Ontem foi mais um capítulo das infinitas ameaças que Bolsonaro faz contra a democracia
Como em um episódio repetido, o presidente promete atropelar nossas instituições, nada concreto, mas sempre deixando no ar que "amanhã vocês vão ver"
Heni, o que isso tem a ver com Xerazade?
Pra quem não conhece a história, vou resumir
Conta a lenda que na antiga Pérsia o Rei Shariar descobriu a traição da esposa
Enfurecido mandou matá-la e prometeu que todo dia casaria com uma mulher diferente e mataria ela no dia seguinte
E assim foram 3 anos de terror no reino
Xerazade, filha de um ministro, teve uma ideia pra acabar com a matança
Ela se casou com o rei e toda noite antes de dormir começava a contar uma história deslumbrante, sempre deixando o fim pro outro dia
O rei entretido, adiava a morte
Ela deixava o rei tão entorpecido por suas histórias que se manteve assim por 1001 noites e acabou por pacificar o reino
Voltando ao Brasil, infelizmente nosso final não deve ser feliz desse jeito
Bolsonaro, em sua escalada de ameaças criou um monstro: sua base de apoiadores
Pra manter essa base engajada, leal e entorpecida por seu discurso, ele precisa continuar com suas ameaças, tornando-as cada vez mais radicais e malucas
Mas ao mesmo tempo não pode realizá-las, pois sabe que não tem o poder para tanto e o resultado seria péssimo pra ele próprio
Assim, com ameaças diárias ele vai se mantendo no poder, mas ao mesmo tempo vai esgarçando o tecido social brasileiro, deteriorando nossas instituições e envenenando a parte da população que permanece entorpecida e leal a ele
Mas esse ciclo vicioso tem data pra acabar: 02/10/22
Se ele perder a eleição, precisará decidir, ou cumpre as ameaças ou deixa o monstro da expectativa que criou em seus seguidores engoli-lo
Qualquer que seja a escolha dele, o perdedor já é certo: o Brasil
Precisaremos reconstruir um país conflagrado pelo populismo irresponsável
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Tendo em vista todos os últimos episódios envolvendo o Partido NOVO, o momento que o país vive e depois de muita reflexão tomei uma importante decisão
O projeto para representar SP no Senado continua, mas estou me retirando do processo seletivo do partido pras eleições de 2022
Não vejo a mínima coesão necessária no partido para levar adiante o projeto de país que o NOVO sempre se propôs
Política é uma atividade coletiva. Sem a coesão entre os nossos e a disposição ao diálogo com o outro é difícil de se fazer uma política positiva e transformadora
Foi dessa forma que conquistei todos os resultados do meu mandato:
Relatei a reforma mais importante do estado
Criei 3 leis, entre elas a que pune corrupção durante a pandemia e outra que pune quem fura a fila da vacina
Sou vice-presidente da CCJ e relatei mais de 300 projetos
Eu poderia falar de todos os elementos técnicos que embasam o impeachment, mas tão importante quanto isso e que precisa ser destacado é o cansaço do brasileiro. O brasileiro não aguenta mais ser puxado pelos extremos do populismo, o brasileiro não aguenta mais pagar a conta
A frustração virou cansaço, e o cansaço virou uma anestesia coletiva.
Tem muita gente por aí dizendo que o impeachment está sendo banalizado. Não há banalização do impeachment, o que há é a banalização da incompetência, da corrupção e da ignorância em nossos governantes
Tem muitos dizendo que o impeachment vai desestabilizar o país. Na verdade, 1 dia do governo bolsonaro é pior do que 3 impeachments
Na pandemia, ficamos anestesiados pela escalada brutal de mortes, uma hora números absurdos como 500 mil mortes já não nos causavam o mesmo horror
Hoje, a revolução constitucionalista completa 88 anos. Em 1932 São Paulo rebelou-se contra Getúlio Vargas que governava o país sem uma constituição. Nós paulistas perdemos a guerra, mas 2 anos depois ganhamos uma nova constituição
(1/5)
88 anos depois, SP tem outras questões mal resolvidas com a união, uma delas é a sub-representação na Câmara Federal
A lei estabelece piso de 8 deputados e teto de 70 por estado, gerando desequilíbrio e fazendo com que 1 voto em SP valha quase 10x menos que 1 em Roraima
(2/5)
Qts milhares de pessoas 1 deputado representa no estado?
No começo da queda de Dilma, o senador Aloysio Nunes, um dos caciques do PSDB, afirmou:
"Não quero impeachment, quero ver a Dilma sangrar"
Ele sabia que o PSDB seria o favorito nas eleições de 2018 com o desastre do governo
Ele sabia também que um impeachment é tão marcante que muda o ambiente político, destruíndo o status quo e gerando novas lideranças
Isso já havia acontecido com Collor e aconteceria de novo, destruindo a dicotomia PSDB x PT e tirando do colo de seu partido a presidência em 2018
Não deu outra, a instabilidade política que vinha desde 2013 foi potencializada pelo impeachment e pela Lava Jato, destruíndo boa parte do establishment político e levando o PSDB junto
O que mantinha o PSDB relevante era a rivalidade com o PT, quando isso acabou ambos perderam