Durante o #7deSetembro, notei uma revolta contra Bolsonaro em posts de celebridades q o defendem no Instagram.
Um deles: o post do jogador de futebol @DaniAlvesD2, em q repete o slogan do presidente ao descrever imagem de si com a bandeira brasileira. instagram.com/p/CTheeU9nATF/
Posts como esse do Dani Alves são interessantes por aglutinar um comentariado transversal,feito de gente de tudo quanto é direção, classe, gênero etc.
Assim, a caixa de comentário, sempre massiva, vira uma bom indicador da (falta de) sincronia do jogador com seu público.
Decidi extrair os quase 50 mil comentários desse post. E identifiquei os grupos de palavras que a galera lá mais escreve para entender o "vocabulário da raiva" ali nos comentários. Daí saiu esse grafo, feito das 150 palavras + frequentes e os grupos q elas formam.
Segura essa resenha ai, pae. 👇
1a classe de palavras se reduz à fórmula: "Seja livre fora do São Paulo" "Vaza", 2 comentários entre os + curtidos. Os adjetivos batuqueiro, gado, bolsonarista, bosta, fascista, verme, demonstram q a declaração veio numa má hora. Dani e B17 ñ estão populares com torcedor do SPFC
A 2a classe sintetizada no comment + curtido do post: "Fora bozo" (13 mil likes). É o grupo que aponta q povo está passando fome e sente vergonha em saber do apoio de Dani ao genocida.
3a classe é aquele vocab do patriota. É bandeira, viva, nação, independência, família.
Mas ali tem tb a mosca na sopa ('gasolina', 'comida'), por causa desse tipo de comment: "Falou o cara que não tá nem aí se a gasolina tá 7, se o gás tá 120, se a comida triplicou de preço"
As outras classes são + esculacho. O público diz q é fácil ter liberdade sendo rico e ñ viver de mínimo e comprar gás caro. Aí tem 'inflação' misturado c/'história, jogador, lixo'.
Enfim, é aquilo: Dani ataca demais, mas sempre leva bola nas costas. Dessa vez, foi dos seus fãs.
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Ao menos no Telegram, o mov antivaxx não apenas aumentou no Brasil, como tb se diversificou. Em 2022, monitorávamos 248 grupos/chats. Em 2023, 920 grupos (e vai crescer +). Isso esgota a "era da desinformação". Agora são tempos da desordem informacional vacinal.
Desses canais no Telegram:
- 240 são Conspiracionistas;
- 74, Mídia Partidarizada;
- 25, Profissionais de Saúde;
- 42, Canais Antivaxx;
- 46, Religiosos;
- 186, Extremistas Políticos;
- 115 como Internacionais;
- 149 como Deplataformizados.
- 43, Outros.
O alto consumo e a intensa produção de conversação em grupos conspiracionistas denotam a 'inoculação' da resistência à vacinação (especialmente, contra covid-19). E o crescimento de canais de mídia partidarizado revela que a editorialização do tema encontra forte audiência.
Só hoje, por curiosidade, processei os 3.404.286 tuítes gerados sobre o Lula durante e após a entrevista no Jornal Nacional. E visualizei os agrupamentos, representados pelas cores no grafo. Um dado me chama atenção: 40% dos Rts vêm dos azuis (antibolsonaros).
A audiência verde replicou conteúdos c/ tendência + pró-Lula. A centralidade do Janones já é uma realidade p/ esse público/eleitor, q o compartilha intensamente (daí o ponto na imagem q o representa ser maior q os outros). Depois do ex-presidente, ele q dirige as interações ali.
A audiência do Ciro se mescla e se une com a do candidato Moro (rosa). Esse público acabou retuitando perfis comuns, atraindo assim esses políticos para um mesmo espaço: mais críticos a Lula. Ciro tem um cluster pra chamar de seu. Boa novidade tb.
Estamos num período onde a Internet virou o desastre da humanidade. Curioso é que há 10 anos a internet era a cura para todo mal que os meios de comunicação de massa teriam nos causado. O que mudou? Simples: os pobres brasileiros passaram a formar maioria no uso da rede.
Daí, claro, a Internet virou lugar de gente fanática, ignorante, trolls, fascistas, de gosto duvidoso, incultos, adoradores de bandidos, e todo tipo de referenciação para aqueles que não estão conectados aos circuitos universitários e ao eldorado que prometiam com a Internet.
Mas a realidade é que, agora, é a hora mais importante pra construção de novas mentalidades, porque tá todo mundo misturado (ainda que em bolhas algoritmicas). O povão está entre nós, disputa a arena política. E é daí que os novos desafios dessa geração política serão concebidos.
A campanha digital de Petro fez da rua um livestreaming; forte incorporação de influencers; emoji representando o eleitor (❤️); k-popers; instagram como centro difusor das propostas "del cambio" (lindos álbuns e cards).
Trabalho fino de comunicação política.
Destaco também a hegemonia do "micro vídeo", materializados em "gifs" e reels. Bela direção de arte das capas (thumbnails) dos posts, principalmente no Instagram e TikTok.
No fim, Vídeos denotaram mobilização social, formação de audiência política e afetividade.
Na vitória de Petro, como tb na vitória de Macron, a campanha digital se despersonalizou. Petro criou o movimento @ColombiaHumana_; Macron, @avecvous. A ideia foi dar + liberdade à com. política, fazendo os eleitores se relacionarem tb com a agenda e com pessoas da candidatura.
No processo de construção conjunta com @_pinheira do framework do projeto, me deparei com o Instagram. Fiquei dias namorando os metadados que conseguia a partir da coleta na plataforma. E daí entrei naquele mundo do "if... them", ethos da lógica computacional. Daí criei uma rede.
Percebi que, a partir dos IDs dos usuários curtidores ou comentaristas, poderia visualizar relações. Relação é o insumo fundamental da etnografia. Então, poderia aprofundar a pegada (quase invisível) deixada pelo movimento da "inteligência artificial" (nós) na plataforma.