Prometi postar, hoje, um resumo dos dados divulgados pela Vox Populi sobre a intenção de voto - e outros temas correlatos - dos evangélicos para 2022 que apresentei na análise de conjuntura do último dia 11. Promessa é dívida:
1) Os evangélicos seguem o mesmo perfil de interesse na política que os brasileiros em geral: somente 27% têm interesse no "trem"
2) A avaliação que evangélicos fazem do governo Bolsonaro também tem "boca do jacaré" abrindo como ocorre no geral (embora com menos avaliações negativas). A vaia que Jair tomou em Aparecida do Norte, parece, não se limitaria aos católicos
3) Um terço dos evangélicos não gostam de Lula. Marquem essa informação. Perceberão, daqui a pouco, que a birra é com o PT, não muito com Lula.
4) Agora, o surpreendente para muitos: 38% não gostam de Bolsonaro. Uai!!! Evangélicos gostam menos de Bolsonaro que de Lula? Sim, caros amigos! É verdade que é menos gente que entre católicos, sem religião e outras religiões, mas já aparece uma luz no fim do túnel, né?
5) Quando perguntados sobre quem votaria em 2022 no primeiro turno, sem apresentar nome algum para o entrevistado, Lula e Bolsonaro aparecem empatados ...
6) ... e para desespero dos bolsonaristas, quanto mais pobres e menos instruídos, mais evangélicos pensam em votar no Lula. O potencial de voto em Lula nesse segmento é uma avenida aberta em dia de feriado.
7) Na intenção de voto estimulada (quando o entrevistador apresenta uma cartela com os prováveis candidatos), a diferença entre Bolsonaro e Lula diminui: de 4% de diferença na espontânea para 2% na estimulada. Entre evangélicos (porque entre católicos a diferença é de 28 pontos)
8) Para o voto no segundo turno (estimulada) vira uma festa lulista na Avenida Paulista. Já disse muitas vezes que relativizo esse tipo de questão já que a decisão sobre quem vota no segundo turno passa pela disputa do primeiro. É muita variável que gera uma imensa imprecisão
9) Agora, olha isso aqui. 62% dos evangélicos ficaram com boa impressão dos governos de Lula. Lula tem, neste ponto, um fio da meada para puxar.
10) Então, se o problema não é Lula ou seus governos, o que pega entre evangélicos na hora de votar em Lula? O PT. O PT não passa na goela de vários evangélicos tupiniquins. É aí que falha a direção da Gleisi.
11) Já que o slide estava na apresentação do dia 11, lá vai o contato para quem desejar obter informações sobre os Cursos de Verão que a Cultiva (entre dezembro e fevereiro). Cursos de duas semanas de duração.
12) Para quem quer ter uma ideia dos cursos de verão que estaremos desenvolvendo, lá vai:
13) Meu curso INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA terá como temas: Temas centrais (classe social, organização comunitária X societária, instituições X indivíduos, formas de dominação política); Os “três porquinhos” (Marx, Durkheim e Weber) e a dinâmica social no século XX e XXI
14) E no curso INTRODUÇÃO À POLÍTICA tratarei de: temas centrais (Estado, partidos políticos, a relação entre “sociedade política” e “sociedade civil”); dois clássicos (Maquiavel e Gramsci); a organização política no século XX e XXI (as redes sociais e a política de ciclo curto)
15) É isso por hoje. (FIM)
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Bom dia. O fio de hoje é sobre a frase de Chico de Oliveira que postei ontem por aqui. Dizia que os anos 1990 retiraram a musculatura do Estado brasileiro e o século 21 retirou a musculatura da sociedade civil. Lá vai:
1) O Estado foi criado como garantidor da estabilidade social cujo objetivo era sustentar que as expectativas individuais (e coletivas) fossem passíveis de serem realizadas.
2) Se no século 19 surgiu a ideia de proteção social via intervenção estatal – vindo do improvável projeto de Bismark -, no século 20 se projetou, via socialdemocracia, a lógica da promoção social via amplas políticas de Estado.
Bom dia. Postarei um fio sobre o Centrão. Minha leitura é que ele é uma ponta de lança do fisiologismo e da direita brasileira que necessita se aliar com governos progressistas. Explico:
1) O que não parece ter um encaixe equilibrado é a necessidade do Centrão se aliar à liderança de um polo progressista. Foi assim com FHC, puxado por ACM. O faz agora com Lula.
Fico pensando no que o move para este lugar.
2) Uma possibilidade é o fisiologismo que o marca, focado nos espaços miúdos e na fragmentação territorial. Por aí, o Centrão teria muita dificuldade para esboçar um projeto nacional.
Boa tarde. O fio de hoje é uma tentativa de leitura do que me parece um sistema político federal criado após o início do Lula3. Sei que qualquer leitura mais crítica ao governo Lula atrai uma enxurrada de ataques e desesperos, mas sinto que chegou o momento de abrirmos discussão
1) É conhecida a tese de Chico de Oliveira em sua “Crítica à razão dualista”: existiria um todo sistêmico que gerava uma especificidade da economia e sociedade brasileiras e que era interpretado por parte da intelectualidade brasileira como subdesenvolvimento.
2) A dualidade evitava compreender a lógica integrada entre atraso e pujança como um todo devido ao que sugeria ser proveniente de certo moralismo intelectual.
Bom dia. Farei um brevíssimo fio sobre um dos melhores livros da área da sociologia (estaria mais para o campo das teorias do pensamento social) dos últimos anos, o livro "Lugar Periférico, Ideias Modernas". Lá vai:
1) Este livro faz uma cartografia da sociologia brasileira, principalmente paulista, desde o famoso Seminário Marx, iniciado em 1958 e que envolveu Giannotti, FHC, Weffort, Fernando Novaes, Roberto Schwarz, dentre outros.
2) O livro, além de muito bem escrito e rigoroso, se diferencia no panorama recente de empobrecimento intelectual. O diagnóstico do país é hegemonizado pela raquítica leitura da microeconomia. As redações da grande imprensa aceleram este processo pragmático e reducionista
Bom dia. O fio de hoje é sobre o erro de Ricardo Nunes, o prefeito de São Paulo. Ao usar o IDEB como pretenso fundamento técnico para privatizar a educação paulistana, saiu da pista. Lá vai:
1) O prefeito paulistano Ricardo Nunes cometeu seu maior erro desde que começou a se interessar pela privatização da gestão de creches da capital paulista, quando ainda vereador.
2) Ao contrário da ação truculenta de Zema e outros governadores e prefeitos que investiram na privatização da gestão escolar pública, Nunes decidiu criar uma aura de fundamentação técnica ao relacionar a privatização ao IDEB, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.
Bom dia. Vivemos uma espécie de vácuo político, com Lula e Bolsonaro perdendo força. Este é o tema deste fio. Lá vai:
1) A recente pesquisa Quaest que avalia o governo Lula revela que os programas anunciados e as boas notícias não estão gerando impacto positivo na grande massa dos brasileiros. São engolidas por más notícias que são despejadas em sequência.
2) Segundo a pesquisa, 45% afirmam que o que esperavam do governo Lula não foi alcançado e apenas 16% avaliam que o governo faz mais do que esperavam.