Tem duas discussões de fundo no debate sobre o eventual socialismo chinês. Uma é a caracterização de socialismo. A outra é o entendimento sobre a dinâmica da moeda dívida. 1/13
Quanto ao socialismo, os críticos se apegam nas relações capitalistas de produção e na crítica ao eventual etapismo. Quanto a dinâmica da moeda dívida, no não entendimento da reprodução dos meios de pagamento que podem ou não se transformar em capital. 2/13
Nesse último aspecto me parece que a compreensão de crise estrutural está equivocada pois o capitalismo está em crise estrutural desde os anos setenta sim, porém não cairá sozinho. A forma moeda mudou e o capitalismo encontrou uma maneira de continuar se expandindo. 3/13
Se essa expansão produz mais capital fictício e mais crises, e isso é verdade, e é outra discussão, a questão é que ele segue se adaptando e se mantendo crescendo, mesmo que as crises sejam mais violentas e recorrentes. 4/13
Quanto a questão do etapismo e das relações de produção, me parece uma idealização da transição. Não vejo como argumentar que as relações comunistas de produção não nascerão das relações capitalistas de produção 5/13
e dado que a tomada do poder pela classe trabalhadora é o início da revolução, não vejo como não serem as relações de produção capitalistas as relações de onde vão se desenvolver as formas comunistas de produção, não é etapismo, é materialismo. 6/13
Não existem relações socialistas de produção, se existissem aí sim teríamos etapismo, pois precisaríamos destas antes das relações comunistas se estabelecerem. 7/13
E se não existem, então é evidente que as relações capitalistas de produção devem dar lugar a relações comunistas de produção a partir da superação das relações capitalistas, não de decisões arbitrárias que se baseiem em uma perspectiva idealista de socialismo. 8/13
Se isso é correto, é correto dizer que as relações comunistas de produção nascerão das relações capitalistas de produção existentes tipicamente manejadas a fim de criar as condições para que as relações comunistas de produção sejam dominantes por sua produtividade 9/13
assim como Marx e Engels colocaram. Enfim, a resposta para a China, pra mim, tá na questão política, mas não só. Tá também nas relações de produção e aí a forma como o Estado chinês administra seu capitalismo é uma forma típica, 10/13
tão típica que pode ser chamada de socialismo pois como eu tentei explicar, a forma do socialismo não é dada, é constituída como uma forma de onde se parte para a criação das bases para relações comunistas de produção. 11/13
Se as relações capitalistas de produção da China viabilizarem o estabelecimento de relações comunistas de produção, trata-se de socialismo. Por isso a resposta sobre se a China é socialista ou não, não pode ser dada agora 12/13
porque esse processo é pautado pela luta de classes e enquanto essa luta estiver sendo lutada ela pode ser vencida ou perdida, é a própria luta que determinará a resposta. 13/13
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Cês tão ligados que classes sociais distintas não frequentam os mesmos espaços, não nas mesmas condições políticas. A divisão de classes da sociedade é também física. 👇🏽
Dito isso eu parei pra lembrar a ocupação das pessoas que eu conheço pessoalmente, do meu círculo social, parei pra pensar "do que elas vivem" 👇🏽
Interessante exercício para perceber o nível de precarização da força de trabalho. 70% mais ou menos das pessoas que eu consegui lembrar vivem subempregados e/ou não tem renda suficiente para se manter, vivem com pais, avós, parentes etc 👇🏽
Sem dinâmica interna e com reprimarização da economia o dólar não vai parar de subir. Podem seguir aumentando os juros, podem fazer a austeridade sei for, não vai adiantar. Isso pode representar um quadro que já assistimos. 1/11
P/quem tem grana não tem problema. Esses garantem o seu na segurança do dólar e seu gasto com consumo no mercado interno é residual frente a sua renda. 2/11
Para o pobre é tragédia. É desemprego, subemprego e renda insuficiente. Acesso ao consumo apenas para a subsistência e condições de trabalho análogas à escravidão. 3/11
Sobre a elevação dos juros: peço vênia aos compas q não ficaram no meu time de se posicionar contra a elevação dos juros. Economia é ciência humana, tem disso, são diferentes formas de ver solução p/os problemas sociais. Não há uma única resposta p/manejo de política econômica👇🏽
Depende da leitura e da estratégia adotada. Eu sou sensível a questão do câmbio, a depreciação muda os preços relativos causando um peso desproporcional da inflação para a classe trabalhadora, não há divergência neste ponto. Meu ponto é que uma restrição ao crédito provocada 👇🏽
Pela elevação dos juros não vai resolver o problema do câmbio nessa conjuntura, ao contrário, pode agravar. Na minha avaliação a trajetória do dólar não vai mudar até haver retomada no nível de atividade, o reposicionamento dos juros vai causar impacto de curto prazo👇🏽