Esse fio está bem legal. Dialoga com algo que eu digo de vez em quando: pesquisa eleitoral é fotografia do agora. Quem usa para prever o futuro está errado.
E expõe uma leitura que faço: hoje, está bem difícil não dar Bolsonaro x Lula no 2T de 2022. Beeem difícil.
Terceira via é um sonho de verão. Sinto isso desde que Arthur Lira ganhou a presidência da Câmara. Disse então, e sigo dizendo: sem um desembarque pleno do bolsonarismo, não tem 3a via. E pouca gente quer fechar a porta.
Sem contar que já é tarde demais.
Já era. Lamento.
Reforço: a melhor chance da 3a via é virar 2a via. O que só parece crível fazendo Bolsonaro inelegível.
Bolsonaro é, talvez, o mais fraco candidato a reeleição que já tivemos. Dilma em 2014 era fraca também, mas se elegeu. Ou seja, Bolsonaro tem chance. O problema dele é Lula.
Se Bolsonaro é um candidato fraco (não inviável, vejam bem), Lula é um opositor fortíssimo. Nenhum presidente tentando se reeleger pegou um adversário tão potente em termos de voto. Ou seja, Bolsonaro vai ter que suar bastante para se reeleger.
Alguém se intrometer? Tá brabo.
(tudo isso, ÓBVIO, é só um exercício de imaginação. A gente nem sabe se vai ter eleição em 2022, e falo muito sério)
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Se isso "caiu na rede", eu sou o Robin Hood. Notem como o vídeo passa por todos os comensais, mostra os rostos. Não está focado na piada. E qualquer um que estava na mesa sabe quem gravou a cena, sorriam para ele e tudo.
Há, é claro, todo o escárnio da cena em si, de ver os "donos do Brasil" fazendo piada com situações que massacram o povo brasileiro etc. Mas o alvo aqui me parece claro.
"Achou que estava acima da carne seca, né? Quem manda na jogada somos nós. Agora, tu vai comer na nossa mão".
Há um possível recado da própria figura central, Michel Temer. "Olha quem está do meu lado. Esses são os meus brothers. Vai beijar o meu anel sim".
Essa galera detêm muito poder há décadas. Nunca que isso "cairia na rede".
Foi a vitória mais tranquila em muito tempo. Fora o nervosismo natural pelo momento, o Grêmio nunca chegou a ser ameaçado. Desde uns 15mins a impressão era de que, com paciência, ganhava o jogo. E ganhou.
É uma sensação incomum, sabe.
Escalação do Grêmio ontem foi bem distante do ideal. Achei meio equivocada inclusive, mesmo com os desfalques todos. Mas funcionou bem, é inegável. Essa ideia de uma linha de 3 meias-atacantes velozes pode ajudar em casa, em jogos que exigem abrir a defesa adversária.
Boa volta do Ferreira, e o muito ridicularizado Alisson foi bem também. Jonatha Robert se move bastante, o que ajuda nesse formato. Ainda acho que passou da hora do Grêmio largar o 4-2-3-1, mas, na medida em que insista, essa linha lógica (com peças melhores) pode funcionar.
Acho peculiar que se resuma o que aconteceu ontem a "o PT não foi para a rua". Não foi o PT e não foi a massa da esquerda, aglutinada em diferentes bandeiras e movimentos políticos e sociais. Ou alguém acha mesmo que a galera nas ruas em maio, por ex, era tudo petista?
Há uma série de simplificações em torno dos atos do último domingo. Alguns querem vender que foi o "primeiro passo", como se não existisse protesto contra Bolsonaro antes de ontem - uma tentativa também de montar no cavalo quando a esquerda chamar protestos maiores, é claro.
Esse papo de "faltou PT na rua" também é uma simplificação. Porque cria a profecia autorrealizável, quando tivermos atos maiores, que a aglutinação é toda mérito do PT. A questão não é se as pessoas colam ou não com o PT, mas sim que as pessoas não colam com MBL e Vem Pra Rua.
Assim: nem tanto ao céu, nem muito ao inferno. Não diria que o 7/set flopou, mas que foi abaixo do esperado. Não serviu como demonstração de força, e houve MUITO esforço nesse sentido. Isso é uma coisa.
Mas, enquanto declaração de guerra, os atos de hoje foram eficientes.
Eu dizia que o mundo segue existindo em 8/set. E agora vem o mais importante dessa situação toda. Temos um presidente que anunciou que não vai cumprir decisões de um ministro do Supremo, que não vai aceitar eleições se não forem do jeito que ele quer. E aí? Como fica?
Repito aqui: já estamos em uma tentativa de golpe, há algum tempo. Quem espera um grande ato inicial do golpe quer uma performance visível. Nada disso: já está acontecendo. Esse é o golpe do Bolsonaro.
O que muda, agora, é que não tem mais como fingir que é outra coisa.
Discurso golpista, intolerável, que deveria ensejar impeachment. Isso já sabemos, faz tempo.
Mas vale mencionar: mesmo abublublé e palavras doidas de sempre. Fora citar nominalmente Alexandre de Moraes, não conseguiu trazer novidade. Foi quase... Entediante.
O que importa, agora, é ver como as coisas vão se desdobrar. Bolsonaro fez o que sempre faz: dobrou todas as suas apostas, atacando o tempo todo. Reciclou todos os discursos "superados". Negócio é perguntar às instituições: e aí, vão fazer o quê? Eu não deixava, hein.
Bolsonaro é um arruaceiro. Foi o discurso não de um presidente, nem de um candidato, mas de um arruaceiro. Um agitador, no pior sentido do termo.
A gente já sabe há tempos que não haverá moderação por parte dele. Hoje, fica claro que até fingir acreditar nisso é impossível.
Corrijam-me se estiver errado, mas o ato em Brasília foi, pelo menos até o momento, um... Comício. Um público razoável, que vibrou com a fala do presidente (o mesmo abublublé de sempre) e era isso. Um comício que saiu caro, já que veio gente do Brasil inteiro.
E aí cabe dizer que, com toda a grana investida em trazer e hospedar gente de todo o Brasil para Brasília, todo o clima de revolução de hospício incentivado durante semanas, acaba sendo meio... Decepcionante. Não para mim: para eles, acima de tudo. A explosão virou um traque.
Vejamos o que vai rolar em SP. Mas, até aqui, não teve fato novo. E isso é um sinal bem negativo para o bolsonarismo, porque visivelmente houve MUITO esforço para criar um fato novo. Até aqui, não conseguiram, seja em público presente ou pelo impacto.