Copa Além da Copa Profile picture
Sep 21, 2021 9 tweets 4 min read Read on X
Era pra ser só uma disputa de título da categoria super pena na Itália, mas Michele Broili, um dos boxeadores, tinha várias tatuagens alusivas ao nazifascismo, o que causou revolta na maioria do público.

Ele foi derrotado por Hassan Nourdine, boxeador árabe nascido em Marrocos.
A luta foi transmitida online ao vivo.

“Não posso negar que bater em alguém com essas tatuagens é uma vitória que vale em dobro”, disse Nourdine.

Mas o que se questiona agora é como a Federação Italiana de Boxe permitiu que um lutador com esses símbolos se tornasse membro. Na pesagem, Michele Broili e Hassan Nourdine se encaram dian
As tatuagens de Broili incluem o número 88 (referência à frase Heil Hitler, já que o H é a 8ª letra do alfabeto), um totenkopf (insígnia com caveira e ossos cruzados, utilizada pelos nazistas) e o símbolo de uma organização skinhead.

Ele fez a saudação fascista antes da luta. Print do YouTube mostra Michele Broili no canto do ringue du
Fazer essa saudação (que tem origens na Roma antiga) é, em tese, proibido na Itália, mas desde que seja num contexto de tentar "restaurar o fascismo".

Como isso é difícil de provar, simpatizantes fascistas deitam e rolam com tamanha brecha, praticamente não sofrendo punições. Vários fascistas erguem o braço esticado para cima, fazend
Em 2017, o governo da Itália, então de centro-esquerda, tentou restringir ainda mais o uso da saudação e de vários outros símbolos do nazifascismo.

Mas partidos de direita disseram que isso ameaçava a liberdade de expressão, e não houve apoio suficiente para aprovar a lei. Torcedor de futebol exibe uma bandeira com o rosto de Benito
Broili não comentou a polêmica. Seu técnico, Denis Conte, diz que ele “só quer falar de esporte e só quer praticar esporte”.

“Eu achei as tatuagens obscenas”, afirmou Hassan Nourdine após vencê-lo. “A federação italiana devia ter deduzido que ele tinha essas simpatias." Montagem com as fotos de Hassan Nourdine, imigrante marroqui
O uso de símbolos nazifascistas é recorrente também no futebol. Nós falamos disso em nosso último episódio, focado especificamente no leste europeu.

Nele, nos comprometemos a fazer uma thread aqui explicando o uso de alguns desses símbolos. Sairá em breve, está prometido. Meião de jogador com os números 88 escritos. Foto em close
Já para ouvir o episódio, basta acessar o Spotify, o iTunes, o Deezer, o Google Podcasts ou qualquer que seja sua plataforma de áudio preferida:

open.spotify.com/episode/4YcWCR…
O Copa Além da Copa fala de esporte, política, história, cultura e sociedade.

Se você chegou até aqui e gostou do que leu, considere contribuir para nos ajudar a produzir cada vez mais! Você pode assinar com a partir de R$ 5 por mês.

Acesse apoia.se/copaalemdacopa

• • •

Missing some Tweet in this thread? You can try to force a refresh
 

Keep Current with Copa Além da Copa

Copa Além da Copa Profile picture

Stay in touch and get notified when new unrolls are available from this author!

Read all threads

This Thread may be Removed Anytime!

PDF

Twitter may remove this content at anytime! Save it as PDF for later use!

Try unrolling a thread yourself!

how to unroll video
  1. Follow @ThreadReaderApp to mention us!

  2. From a Twitter thread mention us with a keyword "unroll"
@threadreaderapp unroll

Practice here first or read more on our help page!

More from @copaalemdacopa

Aug 27
Em março, Emmanuel Macron reuniu em um jantar grandes empresários franceses, o emir do Catar e o atacante Kylian Mbappé.

No cardápio, embora um cessar-fogo em Gaza fosse o prato principal, estava servida também a questão dos direitos de transmissão do campeonato francês. Mbappé, Macron e o emir do Catar num jantar no palácio presidencial francês em março
Embora fora da agenda oficial, a permanência de Mbappé na França sempre foi tratada por Macron como um assunto de Estado.

Craque francês mais midiático desde Zidane, ele era a garantia da permanência do interesse do Catar em seus negócios no futebol francês, onde é dono do PSG. Kylian Mbappé chega ao Palácio do Eliseu, em Paris, para jantar com Macron. Ao fundo, músicos de uma fanfarra recebem os convidados
Se, por um lado, o Catar investia no PSG valores muito acima do que dispunham outros clubes franceses, por outro, ele ajudava a sustentar as duas principais divisões do futebol da França com contratos de transmissão pela BeIN Sports, TV esportiva estatal catari. Microfone da BeIN Sports com o logotipo da Ligue 1, primeira divisão francesa
Read 12 tweets
Aug 14
Um mural em homenagem a oposto Paola Egonu, campeã olímpica com a Itália e eleita a melhor jogadora do torneio, foi vandalizado em Roma, em frente à sede do Comitê Olímpico Italiano.

O desenho, feito pela artista Laika, teve a cor de pele de Egonu trocada de negra pra branca.
O mural original, com Egonu representada em ação com uma medalha de ouro no peito
A versão vandalizada com a pele de Egonu trocada pra branca e com a bola e suas mensagens contra o preconceito pintada
O mural representava Egonu em ação com a medalha de ouro no peito. Na bola do desenho, lia-se uma mensagem pelo fim do racismo, da xenofobia, do ódio e da ignorância.

Essa bola também foi pintada, tirando a mensagem política.

A obra se chamava "italianità" (italianidade). Egonu sorri pra câmera e faz um sinal de paz com os dedos, exibindo sua medalha de ouro com a outra mão
Egonu tem 25 anos e nasceu em Cittadella, uma pequena cidade do Vêneto, no nordeste da Itália. Seus pais são nigerianos, e ela obteve a cidadania aos 14.

Além dela, no time que conquistou o ouro em Paris, havia outras duas jogadoras negras: Myriam Sylla e Loveth Omoruyi.
Myriam Sylla gritando em quadra, em ação pela Itália
Loveth Omoruyi posando para foto com a camisa da Itália
Read 11 tweets
Aug 8
Surgido no seio da cultura hip-hop nos EUA, o breaking fará sua estreia como esporte olímpico em Paris.

É um grande passo pra uma dança urbana com origem nos bailes do Bronx, em Nova York, expressão da comunidade negra.

Mas alguns temem a transformação da sua arte em esporte. Participação de b-boy nos Jogos da Juventude de Buenos Aires 2018
Apelidado "pai do hip-hop", o DJ Kool Herc fazia sucesso nas festas do Bronx na década de 70.

Ao perceber que as pessoas dançavam mais nas "quebras" das músicas, quando só se ouvia a percussão, ele passou a ampliar essas quebras usando dois toca-discos. Nascia aí o breaking. O DJ Kool Herc em ação em imagem em preto e branco. Ele mexe com um disco de vinil e com seu equipamento
Se o DJ Kool Herc não teve tanto sucesso comercial, ícones do hip-hop como Afrika Bambaataa e Grandmaster Flash ajudaram a ampliar o alcance dessa arte, que chegou aos banlieues, a periferia de Paris, na década de 80.

Hoje, a França é o 2º maior mercado de hip-hop do mundo. B-boys praticando breaking em imagem em preto e branco dos anos 80
Read 10 tweets
Aug 8
Nos Jogos Olímpicos de 1992, em Barcelona, Cuba registrou sua melhor performance a história: 14 ouros, 6 pratas e 11 bronzes, com a quinta colocação no quadro de medalhas.

Às vésperas do fim dos Jogos de Paris, os cubanos só têm dois ouros. O que aconteceu? Imagem mostra seis jogadoras de võlei cubanas em quadra, vestindo camisas vermelhas com "Cuba" escrito e com os braços levantados.
Após a Revolução Cubana, em 1959, o esporte foi estabelecido como um dos pilares da sociedade. Houve integração direta com o sistema educacional público.

O modelo cubano foi inspirado no soviético, com escolas especializadas no desenvolvimento de atletas de elite. Imagem mostra Fidel Castro junto com outros líderes revolucionários, a maioria segurando armas.
Cuba teve sucesso na sua empreitada educacional com um dos menores níveis de analfabetismo do mundo, enquanto desenvolveu um grande número de atletas de elite.

Apesar do embargo econômico liderado pelos EUA, os subsídios soviéticos mantinham a engrenagem. Imagem mostra uma sala de aula em Cuba na década de 1960 com uma família escrevendo em cadernos.
Read 12 tweets
Aug 8
"Yeah, boyeeeeee!"

O rapper Flavor Flav, um dos fundadores do Public Enemy, tem seus grandes relógios pendurados no pescoço como marca registrada. Mas pode trocá-los em breve por uma medalha.

Ele está em Paris como torcedor número 1 do time de polo aquático feminino dos EUA. O rapper Flavor Flav em Paris, vestido com uma touca de polo aquático e com um relógio no pescoço
Em maio, Maggie Steffens, capitã do time feminino dos EUA na modalidade, fez um post no Instagram sobre a dificuldade dela e de suas suas colegas de terem visibilidade e patrocínio para competir nas Olimpíadas.

Isso mesmo com os EUA sendo atuais tricampeões olímpicos. Maggie Steffens em ação na piscina em Paris contra a Espanha
Steffens, que esteve em todas as conquistas e é considerada uma das maiores da história do polo aquático, afirmou que todas elas precisam de outros empregos pra se sustentar.

O post chegou até Flavor Flav, que escreveu que, como pai de menina, queria apoiar o esporte feminino. Maggie Steffens exibe pra câmera suas três medalhas de ouro no polo aquático com os EUA
Read 10 tweets
Aug 7
Os EUA deixaram atletas pegos no doping continuarem competindo, mesmo contra as regras da Agência Mundial Antidoping (WADA), para que pudessem servir como "agentes infiltrados" e recolher informações sobre outros que estivessem trapaceando.

EUA e WADA estão numa queda de braço. LeBron James em destaque no barco que carregou os atletas dos EUA na abertura das Olimpíadas de Paris
Os EUA acusam a WADA de proteger nadadores chineses que também foram pegos no doping e ameaçam investigar a agência por conta própria, desdobramento de uma lei aprovada recentemente.

Explicamos o imbróglio aqui:
Segundo a Reuters, a agência antidoping dos EUA (USADA) autorizou atletas estadunidenses que estavam se dopando a continuar participando de competições normalmente.

Mas a USADA diz que isso é um trabalho de inteligência: em troca, eles ajudariam a identificar outros trapaceiros. Imagem aleatória produzida de um suposto "agente infiltrado": um homem de óculos escuros dentro de um carro com um rádio na mão, tal qual um espião
Read 12 tweets

Did Thread Reader help you today?

Support us! We are indie developers!


This site is made by just two indie developers on a laptop doing marketing, support and development! Read more about the story.

Become a Premium Member ($3/month or $30/year) and get exclusive features!

Become Premium

Don't want to be a Premium member but still want to support us?

Make a small donation by buying us coffee ($5) or help with server cost ($10)

Donate via Paypal

Or Donate anonymously using crypto!

Ethereum

0xfe58350B80634f60Fa6Dc149a72b4DFbc17D341E copy

Bitcoin

3ATGMxNzCUFzxpMCHL5sWSt4DVtS8UqXpi copy

Thank you for your support!

Follow Us!

:(