade e terminou em uma matança generalizada. A revolução cortou os pescoços dos seus próprios filhos.

Isso SEMPRE acontece nas revoluções de esquerda.

Falemos de revoluções.
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16 Jul
Bolsonaro vencerá a eleição ano que vem com votação esmagadora.

A bolha esquerdista-populista-YouTubista, macomunada com a decadente grande mídia, usa de todas as manobras, todos os dias, para construir uma narrativa nefasta, inspirada em mentiras e medo.

Não funcionará.
As pessoas comuns, que dirigem táxis, servem refeições e cuidam de lojas, estão cansadas, indignadas, no limite.

Enquanto escrevo isso, a imagem do senador RENAN CALHEIROS está aparecendo do Jornal Nacional.

Esse é o resumo do momento.

É inaceitável.

A resposta virá nas urnas
Ninguém vai nos tratar com essa mistura de desprezo, escárnio e condescendência.

Nenhum YouTuber imberbe, foca-afetivo e ideologicamente andrógino vai se tornar fonte de consulta das instituições nacionais.

Ninguém vai sacrificar nossas vidas no altar da bandidolatria.

Chega.
Read 4 tweets
16 Jul
A propósito do aniversário da queda da Bastilha e da crise em Cuba, deixa eu te contar uma história que você acha que conhece, de um jeito totalmente novo.

A Revolução Francesa começou em 1789 e durou dez anos. Foi a revolução da “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.

Então.
Os franceses derrubaram uma monarquia, fundaram uma república e – em nome da liberdade - mataram milhares de pessoas. Foi preciso até inventar um instrumento para facilitar as execuções: a guilhotina.
E depois de toda a matança, acabaram em uma ditadura, comandada por um imperador: Napoleão.

Napoleão envolveria toda a Europa em guerras sangrentas e ficaria no poder até 1815, quando a monarquia foi restaurada na França.

Tanta matança, e no final volta o Rei.

Passa o tempo.
Read 13 tweets
16 Jul
A mídia repetiu o dia inteiro números sobre as mortes "por armas de fogo". O que ela não disse:

São armas de fogo nas mãos de criminosos.

Essas armas não se originaram de cidadãos de bem.

Essas armas vêm do contrabando.

Os dados sobre isso são abundantes. Só um exemplo:
O que ela também NUNCA diz:

92% dos assassinos escapam impunes.
Dos 8% que são identificados, apenas 6% são condenados e presos.

As penas que eles recebem são infantis, um DEBOCHE à sociedade brasileira.
Read 9 tweets
14 Jul
Trago outra história incrível. Mas é verdade.

Fui fazer uma apresentação em Campinas, em junho de 2018.

Sobre segurança pública, meu assunto preferido.

Vocês sabem: conto as histórias de vítimas, explico que crime é escolha e que não existe “ressocialização”.
Não é o Estado que convence o bandido a se regenerar. É o criminoso que decide mudar de vida.

Então.

Acabou a palestra e desci do palco.

O técnico que cuidava do som me chamou em um canto.

“Isso o que o senhor falou aconteceu comigo”, ele disse.

Isso o quê?, perguntei.
Ele - Marcos - me contou.

“Meu irmão roubou uma moto”, disse ele. “Quando descobrimos, fomos falar com a vítima”.

Ele falava baixo, emocionado.

“Somos gente decente. Pegamos um empréstimo para comprar uma moto nova para o rapaz que fora roubado”.
Read 5 tweets

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