Os países nórdicos conseguiram sim muita coisa boa. Mas nada disso seria possível sem (1) a atual divisão internacional do trabalho que os favoreceu; (2) o risco geopolítico de invasão, o que ajudou num acordo policlassista em prol da manutenção da soberania (1/3).
Defender a UNIVERSALIZAÇÃO do modelo norueguês, sueco ou dinamarquês poderia ser uma meta tática, discordaria de quem vê como estratégica, mas isso implica em transformar uma PARTICULARIDADE (até uma excepcionalidade!) em UNIVERSAL, o que implica em muitas questões (2/3).
Quem não entendeu que a Noruega ou a Suécia são o que são por essas razões não leu, não entendeu os últimos cem anos -- como a China teria crescido, por exemplo? -- e aqueles que não leram, devem se calar (3/3).
P.S.: Só tem Noruega no mundo porque há os brasis e áfricas. Norueguificar a África ou o Brasil implica sim em problemas para a forma como a Noruega se sustenta. Se duvidam, estudem como mineradoras norueguesas operam pelo mundo - mas poderiam ser canadenses e quetais.

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27 Sep
ALEMANHA: BALANÇO FINAL. Qual o legado de Merkel? Depois de 16 anos no poder, a pior votação da história do seu partido. Merkel pegou um partido com 35% dos votos e entrega com 24% (1/10).
Ainda assim, existe uma chance da democracia-cristã continuar no poder. Seria formando um bloco com liberais e verdes, o que é possível. Social-democratas venceram, mas por uma margem apertada, é sua 3ª pior votação na história (2/10).
A diferença entre democratas-cristãos e social-democratas é, hoje, quase nada. Talvez algo em política externa. Em política econômica é muito parecida. Aliás, Merkel foi apoiada pelos "rivais" em 12 dos seus 16 anos de governo (3/10).
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26 Sep
Ainda Alemanha. Na virada do século, um simpático gabinete social-democrata-verde, liderado por Gerhard Schroeder tocou as primeiras grandes reformas neoliberais no país desde o pós-guerra. A chamada Agenda 2010 ou Plano Hartz (1/7).
en.wikipedia.org/wiki/Hartz_con…
As consequências disso foram manifestações massivas na Alemanha. Schroeder foi eleito num clima de ressaca pós-reunificação alemã: as pessoas viram que o capitalismo não era tudo isso, nem inclui as massas do leste. Mas elas foram traídas (2/7).
O irônico é que essa indiferenciação trouxe, em 2005, os democratas-cristãos de volta ao poder. Mas em gabinetes compartilhados com os social-democratas para executar, por seu turno, quase a mesma política gestada por Schroeder (3/7).
Read 9 tweets
26 Sep
Angela Merkel é, certamente, mais popular entre os telejornais e o mainstream global do que os alemães. Nunca conseguiu maioria absoluta, sempre preciso de coalizão para governar. Mas é interessante como seu legado é dourado por liberais-democratas, não é bem assim (1/10).
Uma das bandeiras do seu governo, o acolhimento dos refugiados sírios esconde algo terrível: embora a Alemanha não tenha participado ativamente da operação que destruiu a Síria, ela forneceu armas para a Turquia fazê-lo e apoiou a guerra (2/10).
dw.com/pt-br/guerra-t…
Em um momento que Merkel sofreu pressão para aprovar um salário mínimo federal, por parte dos social-democratas (isso só aconteceu em 2013!), receber refugiados era um meio de baixar o salário médio (3/10).
exame.com/mundo/merkel-d…
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25 Sep
Eleições alemãs: um dia antes da votação, social-democratas estão na frente, mas democratas-cristãos registram um ligeiro crescimento. O sistema eleitoral lá elege parte dos deputados por distrito (299) e a outra metade por lista partidária (410) (1/10).
Sim, o eleitor dá dois votos. No candidato do distrito e no partido de sua preferência. O sujeito pode escolher um candidato de um partido e um outro partido, se preferir. E ocorre muito do eleitor alemão fazer esse voto dissociado (2/10).
Se você pega o voto nos distritos, na última eleição (2017), os democratas cristãos tiveram 37,2% dos votos contra 24,6% dos social-democratas. No voto em lista, foi só 33% a 20,5%. Partidos menores costumam ter menos votos na eleição do distrito (3/10).
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24 Sep
Teremos eleições na Alemanha e a social-democracia lidera, com grandes chances de encabeçar a próxima coalizão. Isso é uma surpresa para muitos, quando se supunha que Merkel faria sucessor direto, agora que se aposenta, mas é mais confuso do que isso (1/7).
Merkel, apesar de ser amplamente celebrada pela mídia global, está longe de ter sido um fenômeno de massas (nunca conseguiu vencer uma eleição sem depender de uma coalizão), resultados (a Alemanha se manteve estável, mas não teve nenhum boom) ou político (sucessor?) (2/7)
Ela basicamente aplicou as reformas neoliberais do governo anterior, liderado por Schroeder e compartilhado entre social-democratas e verdes, puxando a política extraeuropeia para um eixo mais americano enquanto reforçava o poder alemão dentro da Europa (3/7).
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23 Sep
Desde o trágico governo Temer, a centro-direita tradicional entra numa espiral: ela não tem mais voto. E um sentimento de Volta Lula, apesar de Lava Jato e o escambau, se estabelece com tudo entre os eleitores. Aí é que surge Bolsonaro e que chegamos aqui (1/5).
Em 2018, Bolsonaro foi um paliativo, parte da "ponte para o futuro", porque era a única força capaz de evitar que PT retornasse ao poder -- isso depois da prisão de Lula e o golpe parlamentar contra Dilma. Mas a solução (paliativa) virou um problemão (2/5).
Os entendidos do jogo sabiam dos riscos de Bolsonaro, mas havia quem se iludisse ou quisesse iludir. Os primeiros meses do Capitão, contudo, eliminaram qualquer ilusão. E a pandemia fechou a questão (3/5).
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