O 1º ouro da Ucrânia em Tóquio veio graças a um atleta negro: Zhan Beleniuk, da luta greco-romana.
Mais do que um atleta brilhante, Beleniuk é o 1º parlamentar negro da história ucraniana.
A história do campeão olímpico, que já havia levado prata em 2016, é quase um filme.
Beleniuk nasceu em Kiev em janeiro de 1991, ainda na União Soviética, embora a Ucrânia fosse declarar independência alguns meses depois.
Seu pai era de Ruanda, mas estudou na Universidade Nacional de Aviação em Kiev.
Era piloto e morreu lutando na guerra civil ruandesa.
Morando com a família da mãe na Ucrânia, ele diz ter sofrido vários atos de racismo e discriminação. Sentia que era “negro demais para a Ucrânia, branco demais para a África”.
Decidiu usar o antirracismo como motivação para se tornar um grande lutador, entrando no esporte aos 9.
Ao começar a se destacar no esporte, passou a fazer demonstrações patrióticas, como, por exemplo, dançar o hopak, dança típica ucraniana de origem cossaca.
Foi exatamente o que fez ao ganhar a medalha de ouro em Tóquio.
Não podemos postar o vídeo, mas vale procurar.
Em 2017, já popular por seus feitos esportivos, recebeu um convite pra entrar na política do partido Servo do Povo, o mesmo do atual presidente Volodymyr Zelensky.
Mas não deixou de criticar a falta de investimento no esporte.
Em 2019, foi eleito o 1º parlamentar negro do país
Ajuda na popularidade dele o fato de se identificar tanto com a Ucrânia.
Segundo Beleniuk, ele chegou a receber propostas pra representar outros países, como Azerbaijão e China, e ouviu ofertas de financiamento muito maiores que as que recebe como atleta ucraniano.
Mas recusou.
Na preparação pra Tóquio, ele se licenciou do Parlamento e chegou até a pegar covid-19, o que ameaçou seu sonho, já que a recuperação foi dura.
Mas não o suficiente para derrotá-lo em mais uma meta..
Ontem, bateu o húngaro Viktor Lorincz, da Hungria, e trouxe o 1º ouro ao país
Aliás, como curiosidade, a Ucrânia ontem também venceu um bronze no nado artístico em dueto.
O comitê organizador das Olimpíadas de Tóquio se enrolou e anunciou a medalha como sendo para o Comitê Olímpico Russo.
Imagina a saia justa.
As russas, na verdade, venceram o ouro.
O Copa Além da Copa fala de esporte por um olhar político, histórico e sociocultural.
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O bronze de Allyson Felix dos EUA nos 400 m é daquelas conquistas que valem muito mais do que o 3º lugar.
Com 10 medalhas olímpicas, ela se torna a maior do atletismo feminino, igualando o nº do compatriota Carl Lewis.
Mas, infelizmente, para as mulheres é sempre mais difícil.
A 1ª participação dela nas Olimpíadas foi em Atenas 2004 e já terminou em prata.
Depois, mais 2 medalhas em Pequim 2008, 3 em Londres 2012 e 3 no Rio 2016.
Com uma carreira esportiva brilhante dessas, é justíssimo que ela possa então ser mãe e não perder patrocínio, certo?
Não foi isso que aconteceu, como relatamos aqui: em 2019, ela comprou uma briga gigantesca com a Nike, que quis reduzir drasticamente o valor que pagava a ela.
Felix e outras atletas se revoltaram com o tratamento dispensado a atletas que eram mães.
4 de agosto de 1983, exatamente há 38 anos, Thomas Sankara começava a revolução que mudou o nome da República do Alto Volta para Burkina Faso.
Daqui a pouco, Hughes Fabrice Zango, campeão africano do salto triplo, pode dar a primeira medalha olímpica da história ao país.
Sankara baseou o seu governo no anti-imperialismo.
Fez uma ampla reforma agrária, preveniu a fome, priorizou a educação e a vacinação das crianças. A mortalidade infantil e o analfabetismo caíram muito durante seus quatro anos no governo.
Além disso, Sankara fez muito pelas mulheres: proibiu a mutilação genital, os casamentos arranjados e a poligamia. Colocou várias mulheres em posição de destaque no governo.
Sankara foi assassinado em 1987 em um golpe de estado.
Para um país com 1,3 bilhão de habitantes, a Índia faz pouco nas Olimpíadas.
Só nesta quarta em Tóquio, foram perdidas duas oportunidades de ouro: no hóquei sobre a grama, com derrota pra Argentina, e no boxe.
Até agora, ganhou 1 prata e 2 bronzes, a 65ª no quadro de medalhas.
Na história olímpica indiana, são apenas 9 ouros: 8 deles no hóquei, sendo o último de 1980.
E o outro, único ouro individual do país, do atirador Abhinav Bindra, em Pequim 2008.
O desempenho de 2016 foi tão ruim que o atual primeiro-ministro, Narendra Modi, resolveu investir.
O resultado apareceu rapidamente após a intervenção de Modi: no tiro, por exemplo, oito membros da delegação indiana em Tóquio estão entre os melhores do mundo no seu ranking.
Nós falamos de duas delas aqui no início das Olimpíadas:
A heptatleta bielorrussa Yana Maksimava anunciou que ela e seu marido, Andrei Kravchenko, não retornarão para Belarus.
Eles tomaram a decisão após a situação com Krystsina Tsimanouskaya.
"Agora podemos perder não apenas a liberdade, mas também a vida", disse Maksimova.
A velocista Krystsina Tsimanouskaya pediu asilo político após ser forçada a voltar para Belarus. Supostamente, ela foi enviada para casa após criticar técnicos. Relatamos a situação aqui:
Krystsina Tsimanouskaya conseguiu asilo político na Polônia. O vice-ministro das relações exteriores polonês, Marcin Przydacz, confirmou a informação nas redes sociais. lance.com.br/olimpiada/atle…
O ginasta israelense Artem Dolgopyat foi ouro no solo em Tóquio.
Mas sua conquista trouxe uma discussão sobre o que significa ser judeu, num país em que religião e Estado nem sempre se mantêm separados.
Apesar de levar Israel ao pódio, o país não permite a ele se casar.
A Lei do Retorno em Israel diz que qualquer pessoa com ao menos um avô judeu pode se tornar cidadão israelense. É o caso de Dolgopyat, nascido na Ucrânia.
Porém, seu pai é judeu e sua mãe não. De acordo com a Halacá, a lei judaica, é preciso ter mãe judia para ser judeu.
A questão é que Israel não possui um sistema de casamento civil. Portanto, um casamento entre judeus (ou entre cristãos ou entre muçulmanos) é feito por líderes religiosos.
Tentativas de mudar a lei são barradas por partidos ultraortodoxos.