A minha missão acabou!

Termino a minha missão como diretor na DGS

Foi um enorme privilégio e desafio estar ao leme da informação e análise durante 1 ano na maior pandemia do século.

Volto para a minha vida académica com a sensação de dever cumprido

Alguns pensamentos
👇
1. Quando comecei sabia que ia ser uma missão de curta duração, tenho um PhD para acabar nos USA.

Com a epidemia estável, 85% da pop com pelo menos uma dose da vacinar, estabilidade na sucessão do serviço na DGS, demos a minha missão por terminada.
2. Durante este ano tive como missão total e absoluta

2.1 estabilizar os sistemas de informação
2.2 aumentar a rapidez, quantidade e qualidade da informação produzida e partilhada
2.3 melhorar a qualidade da análise
👇
+ informação = melhor decisão
3. A missão fez com que deixasse cair muitos projectos paralelos que tinha em curso.

Peço desculpa aos meus colegas e amigos pelos e-mails e mensagens não respondidas, pelo trabalho que devia ter feito e não fiz, e agradeço a gentileza da compreensão.
4. Ao longo do ano fomos tendo pequenas vitórias

4.1 Novo sist. de inform BI SINAVE
4.2 Avaliação risco local
4.3 Maioria da análise automatizada em R
4.4 Integração de dados de sistemas de info da DGS (SINAVE, SICO,VACINAS)
4.5 Relatórios técnicos i.e Linhas Vermelhas
5. Não consegui nada sozinho, durante as reuniões do INFARMED fui tentando agradecer a quem ajudou a construir o que existe hoje
As pessoas da:

- A DGS
- A SPMS
- O INSA e Infarmed
- As universidades
- Os colegas da Saúde Pública
- Os laboratórios
- A task force
6. Acabo a missão também com uma ideia clara das razões de algumas das nossas limitações

admin pública com dificuldades em captar e reter talento em áreas de inovação técnica e tecnológica (p.e. data science)
7. Aprendi grandes lições

7.1 devemos constantemente refocar o objectivo

“controlar a epidemia, proteger vidas, minimizar o impacto social” (👆está no doc conceptual das linhas vermelhas)

se
processo ou pessoas contribuem pro objectivo = investir
Não contribui = desistir
8. Grandes lições (cont)

Ha virtudes em ser

8.1. rápido, ousado, e agir c pouca informação

mas tb

8.2. ser conservador e esperar, uma epidemia tem muitos “twists”

Tendo mais para 1a mas a epidemia ensinou me a ter a humildade de reconhecer virtudes nas duas abordagens
9.Nem tudo correu bem

9.1 tivemos dificuldades em contrariar a atomizacao de processos (pandemia dos exceis)
9.2 em responder a perguntas concretas mas que não eram captadas pelos sistemas de informação
9.3 Simplificar os sist de info sem comprometer a sua continuidade
10. Fiz parte da história da instituição (DGS) que ao longo dos últimos 120 anos controlou ou eliminou várias doenças (pólio, tétano, sarampo, diferia)

Acho que dentro de pouco tempo podemos adicionar mais uma doença ao leque, a COVID-19

Obrigado 🙏

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24 Jun 20
Uma das medidas de prevenção #COVID19PT mais importantes é a auto-avaliação diária do estado de saúde.

Pensar ao acordar se temos qq tipo de sintoma COVID (falta cheiro ou paladar, dor de garganta, febre, cefaleia,etc)

Se estive doente fique em casa e ligue SNS 24
Para os followers mais técnicos

Sei que
1. Existe transmissão nos assintomaticos e que prov são 20%
2. Existe transmissão nos pre-sintomáticos (2dias antes)

Se no ponto 1. Podemos fazer pouco, no 2. sabemos q são transmissores menos eficazes
Se reduzirmos contactos dos sintomáticos principalmente em settings de “super spreading” que atualmente são maioritariamente no trabalho conseguimos reduzir o números de surtos grandes.

O COVID veio para ficar até a vacina estar disponível, temos de aprender a viver com ele.
Read 4 tweets
14 Apr 20
Agora que começamos a discutir as estratégias de levantamento das restrições, vale a pena rever algumas coisas e pensar em outras

1. Sem medidas supressão (restrição social intensa) o sistema de saúde teria entrado colapso, e não são só em modelos, é a Lombardia, NYC etc...
2. Obviamente que temos um menor nível de imunidade natural que outros países. Mas o trade-off social que fizemos foi de proteccao dos que tinham maior risco de complicações. Tendo a certeza que lhes podíamos oferecer o melhor que a medicina tem disponível.
3. O equilíbrio que temos de atingir tem num prato da balança a economia (que exige maior contacto social) e no outro a capacidade de resposta da saúde pública e do sistema de saúde (manter controlada a transmissão e oferecer os melhores cuidados possíveis)
Read 6 tweets

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