Thread by @mellziland

Todos queremos viver o normal que conhecíamos antes da pandemia. Mas não devemos temer o normal que virá. Pandemias são eventos remodeladores de comportamento da nossa sociedade. Nos levam a aprendizados para errarmos erros novos no futuro.

Teremos muitos elementos que conhecíamos antes da COVID-19 nessa nova trajetória. Assim como teremos algumas novidades, que serão benéficas pra nossa sociedade. E espero que uma delas seja o entendimento de que ciência e ação em sociedade resolve crises complexas.

Não preciso te perguntar o quanto tu gostaria de viver novamente os abraços, as saídas sem preocupações, a cervejinha no fim da tarde com os amigos ou o cinema no final de semana.

Mas te pergunto: tu está disposto a fazer o que é necessário para trazermos isso de volta?

Essa resposta é crucial, porque muita gente quer o desfecho, mas nem todos estão dispostos a construir os caminhos para ele. E essa construção pode ser rápida, se cada um colocar seu ladrilho nesse caminho, ou pode ser lenta, deixando de fazer o que se sabe que funciona.

No fim, as escolhas são individuais, mas elas tem impacto no coletivo. Cada escolha individual compõe e cria o coletivo. Tu está disposto a fazer tua parte?

Então faça, seja o bom exemplo, conscientize, vacine-se, use máscara e abrace a cidadania para podermos nos abraçar logo.

To acompanhando os replies e tá muito interessante. Há um misto de indignação por alguém ainda sugerir uso de mascara na sociedade atual (!), somado a uma frustração por não estarmos no ponto de flexibilizar tudo + pessimismo de que as coisas não vão melhorar.

Vamos lá entao:

1) sobre a indignação: não sou eu que estou "ditando" isso, ou emplacando uma narrativa. Acompanhando o comportamento de outros países que tem elementos diferentes do nosso (vacinação com 2 doses, rastreio/testagem, como lidou com a pandemia...) vemos que (+)

Para flexibilizar, é necessário reunir algumas questões: a primeira delas é justamente o rastreio. Poder ser capaz de rastrear novos casos e contatos para isola-los e evitar surtos. Desde o início da pandemia o Brasil tem um problema sério em testagem, testamos muito pouco.

E se trouxessemos os níveis de transmissão para valores baixos, é possível que conseguíssemos ter um rastreamento mais efetivo. Outro ponto é a vacinação com duas doses. Estamos finalmente avançando no regime completo e iniciando a 3 dose para mais vulneraveis.

Isso trará impactos bem positivos na transmissão e também na proteção ainda maior contra agravamemtos nessa população. Só que tem um tempo até vermos esse impacto, então seguimos cuidando e vacinando. E acredito que o cerne é ter um plano de enfrentamento. Coordenação.

Mesmo aqueles que flexibilizaram e viram que não deu certo, tomaram decisões para tentar minimizar os danos rapidamente. Infelizmente não estamos vendo uma boa condução coordenada desse enfrentamento aqui no país e me preocupa isso.

2) sobre frustração: as vezes sinto que as pessoas devem pensar que eu não fico frustrada também, que eu não gostaria de estar vivendo minha vida como vivia antes da pandemia. Gente, todos nós estamos assim. Mas nós vamos deixar de se cuidar e preservar a saúde? Não, espero

Quando falamos de adesão de medidas mitigatorias, estamos falando de usar a máscara. De não aglomerar se possível. É isso. Se tu precisa sair, seja pra trabalho (como eu) seja pra saúde emocional, faz com segurança. Não te expõe nem expõe o próximo.

Momento John Lennon "imagine all the people" : imagina se todo mundo fizesse isso certinho? A transmissão ia estar num patamar de maior controle e poderíamos não estar tendo essa conversa e sim fazendo muitas coisas com maior segurança pra todos. Estamos errados em lembrar isso?

Outra coisa: "ah mas eu aglomerei, fiz e aconteci e não deu em nada"

Felizmente ou não, casos únicos não pautam medidas de saúde pública. Não posso extrapolar um único exemplo e achar que 100% das vezes será assim. Política de saúde pública se faz com evidência cientifica

3) sobre pessimismo: eu também entendo o quanto tá difícil manter o prumo no meio disso. Me expondo: eu tenho depressão desde os 17, tenho ansiedade, tomo 2 remédios psiquiátricos por dia, fora o resto pra esofagite de refluxo e afins. Tive surtos e momentos horríveis na pandemia

E compartilhando um pouco do que funcionou pra mim: olhar para a história de pandemias passadas e ver que elas acabam. Mas que esse caminho é construído. Vamos chegar lá, em maior ou menor tempo. Eu espero que menor, tô fazendo por onde pra ser menor, dentro do possível

Quando eu saio na rua eu vejo uma galera sem máscara e aglomerando (moro no Sul, pode ser diferente pra outra região ou estado). Mas também vejo muita gente de mascara e se cuidando. É por essas pessoas que também sigo, pra motivá-las e somar com elas.

@schrarstzhaupt falou algo necessário numa das interações dos replies: cansaço não é medida de saúde pública. Se tu tá pessimista quanto ao nosso futuro, me chama na DM, vamo conversar. Não quero te converter, mas quero te dar outros pontos de vista. Mudar a perspectiva ajuda

Ajudou pra mim e faz a gente perceber as coisas de forma diferente. Vamos compartilhar experiências, o que temos feito e partilhar do que outras pessoas te feito. E é isso pessoal amado

E por fim: ninguém sabe quando vai acabar. Acho que recebi uma dezena de perguntas assim

Quem souber, está trazendo sua opinião, o que é interessante, mas não é um fato. Entendo que pode levar um pouco mais ou menos de tempo dependendo do que fizermos, e nesse tempo, temos os riscos. O amanhã se constrói com as ações do hoje. Fica em paz e faça seu melhor por ele