"reconquistar o direito a viver", podia ser a nova novela da TVI, mas é o título de um recente texto de opinião no público.
Merece uma análise aprofundada, em três dimensões diferentes:
👉🏽ideia base é que com a vacinação podemos acomodar mais casos e não ter "medidas extraordinárias".
Quem me segue, sabe que tendo a concordar com o argumento. De facto, a vacinação provoca uma dissociação entre novos casos e UCI/óbitos.
Agora, o que os autores não explicam, é o que entendem por "medidas extraordinárias". Entendendo a expressão pelo que ela significa, sugerem utilizar só "medidas ordinárias", seja lá o que isso for para uma doença que não existia há 20 meses.
É que não fazer nada não é propriamente uma boa ideia. O impacto de uma Covid descontrolada não se resume a UCI e óbitos. A atividade programada tem perturbações, não só em Portugal, como se vê no link:
Tem impacto económico relevante. Quem trabalha, percebe o impacto que apenas 3-4 casos numa empresa/fábrica fazem. O absenteísmo é galopante e preocupante. Já para não falar do turismo..
Quem se preocupa com a economia, deve-se preocupar em ter a Covid controlada
E aqui chegamos ao centro da ideia principal. A matriz de risco foi feita assumindo que Portugal pode sustentar até 1800-1900 casos dia.
Esperava-se, que entre ilustres autores como uma bastonária e um ex bastonário, que fosse proposto alto concreto.
Que fosse assumido o que querem dizer: "Portugal pode ter mais casos por dia e nas nossas contas são estes xx e a razão é esta"
Ao não fazer, não estão a ser melhores que uma conversa de café pouco fundamentada.
👉🏽 Argumentos
Alguns fazer sentido, outros envergonham quem os escreve.
Menos óbitos, menos internados menos UCI, tudo certo. Vacinas funcionam. Tudo certo.
Depois torna-se estranho, dizem que há mais casos porque há mais testes. Então sugerem não testar?
(embora no fim do texto peçam mais testes e vigilância, ficamos sem perceber o que quer afinal)
"Há casos nos mais jovens porque os idosos estão estão vacinados" não admitia esta falta de rigor a um aluno, ver tantos professores doutores a assinar e assumir esta frase...
Abordam o colapso do sistema de saúde. Aqui acho que fritaram os neurónios de vez..ou isso ou os professores doutores não saem do gabinete há demasiado tempo. Chega a ser insultuoso para com os doentes e profissionais o revisionismo que fazem do que aconteceu em janeiro
Pela primeira vez, UCI pediátricas receberam adultos, pediatras e enfermeiros de pediatria a irem reforçar a urgência geral, abertura de hospitais de campanha, redes de oxigénio a quebrar e a lista continua. Mas afinal, foi tudo normal, não se passou nada de especial.
Tristeza
Continuam com um revisionismo absurdo a insinuar que não se tratou doentes não covid por opção. Qual a opção? Deixar morrer doentes críticos urgentes? Operar onde se toda a UCI estava cheia? Se o próprio bloco se tornou uma uci improvisada.
Têm mesmo de sair dos gabinetes e ver
No fim chegamos às únicas propostas que são feitas:
- testar (embora também tenham dito que testar era mau)
- vacinar nas farmácias (pelos vistos há um problema na vacinação em Portugal)
👉🏽autores
Fui deixando algumas críticas aos autores ao longo do 🧵 pelo que não me vou repetir. Apenas frisar o óbvio, claro que a bastonária dos farmacêuticos e o maior empresário dos laboratórios pedem vacinação em farmácias e mais testes/vigilância
Esperava mais e melhor. Especialmente quando até concordo com a ideia base, foi uma desilusão ler tanto revisionismo e argumentos mal amanhados vindo de quem tem obrigação para muito mais
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Aqui há meses escrevi sobre como a ARS LVT preferiu pagar dinheiro a intermediários em vez de abordar diretamente os enfermeiros.
Algumas empresas que agora prestam este serviço nunca o tinham feito até hoje. Além da desorganização e de alimentar empresas que nada contribuem
Fui recolhendo dados que partilho agora:
- a ARS afirma que paga o mesmo a todas as empresas, mas há diferenças naquilo que os enfermeiros recebem que pode chegar a 15%.
- há empresas que não contentes, ainda se recusam a pagar a totalidade das horas que os enfermeiros trabalham
É uma das razões porque há centros de vacinação com mais problemas em ter enfermeiros suficientes. Se por exemplo, na Amadora para fazer o mesmo serviço um enfermeiro receber 15% mais que em Odivelas, é óbvio qual será a escolha.
Muito se tem escrito e especulado sobre esta associação.
Os reguladores europeus e americanos investigam a causalidade. Parece estar associado a homens jovens, na semana após a segunda toma de 💉 mRNA
Os reguladores afirmam que o benefício é superior
Segundos os dados EUA, a incidência de miocardite neste contexto pode ser entre 12 a 32 casos por milhão de vacinados.
Grande maioria dos casos foram ligeiros e tratados em casa.
Parece muito. Mas para contextualizar os dados 👇🏽👇🏽
Em jovens saudáveis, grande maioria homens, miocardite após infeção por Covid é estimada entre 2,3% a 7,4%. Ligeira na maioria dos casos. Mas assim se percebe a decisão do regulador em afirmar que o benefício suplanta o risco
Nos últimos dias, tenho apanhado algumas histórias de desinformação relacionadas com 💉. Muito partilhadas, nem sempre com más intenções, têm na sua génese um profundo desconhecimento e não querer/saber procurar informação.
Selecionei 2, que não vou partilhar para não amplificar
#1 um vídeo de um centro de vacinação onde se vê alguém no chão, descorado e os enfermeiros a levantar as pernas. Como prova que as vacinas são nocivas.
Qualquer aluno da área da saúde explica o que aconteceu: reação vagal à agulha.
Muitas pessoas (brinco a dizer que +homens)
Ao colher sangue, ou receber qualquer tipo de injeção, até podia ser água ou homeopatia, apresentam este tipo de reação. A abordagem é simples. Deitar e levantar as pernas, descansar 5 minutos e está feito.
Qualquer extrapolação para 💉 é mentira ou ignorância
E o arraial?
Podemos dividir em três dimensões diferentes:
👉🏽 saúde
👉🏽 relação
👉🏽 política
Segue 🧵
👉🏽 saúde
"Não demonizar o espaço livre" sempre foi a minha premissa. Já no tempo do avante. Cumprem as regras, mantém baixa densidade, é ao ar livre - boa! problema é o álcool, pessoas com álcool tendem a cumprir menos as regras.
Avante cumpriu as regras.
Arraial nem aprovado foi
Temos mais casos e UCI agora que em setembro 20. Com uma diferença é certo, a pressão hospitalar não deve piorar muito mais daquilo que está agora.
Mas nós pedimos cautela às pessoas. Porquê? Ter a situação controlada vende e atrai turismo. É bom para economia
Vamos falar sobre vacinas💉
Há diferentes tipos de plataformas para construir uma vacina:
💉Inativada, que são produzidas ao "cultivar" o vírus que depois é sujeito a uma inativação química. Requer um laboratório nível 3. Estas vacinas são boas para o "spike" mas também o corpo
Há protótipos já na fase III na China
💉Vivas atenuadas, que são produzidas por enfraquecer o vírus, ou de forma genética ou em cultivar em ambiente adverso, para que perda a virulência. Este tipo estimula a imunidade baseada no spike e corpo do vírus. São sempre vacinas que
Requerem uma monitorização mais apertada, pois há sempre possibilidade de o vírus reverter ou combinar com o vírus original na comunidade. Não há nenhuma deste tipo na fase III
💉 recombinante proteica, feita de proteínas virais, não necessita cultivar o vírus. É preciso acertar
A variante b.117 já foi identificada assim como a b.1.351. a variante p1 já foi identificada na Alemanha. O que isso significa para nós e para o controlo da pandemia?
- os coronavirus mutam-se, como todos os vírus. Mas não tanto como o da gripe A.
Sofrem mutações no seu "interior e exterior/envelope". As exterior são responsáveis por alterações na transmissão e imunidade. Realçar que o vírus não escolhe evoluir, não é um processo consciente. Nas milhões de cópias que são feitas, há erros, a maioria sem significado
Ou até prejudiciais. Mas há algumas que produzem ganhos. Pela seleção natural, estes ganham vantagem e acabam por se tornar dominantes.
Ao momento, há 4 variações que importa ter debaixo de olho:
-b117 identificado em Inglaterra, já responsável por pelo menos 15% dos nossos casos