Quais as contribuições da resposta humoral (ex.: anticorpos) e resposta celular induzida pela infecção e pela vacina (ex.: de RNA mensageiro) frente a infecção por SARS-CoV-2?
Belo artigo publicado pelo grupo da Dra. @VirusesImmunity , confira os dados abaixo 🧶👇
Antes de tudo, é importante lembrar alguns componentes celulares presentes na resposta imunológica, como os linfócitos T (CD4 e CD8), B e as células de memória, que explico nos próximos 3 tuítes desse fio:
Cada elemento da resposta imune é importante para a proteção, desde a 1ª infecção, até na proteção de longo prazo. Os anticorpos, p.ex., são importantes para evitar a infecção, e sua presença confere um risco menor de reinfecção nos 6 meses seguintes.
A resposta celular por sua vez está bastante relacionada em evitar o agravamento dos casos de COVID-19, e tem mostrado um papel muito importante em manter altos níveis de proteção contra agravamentos, inclusive contra #VOCs
Mas como é a contribuição de cada elemento dessa complexa resposta contra a infecção e reinfecção? O grupo da Dra. @VirusesImmunity investigou isso em amostras de pessoas recuperadas e pessoas vacinadas com uma vacina de RNA mensageiro contra o SARS-CoV-2
Para isso, o grupo utilizou modelos animais 🐁 com algumas modificações genéticas específicas para identificar como a presenã e principalmente ausência de componentes específicos do sistema imune adaptativo afetam a eliminação e a proteção contra o SARS-CoV-2
1⃣As células B são importantes para controlar a infecção primária?
Os dados do grupo mostram que 🐁 desprovidos de células B tiveram apenas um ligeiro atraso na eliminação viral, mostrando que outros elementos podem ser relevantes para o controle da infecção primária pelo vírus
Porém, utilizando um modelo 🐁 que era desprovido tanto de céls. B, quanto de céls. T, o vírus persistiu, sem sinais de uma eliminação por +14 dias. Esses dados revelam como a imunidade adaptativa (específica contra o vírus) é necessária para controlar a infecção primária.
Esses resultados sugerem que a imunidade celular é suficiente para a eliminação viral no cenário de infecção aguda, mesmo na ausência de respostas humorais (anticorpos).
Esse dado é muito importante para entender a infecção persistente que vemos em pacientes imunocomprometidos
2⃣As céls. T CD4 e T CD8 são necessárias para a eliminação da infecção primária por SARS-CoV-2?
A ausência de CD4 *OU* CD8 teve efeitos moderados na perda de controle viral.
MAS a ausênciade células T CD4 *E* CD8 resultou no aumento da replicação viral
Um dado bem interessante foi que a ausência de T CD4 (mas não de T CD8) reduziu significativamente o desenvolvimento de anticorpos contra a Spike anti-S1 e anti-RBD, o que está em acordo com o papel dessas células no desenvolvimento de anticorpos contra partes do vírus
Portanto, as células T são suficientes para a eliminação viral na ausência de imunidade humoral, e que a principal função das células T CD4 está na eliminação da infecçaõ aguda pelo vírus auxiliando na produção da imunidade humoral
3⃣As células T ou a presença dos anticorpos são suficientes para controlar a infecção primária do vírus?
Isoladamente, a im. celular ou humoral pode reduzir significativamente a infecção do vírus, com anticorpos sendo capazes de eliminar o vírus do tecido pulmonar
4⃣A resposta imunológica induzida pela infecção ou por uma dose da vacina (Pfizer) é capaz de gerar células T CD8 no tecido pulmonar?
Uma única dose da vacina gera uma resposta menor, e por isso a relevância do regime de duas doses, que é aplicado atualmente nas pessoas #toma2
5⃣E em relação às #VOCs ? Como essas respostas se saem?
🐁 imunizados (agora com 2 doses, separadas por 30 dias) ou recuperados da infecção mostraram uma alta proteção contra a #Beta , que sabemos ter um escape imunológico significativo - notícia ótima!
Concluindo, a resposta adaptativa (específica contra o vírus) é relevantíssima pra sua eliminação! E as respostas humoral e celular (elementos dessa resp. adapt.) são suficientes e necessárias para promover a eliminação viral
Os dados também mostram a importância da presença de anticorpos, que são uma peça fundamental para a proteção contra infecção e reinfecção.
No entanto, faltam dados para entendermos o papel de diferentes componentes celulares para essa proteção!
Sabemos que, na ausência de imunidade mediada por anticorpos, componentes celulares como as células T CD4 se mostraram importantes na proteção contra SARS-CoV-1, por exemplo. ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/P…
Ainda, mesmo tendo um impacto na resposta imunológica, as vacinas seguem protegendo contra a infecção pela #Beta ! O artigo não testou para a #Delta, mas temos indicativos de efetividade das vacinas contra essa variante ☺️ comento em bit.ly/fiosmell em VARIANTES E VACINAS
🔹O artigo agrega em um entendimento maior da contribuição de componentes específicos da resposta imunológica adaptativa
🔹Mesmo num cenário de capacidade neutralizante diminuída, a resposta de anticorpos robusta segue sendo importante para compor a proteção
Ainda temos bastante para entender sobre os componentes celulares, e a influência dessa presença em diferentes tecidos (na mucosa da nasofarínge, residentes no pulmão, na circulação...). Mas esses dados nos ajudam a entender o que vemos na vida real, e isso agrega demais!
O fio da Dra. Akiko Iwasaki está maravilhoso - e pode ser confeirod abaixo:
O @mab_sp125 , nosso grande guia da imunologia de pseudônimo anticorpo monoclonal (mAb) 125 sintetizado em SP, também fez alguns comentários sobre o estudo:
Casos de Oropouche em SC: pela primeira vez na história do estado, casos foram registrados em Botuverá (Vale do Itajaí).
A Febre do Oropouche é causada por um vírus (OROV), transmitida por mosquitos e é mais uma doença que pode estar sendo agravada por mudanças climáticas🔻
Três pacientes em Botuverá (entre 18 e 40 anos, sem histórico de deslocamento para fora do estado) foram confirmados até o momento.
A febre do Oropouche foi isolada pela 1ª vez no Brasil nos anos 60, com surto recente na região norte do país g1.globo.com/ac/acre/notici…
A transmissão ocorre pela picada de mosquitos infectados. Entre os vetores, o mosquito-pólvora ou maruim (Culicoides paraenses) é o principal, mas em centros urbanos, o Culex quinquefasciatus pode ser um potencial vetor
Covid-19 pode aumentar riscos por até um ano após a infecção para desfechos psiquiátricos como:
- transtornos psicóticos, de humor, de ansiedade, por uso de álcool e do sono
Riscos maiores em pessoas hospitalizadas, e menores entre vacinados 🔻
a Covid-19 pode também trazer um risco aumentado de o indivíduo precisar de prescrição de medicamentos psiquiátricos por conta dessas alterações persistentes, comparado com aqueles sem evidência de infecção mas que passaram por estressores parecidos relacionados à pandemia
Mesmo em quem teve Covid-19 leve, esses riscos estavam presentes. Apesar de riscos serem ainda maiores para quem teve Covid-19 mais séria, não se pode subestimar o impacto de uma infecção leve considerando as sequelas pós-Covid
Desde Jan/22, o CDC estima que mais de 82 milhões de aves foram afetadas pela gripe aviária (H5N1), em 48 estados, nos EUA. Com casos do vírus avançando entre mamíferos, fica a pergunta: hoje, o risco global é baixo, mas será que saberemos a tempo, quando não ser?
O fio 🔻
O dado de cima foi tirado do monitoramento do H5N1 pelo CDC, pode ser conferido aqui:
Hoje foi publicado um texto que preparei para o @MeteoredBR sobre os casos de gripe aviária em rebanhos leiteiros no Texas, Michigan e Kansas.
Alterações no sistema imunológico podem estar presentes 8 meses após a infecção, mesmo em pessoas com Covid-19 leve a moderada.
Essas alterações podem manter a inflamação de forma contínua e sustentada nessas pessoas, levando a danos em diferentes tecidos 🔻
O estudo recente analisou o sangue de pacientes com Covid longa (CL), e comparou as amostras com:
- Indivíduos recuperados de mesma idade e sexo sem CL;
- Doadores não expostos;
- Indivíduos infectados com outros coronavírus.
O que os pesquisadores encontraram?
A Covid Longa leva a uma ativação anormal das células da imunidade inata (primeira linha de defesa do organismo, que respondem a qualquer invasão ou lesão, de forma inespecífica)
Estudo com 56 indivíduos com ~10 anos, com COVID longa (vs. 27 sem COVID Longa) mostrou alterações importantes relacionadas à função autonômica do coração, que também podem ser vistas em adultos com COVID longa.
COVID longa em crianças NÃO DEVE ser minimizado🧵
Os autores apontam que essas alterações poderiam levar a um fluxo sanguíneo anormal aos órgãos, contribuindo para sintomas como fadiga, dores musculares, intolerância ao exercício e dispneia, sintomas cognitivos (ex.: confusão mental)
Em adultos, essa disfunção autonômica pode estar presente e ligada a sintomas e condições da COVID longa relacionados ao sistema cardiovascular e respiratório, como a síndrome de taquicardia postural ortostática (POTS), fadiga e distúrbios das vias aéreas, por exemplo
Estudo interessante da @VirusesImmunity e colegas, mostra diferenças em como a COVID longa afeta homens e mulheres: mulheres são mais propensas a apresentar COVID longa, com uma carga maior de sintomas afetando diferentes órgãos, e hormônios podem ser preditores da condição 🧵
O grupo de pesquisadores investigou como o perfil imunológico na COVID longa pode diferir entre homens e mulheres e se isso poderia nos ajudar a entender como essa condição afeta ambos.
165 indivíduos (com ou sem COVID longa) foram avaliados.
O estudo identificou que alguns sintomas relacionados à COVID longa são mais presentes em mulheres (como inchaço, dores de cabeça, dores musculares, cãibras, queda de cabelo) e outros, mais em homens, como a disfunção sexual