Muitas pessoas leram conteúdos sobre, ou tem medo de que as vacinas possam gerar variantes do vírus da COVID-19 mais resistentes. Mas é possível isso acontecer por causa das vacinas?
A resposta é não 🙂 mas se tu quer alguns porquês (e torço pra que sim), siga o fio! 🧶👇
Vamos ir pensando juntos: antes de iniciarmos os porquês, precisamos relembrar aspectos da resposta imunológica contra o vírus.
Temos os anticorpos (AC) que spodem se ligar tão completa e firmemente às partículas de vírus que sua proteína Spike não é capaz de cumprir seu papel
Ainda, os anticorpos ligados a um patógeno como este também acionam outras células do sistema imunológico para atacar e limpar todo o complexo anticorpo-alvo; é como se essas moléculas ligassem vários bat-sinais no local que estiverem ligadas ao agente a ser eliminado
Além dos anticorpos, temos as células, como as células T, que buscam por células infectadas por um agente infeccioso, como um vírus, no corpo. Ao localizá-las, iniciam o processo de eliminação, antes que a célula libere particulas virais no organismo
E é justamente graças a apresentação de pequenas porções do vírus para essas células, que elas aprendem a reconhecê-lo. É como se essas células apresentadoras entregassem um dossiê sobre como reconhecer rápido, de forma específica e potente qualquer traço do agente infeccioso!
Bem, como o vírus poderia tentar contornar isso? mudando sua proteína de superfície (a Spike) para tentar ser menos reconhecido pelo nosso sistema de defesa. E ele pode fazer isso infectando mais pessoas (ou seja, com a transmissão elevada). Só que existe um fino balanço nisso.
A proteína ainda precisa ser parecida o suficiente com a versão anterior para poder seguir entrando na célula.
Isso não é tão fácil pro vírus. Existem inúmeras maneiras de se ligar a um determinado alvo, e toda a função dessa resposta é estar pronta para todos os tipos de alvos
Então eis o balanço: é preciso mudar (por mutações) muito a proteína pra escapar das defesas, mas também produziria definitivamente um coronavírus que não poderia infectar células humanas da maneira que evoluiu completamente para fazer isso.
Encontrar uma rota de infecção completamente nova é (mutacionalmente) extremamente caro e complexo, e não algo que pode ser feito "na hora".
Mas isso pode ser alcançado. Com incontáveis mutações e variantes em cima de variantes. O que propicia isso é O AUMENTO DA TRANSMISSÃO.
E qual o efeito das vacinas sobre a transmissão? REDUÇÃO!
Explico muitos mecanismos aqui, a partir de uma revisão incrível pelo grupo da dra. @VirusesImmunity
Quanto mais chances você der ao coronavírus de se reproduzir, mais mutações ele explorará. Seu sistema de revisão para reprodução é muito bom, mas não perfeito, e é daí que vêm as mutações. É um jogo de números e chances o tempo todo. science.org/content/blog-p…
O vírus não está pensando em como escapar da imunidade induzida pela vacina; é jogar coisas aleatoriamente contra cada parede disponível em todas as direções disponíveis, e o que quer que fique preso tem a chance de continuar jogando mais um pouco
Uma pessoa não vacinada precisa montar uma resposta do zero em seu organismo, fora o risco que a doença traz, em vez de ter uma pronta e preparada como alguém que foi vacinado. Quanto mais essas infecções duram dentro do corpo humano, mais apostas o vírus pode colocar na mesa
Portanto, uma forma importante de reduzir as chances de um mutante desagradável aparecer é simplesmente impedir que o vírus se reproduza tanto. Reduza o número de pessoas infectadas. Quando infecta pessoas, reduza a quantidade de tempo que passa se reproduzindo dentro do corpo
Essas contra-medidas são exatamente o que um programa de vacinação em massa faz. Menos pessoas são infectadas e, quando o são, o curso da doença tende, na grande maioria dos casos, a ser mais curto e brando.
Em um preprint publicado recentemente, os autores analisaram mais de 1,8 milhão de genomas de coronavírus de infecções em todo o mundo e compararam esse conjunto de dados com sequências específicas de infecção em pacientes vacinados. medrxiv.org/content/10.110…
O que eles descobriram? As sequências genômicas dos pacientes infectados, mas que previamente foram vacinados, são significativamente menos diversas do que o que é visto na natureza. Ou seja, as 💉 estão restringindo as vias de escape evolutivas e antigênicas acessíveis ao vírus
Concluindo, existem, muitos motivos, tanto em nível populacional, quanto individual, para esperar que a vacinação diminuirá fortemente as chances de uma cepa de coronavírus mais perigosa se estabelecer.
Se tivéssemos campanhas de vacinação amplas e em massa pelo mundo mais precocemente, e pudéssemos implantá-los de forma rápida e ampla o suficiente, é possível que nunca teríamos visto a variante Delta surgir. E isso traz uma discussão relevante sobre acesso a vacina
Discuto isso aqui a partir de uma fala do @DrTedros da @WHO
Se ampliarmos a vacinação AGORA, evitaremos que variantes piores sejam capazes de se formar. Muitas das mensagens que tu pode ler afirmando que "vacinas causam variantes piores" são desinformativas e extremamente perigosas. Não se deixe levar. Busque por evidências científicas!
Em 50 anos, a vida selvagem monitorada na Terra reduziu em média em 73% e se tu acha que isso não tem a ver contigo ou com tua saúde, eu tenho outra notícia ruim...
Há MUITO o que ser feito nos próximos 5 anos para enfrentar as crises climática e de biodiversidade 🔻🧵
O relatório do World Wide Fund for Nature (WWF) se baseia no Índice Planeta Vivo (IPV), fornecido pela SZL (Sociedade Zoológica de Londres) e que inclui quase 35.000 tendências populacionais de 5.495 espécies monitoradas entre 1970-2020. wwflpr.awsassets.panda.org/downloads/rela…
Segundo os dados, o maior declínio foi visto nos ecossistemas de água doce (-85%), seguido pelos terrestres (-69%) e pelos marinhos (-56%). As quedas mais acentuadas aconteceram aqui na América Latina e no Caribe (95%), seguido pela África (-76%) e Ásia-Pacífico (-60%)
Estamos vendo há dias reportagens sobre as queimadas no Brasil, ou observando fenômenos como "sol vermelho" no sul, "céu cinza" na região metropolitana de SP...
Mas temos que falar dos riscos à saúde que a exposição à fumaça das queimadas traz - o fio 🔻
A exposição à fumaça das queimadas traz inúmeros riscos para a saúde humana e animal. Entre os sintomas dessa exposição, a Secretaria de Saúde do Ceará fez um post compilando alguns deles. Reparem que não são só sintomas respiratórios
Além dos efeitos diretos à saúde, a exposição a fumaça também pode indiretamente contribuir para agravo de doenças cardiovasculares e respiratórias (ex.: asma, bronquite, doença pulmonar obstrutiva crônica ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) amazonia.fiocruz.br/?p=47815
Mpox nunca deixou de circular, e até o momento, o vírus detectado no país não é o clado Ib, responsável pelo surto da Rep. Dem. do Congo e países vizinhos e outras regiões, como Suécia, Paquistão.
e por isso é tão importante estar atento aos sintomas e testar. Abaixo, algumas imagens de sinais de alerta e sintomas da doença. Ampliar a testagem e vigilância genômica para identificar clados em circulação é fundamental neste momento. Se tiver sintomas, procure assistência
Mpox é uma doença que pode se transmitir pelo contato sexual e vimos que redes de transmissão dentro desse aspecto tiveram uma participação importante em novos casos na emergência de 2022.
Mas o vírus também se transmite por contato próximo e prolongado
Atualizações sobre #Mpox e dúvidas que surgiram nesse post:
- Há casos no Brasil, mas segundo o @minsaude são causados pelo vírus do clado II (o que circulou na emergência de 2022). Ainda não há casos registrados do clado Ib no país
Mas... (mais no mini fio)🔻
Isso não significa que o vírus do clado Ib não esteja circulando no país, de forma subnotificada. Por isso é importante cuidar os sinais suspeitos: pessoa de qualquer idade que apresente, de modo repentino, lesões nas mucosas/pele, em qualquer parte do corpo
Se tu tiver qualquer um desses sinais suspeitos, ou os sintomas abaixo, procure atendimento médico para realizar exames específicos, e buscar um diagnóstico. Evite compartilhar talheres, objetos, e evite contato próximo, direto e prolongado se suspeito ou diagnosticado
O mundo enfrenta uma ameaça conhecida e negligenciada e que hoje, foi declarada como Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional: #mpox
Nesse fio, falo de sintomas, transmissão, vacinas e por que temos uma 2ª emergência declarada num período de 2 anos 🔻
Mpox é a doença causada por monkeypox virus (MPXV), que pertence ao mesmo gênero que a varíola humana. Ficou conhecido como varíola dos macacos/símia, mas o nome foi mudado para não gerar um entendimento errado que apenas macacos podem transmitir a doença
A transmissão desse vírus se dá pelo contato com animais infectados/reservatórios do vírus, como roedores, por exemplo. Há também a transmissão entre humanos, pelo contato direto, próximo e prolongado (e isso engloba partículas expelidas no ar)
Existe um vírus que se espalha fácil, traz risco tanto durante a infecção (e especialmente com comorbidades, ex: asma), quanto traz risco para sequelas em diferentes tecidos, por tempo indeterminado
O que vimos abaixo é a coroação da banalização da COVID-19.
Se tu achou absurdo um atleta competir nessas condições, te digo que a situação no mundo é muito complicada também.
Não estamos testando adequadamente, não estamos vacinando suficientemente (e não falo só o fato da vacinação não ser universal - o que é uma preocupação)
Não estamos encarando a COVID-19 como ela é: uma pandemia.
Se a situação acima causa revolta e preocupação com a situação do atleta, ela é um produto da banalização de uma doença séria, que segue entre nós e que fingir o contrário não fará ela sumir.