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Sep 17, 2021 10 tweets 4 min read Read on X
No último clássico contra o FCSB, o Dínamo de Bucareste entrou em campo com cachorros para estimular a adoção.

A causa é bonita, ainda que o Dínamo tenha tomado de 6 a 0.

A motivação da campanha é que a cidade de Bucareste tem um problema grave de cães abandonados nas ruas. Jogadores do Dínamo de Bucareste carregam cachorrinhos no c
(É uma boa ideia dizer, antes de prosseguir, que esse tema é sensível e talvez você prefira não continuar lendo. Seja como for, a campanha é muito legal. E, para amenizar, não vamos usar nenhuma imagem de mau gosto, é claro.)
A origem do problema está no plano de sistematização executado pelo ditador romeno Nicolae Ceauşescu no início dos anos 80.

A ação, que visava alterar a paisagem urbana da capital do país, fez com que cerca de 40 mil pessoas fossem forçadas a se mudar para outros lugares. O ditador Nicolae Ceauşescu discursa, sentado diante de uma
Muitas delas deixaram suas casas rumo a apartamentos, que não permitiam animais. A solução foi soltá-los nas ruas, onde a população canina rapidamente se proliferou, é claro.

O resultado disso foi terrível: matanças em massa de cães e abrigos insalubres por toda parte. 4 cachorros, todos um tanto parecidos, são fotografados em
A população canina realmente saiu do controle depois da Revolução Romena em 1989, que deu fim ao comunismo após conflito violento, fazendo outras milhares de pessoas migrarem e gerando ainda mais cães abandonados.

Naquele momento, é claro, ter cachorro era um luxo pra maioria. Imagem mostra jovens num caminhão militar durante protesto
Em 2013, após a morte de um garoto atacado por cães de rua, um debate se instaurou na sociedade romena sobre o que fazer com a população canina.

Depois de muita discussão, aprovou-se uma lei de eutanásia, que pode ter ajudado a mitigar o problema, mas não o resolveu. Dois cachorrinhos pretos mamam nas tetas de uma cadelinha na
Nesta temporada, para tentar dar uma mão, a federação romena de futebol decidiu iniciar uma campanha chamada “Preencha o vazio em sua vida”, em que jogadores vão a campo com cachorros para incentivar que as pessoas adotem cães de um canil da região que recebe a partida. Print da transmissão mostra os jogadores do Dínamo de Buca
Como se pode ver, no caso do Dínamo de Bucareste, os cães entraram com lencinhos com seus nomes.

Assim, se um espectador vir um cachorro do qual goste e queira adotar, ele pode se encaminhar ao canil local e encontrar aquele que mais o atraiu.

📸: @ESPNFC Montagem com três fotos exibindo dos jogadores do Dínamo e
Por fim, não costumamos falar tanto de futebol romeno quanto ele merece, mas já fizemos uma thread aqui explicando a questão do FCSB/Steaua Bucareste, outra equipe tradicionalíssima e campeã europeia - que agora são duas:

O Copa Além da Copa fala de esporte, tentando pensá-lo por pontos de vista políticos, históricos e socioculturais.

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Aug 27
Em março, Emmanuel Macron reuniu em um jantar grandes empresários franceses, o emir do Catar e o atacante Kylian Mbappé.

No cardápio, embora um cessar-fogo em Gaza fosse o prato principal, estava servida também a questão dos direitos de transmissão do campeonato francês. Mbappé, Macron e o emir do Catar num jantar no palácio presidencial francês em março
Embora fora da agenda oficial, a permanência de Mbappé na França sempre foi tratada por Macron como um assunto de Estado.

Craque francês mais midiático desde Zidane, ele era a garantia da permanência do interesse do Catar em seus negócios no futebol francês, onde é dono do PSG. Kylian Mbappé chega ao Palácio do Eliseu, em Paris, para jantar com Macron. Ao fundo, músicos de uma fanfarra recebem os convidados
Se, por um lado, o Catar investia no PSG valores muito acima do que dispunham outros clubes franceses, por outro, ele ajudava a sustentar as duas principais divisões do futebol da França com contratos de transmissão pela BeIN Sports, TV esportiva estatal catari. Microfone da BeIN Sports com o logotipo da Ligue 1, primeira divisão francesa
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Aug 14
Um mural em homenagem a oposto Paola Egonu, campeã olímpica com a Itália e eleita a melhor jogadora do torneio, foi vandalizado em Roma, em frente à sede do Comitê Olímpico Italiano.

O desenho, feito pela artista Laika, teve a cor de pele de Egonu trocada de negra pra branca.
O mural original, com Egonu representada em ação com uma medalha de ouro no peito
A versão vandalizada com a pele de Egonu trocada pra branca e com a bola e suas mensagens contra o preconceito pintada
O mural representava Egonu em ação com a medalha de ouro no peito. Na bola do desenho, lia-se uma mensagem pelo fim do racismo, da xenofobia, do ódio e da ignorância.

Essa bola também foi pintada, tirando a mensagem política.

A obra se chamava "italianità" (italianidade). Egonu sorri pra câmera e faz um sinal de paz com os dedos, exibindo sua medalha de ouro com a outra mão
Egonu tem 25 anos e nasceu em Cittadella, uma pequena cidade do Vêneto, no nordeste da Itália. Seus pais são nigerianos, e ela obteve a cidadania aos 14.

Além dela, no time que conquistou o ouro em Paris, havia outras duas jogadoras negras: Myriam Sylla e Loveth Omoruyi.
Myriam Sylla gritando em quadra, em ação pela Itália
Loveth Omoruyi posando para foto com a camisa da Itália
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Aug 8
Surgido no seio da cultura hip-hop nos EUA, o breaking fará sua estreia como esporte olímpico em Paris.

É um grande passo pra uma dança urbana com origem nos bailes do Bronx, em Nova York, expressão da comunidade negra.

Mas alguns temem a transformação da sua arte em esporte. Participação de b-boy nos Jogos da Juventude de Buenos Aires 2018
Apelidado "pai do hip-hop", o DJ Kool Herc fazia sucesso nas festas do Bronx na década de 70.

Ao perceber que as pessoas dançavam mais nas "quebras" das músicas, quando só se ouvia a percussão, ele passou a ampliar essas quebras usando dois toca-discos. Nascia aí o breaking. O DJ Kool Herc em ação em imagem em preto e branco. Ele mexe com um disco de vinil e com seu equipamento
Se o DJ Kool Herc não teve tanto sucesso comercial, ícones do hip-hop como Afrika Bambaataa e Grandmaster Flash ajudaram a ampliar o alcance dessa arte, que chegou aos banlieues, a periferia de Paris, na década de 80.

Hoje, a França é o 2º maior mercado de hip-hop do mundo. B-boys praticando breaking em imagem em preto e branco dos anos 80
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Aug 8
Nos Jogos Olímpicos de 1992, em Barcelona, Cuba registrou sua melhor performance a história: 14 ouros, 6 pratas e 11 bronzes, com a quinta colocação no quadro de medalhas.

Às vésperas do fim dos Jogos de Paris, os cubanos só têm dois ouros. O que aconteceu? Imagem mostra seis jogadoras de võlei cubanas em quadra, vestindo camisas vermelhas com "Cuba" escrito e com os braços levantados.
Após a Revolução Cubana, em 1959, o esporte foi estabelecido como um dos pilares da sociedade. Houve integração direta com o sistema educacional público.

O modelo cubano foi inspirado no soviético, com escolas especializadas no desenvolvimento de atletas de elite. Imagem mostra Fidel Castro junto com outros líderes revolucionários, a maioria segurando armas.
Cuba teve sucesso na sua empreitada educacional com um dos menores níveis de analfabetismo do mundo, enquanto desenvolveu um grande número de atletas de elite.

Apesar do embargo econômico liderado pelos EUA, os subsídios soviéticos mantinham a engrenagem. Imagem mostra uma sala de aula em Cuba na década de 1960 com uma família escrevendo em cadernos.
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Aug 8
"Yeah, boyeeeeee!"

O rapper Flavor Flav, um dos fundadores do Public Enemy, tem seus grandes relógios pendurados no pescoço como marca registrada. Mas pode trocá-los em breve por uma medalha.

Ele está em Paris como torcedor número 1 do time de polo aquático feminino dos EUA. O rapper Flavor Flav em Paris, vestido com uma touca de polo aquático e com um relógio no pescoço
Em maio, Maggie Steffens, capitã do time feminino dos EUA na modalidade, fez um post no Instagram sobre a dificuldade dela e de suas suas colegas de terem visibilidade e patrocínio para competir nas Olimpíadas.

Isso mesmo com os EUA sendo atuais tricampeões olímpicos. Maggie Steffens em ação na piscina em Paris contra a Espanha
Steffens, que esteve em todas as conquistas e é considerada uma das maiores da história do polo aquático, afirmou que todas elas precisam de outros empregos pra se sustentar.

O post chegou até Flavor Flav, que escreveu que, como pai de menina, queria apoiar o esporte feminino. Maggie Steffens exibe pra câmera suas três medalhas de ouro no polo aquático com os EUA
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Aug 7
Os EUA deixaram atletas pegos no doping continuarem competindo, mesmo contra as regras da Agência Mundial Antidoping (WADA), para que pudessem servir como "agentes infiltrados" e recolher informações sobre outros que estivessem trapaceando.

EUA e WADA estão numa queda de braço. LeBron James em destaque no barco que carregou os atletas dos EUA na abertura das Olimpíadas de Paris
Os EUA acusam a WADA de proteger nadadores chineses que também foram pegos no doping e ameaçam investigar a agência por conta própria, desdobramento de uma lei aprovada recentemente.

Explicamos o imbróglio aqui:
Segundo a Reuters, a agência antidoping dos EUA (USADA) autorizou atletas estadunidenses que estavam se dopando a continuar participando de competições normalmente.

Mas a USADA diz que isso é um trabalho de inteligência: em troca, eles ajudariam a identificar outros trapaceiros. Imagem aleatória produzida de um suposto "agente infiltrado": um homem de óculos escuros dentro de um carro com um rádio na mão, tal qual um espião
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