Alguns dados de documentos do @CDCgov foram liberados, mostrando questões relevantes sobre a variante #Delta, confirmando muitas das quais já imaginávamos. Resolvi comentar nesse fio esses dados.
O conhecimento é nossa melhor arma contra a pandemia 🧶👇
Vamos dividir por assuntos:
1⃣ Casos de COVID-19 em vacinados
👉É algo ESPERADO. Sempre comentamos que o poder de evitar a doença grave poderia ser maior daquele de evitar a infecção. E é justamente isso: os poucos casos, a doença se manifesta de forma leve/moderada.
Outro ponto que discutimos: os estudos com a 3ª dose, muito importante para modificarmos nossa estratégia sempre visando numa proteção maior, especialmente de grupos como imunocomprometidos/idosos em que sabemos que a eficácia das vacinas é diferente
E algo extremamente importante: as vacinas FUNCIONAM. Nosso principal objetivo eram vacinas que salvassem vidas, protegessem contra doença grave, e é o que TODAS estão fazendo. Mas vacinas não são 100% eficazes. Elas reduzem MUITO o risco, mas não o abolem.
Significando que mesmo pessoas vacinadas ainda podem pegar o vírus, ✨transmiti-lo✨ e também ficarem doentes (num risco MUITO menor do que comparado a não-vacinados).
Por isso que insistimos no CONTROLE DA TRANSMISSÃO com 😷, potencializando a proteção da sociedade.
Precisamos de uma comunicação clara, assertiva e transparente com a sociedade.
👉Não adianta insistir em chamar o "100% de eficácia" das vacinas, visto num estudo controlado. Na vida real, vacinas não são 100% eficazes E TUDO BEM. São séculos salvando vidas.
Peguem esse gráfico por exemplo:
🔵vacinados
🟢não vacinados
1º📊: incidência da doença (💉reduz o risco em 8x)
2º📊: incidência de hospitalização
3º📊: incidência de morte
(💉reduz o risco em 25x para os 2 últimos parâmetros)
💉 salvam e salvarão muitas vidas.
👉A sociedade precisa entender que a vacina é responsável por uma parte significativa da nossa estratégia, mas ela precisa das outras partes.
A defesa de um time não é só o goleiro, a zaga é muito relevante também, e juntos, são muito melhores do que separados.
💉+😷
E poderemos ver um aumento de pessoas vacinadas em hospitalizações caso essas medidas protetivas (💉+😷) não forem combinadas.
Especialmente para aqueles que tem alguma vulnerabilidade em relação a doença (idosos, grupos de risco). Mas TODOS precisam combinar, sem exceção.
Para vacinas de RNA, tínhamos um indicativo de que ela reduziria a transmissão, em algum nível* e nessa 1ª imagem, observamos isso na redução da carga viral, tempo menor de duração de sintomas, etc.
Porém, com a #Delta na jogada, vemos um aumento da carga viral e um possível aumento da duração de liberação de partículas virais para o ambiente em infectados com essa variante.
Eu comentei nesse fio um dado similar, ressaltando ainda mais o uso de 😷
Segundo a imagem abaixo (do doc. do CDC), duas doses das vacinas de RNA são capazes de gerar uma proteção robusta, principalmente contra doença grave, e com duração
Para mais dados sobre isso (e de outras vacinas) tenho escrito em bit.ly/fiosmell
E como eu já tinha comentado no meu fio abordando vacinas e pessoas com imunossupressão/imunocomprometimento (e também idosos, que experienciam a imunosenescência), as eficácias podem ser menores, mas isso NÃO SIGNIFICA perda de proteção.
E, como também falei em vários fios abordando a questão da 3ª dose, não é algo que faríamos ✨antes de atingir a cobertura vacinal✨
Então, é importante algumas coisas ficarem bem claras:
💉vacinas cumprem seu papel em salvar vidas, em reduzir o risco para doença, principalmente grave, e a sua efetividade será muito maior para isso do que para a infecção/transmissão
Para controlar a transmissão:💉+😷
AH MELL MAS VAMOS TER QUE USAR 😷 PRA SEMPRE?? 🤯🤯🤯
N-ã-o, meu anjo. Quando a transmissão estiver bem reduzida a ponto da nossa capacidade de rastreio ser eficiente em detectar novos casos/contatos, + alta cobertura 💉, fechou a equação.
2⃣ Variante #Delta
É a mais transmissível até o momento do SARS-CoV-2. A #Delta é mais transmissível também que:
🦠MERS/SARS
🦠Ebola
🦠Influenza
🦠Vírus da gripe espanhola (1918)
🦠Varíola
MELL, DEVO SURTAR? 🤯
Respira fundo e entenda que esse dado é crucial pra gente manter boas medidas mesmo não vendo uma piora no atual momento do 🇧🇷. A #Delta está aqui, mas ainda não ganhou espaço
Esses dados precisam ser amplamente disponibilizados, de forma completa, pra nossos governantes entenderem que não é o momento de aberturas completas. E se querem tanto abrir algo, deveríam ser os primeiros a fiscalizar 😷, estimular 💉e propagar conscientização sobre isso
E mesmo estando vacinado, tu pode ainda contribuir significativamente com a transmissão, por isso tu TAMBÉM precisa usar máscara. Mesmo tu tendo um risco bem menor pra doença, tu pode estar expondo uma pessoa suscetível, que pode ter mais chance de ter a doença séria.
Ainda, temos alguns dados apontando que a #Delta pode levar a um acometimento maior do que outras variantes, como a #Alfa e a cepa original. Isso pode ser em decorrência do aumento da carga viral, entre outros fatores.
Lembrem-se: 💉reduz MUITO o risco, mas não o abole
E apesar de vermos o impacto da #Delta em efetividades relacionadas a infecção e até mesmo doença sintomática, vemos que vacinados seguem tendo um risco MUITO reduzido pra hospitalizações e óbitos.
O dado abaixo é pra Pfizer, mas sabemos de outras 💉 (bit.ly/fiosmell)
Observem na imagem abaixo, em roxo, o quanto vemos uma chance reduzida de casos quando temos TODOS usando 😷, MESMO simulando a #Delta na jogada (muito maior do que somente não vacinados usando 😷 ou sem o uso de 😷).
😷 FUNCIONAM e é algo que TODOS devemos fazer.
Resumo até aqui:
🚨#Delta é + contagiosa, pode levar a um acometimento maior e precisamos que vacinados e não vacinados SIGAM USANDO 😷 enquanto a transmissão forr elevada e sem ter atingido a cobertura vacinal
💉Previnem a doença severa, mas precisamos +😷 pra evitar transmissão
A situação mudou, e precisamos mudar com ela. Não há explicação plausível para, após +1 ano de pandemia, pessoas insistirem em não usarem 😷, não aderir a 💉.
Nós VAMOS sair da pandemia. Mas o caminho pra isso tem que ser construído, fazendo o que funciona e é necessário
E não poderia finalizar melhor esse fiozinho sem essa brilhante citação de @ZulmaCucunuba
Façam o que é preciso. Quanto mais rápido e cedo fizermos isso juntos, mais rápido e cedo sairemos dessa juntos também. Conscientize as pessoas da sua volta
Se tu passar por manchetes sugerindo que a vacinação contra Covid-19 ajudou a aumentar o excesso de óbitos, saiba que não é o que o estudo original sugere: o excesso de mortes “permanece elevado” APESAR do uso de vacinas (e outras medidas). Sem essas medidas, seria ainda maior🔻
O artigo original está no link abaixo e conclui: "o excesso de mortalidade permaneceu elevado no mundo ocidental durante três anos consecutivos, apesar da implementação de medidas de contenção e das vacinas contra a COVID-19."
O artigo tem limitações importantes e deixa de lado a quantidade de mortes que foram evitadas graças a vacinação. Ainda, a circulação persistentemente alta do vírus, pelo enfraquecimento das medidas mitigatórias, pode estar por trás desse excesso.
Casos de Oropouche em SC: pela primeira vez na história do estado, casos foram registrados em Botuverá (Vale do Itajaí).
A Febre do Oropouche é causada por um vírus (OROV), transmitida por mosquitos e é mais uma doença que pode estar sendo agravada por mudanças climáticas🔻
Três pacientes em Botuverá (entre 18 e 40 anos, sem histórico de deslocamento para fora do estado) foram confirmados até o momento.
A febre do Oropouche foi isolada pela 1ª vez no Brasil nos anos 60, com surto recente na região norte do país g1.globo.com/ac/acre/notici…
A transmissão ocorre pela picada de mosquitos infectados. Entre os vetores, o mosquito-pólvora ou maruim (Culicoides paraenses) é o principal, mas em centros urbanos, o Culex quinquefasciatus pode ser um potencial vetor
Covid-19 pode aumentar riscos por até um ano após a infecção para desfechos psiquiátricos como:
- transtornos psicóticos, de humor, de ansiedade, por uso de álcool e do sono
Riscos maiores em pessoas hospitalizadas, e menores entre vacinados 🔻
a Covid-19 pode também trazer um risco aumentado de o indivíduo precisar de prescrição de medicamentos psiquiátricos por conta dessas alterações persistentes, comparado com aqueles sem evidência de infecção mas que passaram por estressores parecidos relacionados à pandemia
Mesmo em quem teve Covid-19 leve, esses riscos estavam presentes. Apesar de riscos serem ainda maiores para quem teve Covid-19 mais séria, não se pode subestimar o impacto de uma infecção leve considerando as sequelas pós-Covid
Desde Jan/22, o CDC estima que mais de 82 milhões de aves foram afetadas pela gripe aviária (H5N1), em 48 estados, nos EUA. Com casos do vírus avançando entre mamíferos, fica a pergunta: hoje, o risco global é baixo, mas será que saberemos a tempo, quando não ser?
O fio 🔻
O dado de cima foi tirado do monitoramento do H5N1 pelo CDC, pode ser conferido aqui:
Hoje foi publicado um texto que preparei para o @MeteoredBR sobre os casos de gripe aviária em rebanhos leiteiros no Texas, Michigan e Kansas.
Alterações no sistema imunológico podem estar presentes 8 meses após a infecção, mesmo em pessoas com Covid-19 leve a moderada.
Essas alterações podem manter a inflamação de forma contínua e sustentada nessas pessoas, levando a danos em diferentes tecidos 🔻
O estudo recente analisou o sangue de pacientes com Covid longa (CL), e comparou as amostras com:
- Indivíduos recuperados de mesma idade e sexo sem CL;
- Doadores não expostos;
- Indivíduos infectados com outros coronavírus.
O que os pesquisadores encontraram?
A Covid Longa leva a uma ativação anormal das células da imunidade inata (primeira linha de defesa do organismo, que respondem a qualquer invasão ou lesão, de forma inespecífica)
Estudo com 56 indivíduos com ~10 anos, com COVID longa (vs. 27 sem COVID Longa) mostrou alterações importantes relacionadas à função autonômica do coração, que também podem ser vistas em adultos com COVID longa.
COVID longa em crianças NÃO DEVE ser minimizado🧵
Os autores apontam que essas alterações poderiam levar a um fluxo sanguíneo anormal aos órgãos, contribuindo para sintomas como fadiga, dores musculares, intolerância ao exercício e dispneia, sintomas cognitivos (ex.: confusão mental)
Em adultos, essa disfunção autonômica pode estar presente e ligada a sintomas e condições da COVID longa relacionados ao sistema cardiovascular e respiratório, como a síndrome de taquicardia postural ortostática (POTS), fadiga e distúrbios das vias aéreas, por exemplo