Barbados, a mais nova república do mundo, tem uma colônia importante em Rondônia
São descendentes de operários que ajudaram a erguer a ferrovia Madeira-Mamoré há mais de um século
Eis uma história pouco conhecida de imigração negra para o Brasil:
Os “barbadianos” vinham na verdade de vários países caribenhos, recrutados a partir do porto de Barbados
Vários ajudaram a fazer o canal do Panamá e depois vieram ao Brasil fazer a ferrovia Madeira-Mamoré, compromisso que o Brasil assumiu depois de comprar o Acre da Bolívia
Imigrantes de vários países trabalharam na construção em condições bem precárias. Havia surtos de malária, falta de comida, acidentes
Um grupo de 75 italianos abandonou a obra e fugiu para a floresta. Nunca foram achados
O caso é narrado no livro “A ferrovia do diabo”
A ferrovia jamais foi concluída, mas muitos “barbadianos” sobreviveram e ficaram em Rondônia
Levaram ao Estado sobrenomes como Blackman, Johnson e Winter
Soube dessa história em 2013, quando cobria outro fluxo migratório caribenho para a Amazônia -este, do Haiti
Levei 2 haitianos a um terreiro de candomblé jêje em Porto Velho, onde se surpreenderam ao encontrar os mesmos orixás do vodu haitiano (mas essa história fica pra depois)
Naquela viagem, tive uma brecha e consegui reunir vários “barbadianos” na antiga estação da Madeira-Mamoré em Porto Velho. Até fiz esta foto
Ouvi várias histórias, todas anotadas num bloco que tenho até hoje
Mas a reportagem, como a ferrovia, jamais foi concluída
Ainda.
ERRAMOS - Algumas pessoas me corrigindo e dizendo que a ferrovia chegou, sim, a ser concluída
É verdade. O que aconteceu foi que ela deu grandes prejuízos após a inauguração (por causa do declínio da borracha) e acabou desativada
Fala-se muito que a falta de chuvas pode levar o Brasil a um apagão no setor elétrico nos próximos meses
Mas a situação tem se agravado conforme destruímos nosso principal bioma responsável por absorver as águas das chuvas e soltá-la regularmente ao longo do ano, o CERRADO
Fio:
Nascem no Cerrado 8 das 12 bacias hidrográficas do Brasil, entre as quais a do Paraná, central para a produção hidrelétrica no país
Diferentemente do que muitos imaginam, 80% água desses rios tem origem subterrânea. Mas a destruição do Cerrado golpeia o funcionamento do sistema
Há milhões de anos, as plantas do Cerrado desenvolveram raízes profundas e ramificadas para sobreviver no bioma. Quando chove, essas raízes encharcam e permitem a chegada da água até lençóis freáticos e aquíferos
São esses depósitos que alimentam o fluxo dos rios mesmo na seca
Em 1997, membros do Greenpeace foram presos ao protestar em Santarém, mesma cidade onde ambientalistas foram detidos na 3ª
Ao cobrir aquele episódio, a Folha ouviu o dono de uma madeireira crítico à ONG. Chamava-se Alexandre Rizzo, O MESMO NOME do juiz que prendeu os brigadistas
Há dois dias questiono o juiz Alexandre Rizzo se ele é ou tem parentesco com o madeireiro citado na reportagem de 97. Um assessor me disse que lhe repassou o questionamento, mas ele não quis responder. A madeireira deixou de operar há vários anos
Cito essa historinha nesta matéria sobre as disputas que há décadas opõem poderosas famílias de Santarém a ONGs e ambientalistas. A briga aumentou nos últimos anos conforme o turismo cresceu na região, impulsionado por visitantes de SP bbc.com/portuguese/bra…
Já pensou se você acordasse e topasse com um enxame inteiro de abelhas dentro da sala? Foi o que aconteceu comigo ontem. Em São Paulo. Num apartamento. NO DÉCIMO TERCEIRO ANDAR.
Segue o FIO
Estou passando alguns dias na casa da minha mãe enquanto me preparo para mudar de casa. Anteontem resolvi fechar uma das caixas de abelha que eu crio em casa e levá-la para a minha mãe. São mandaçaias, abelhas nativas sem ferrão
As mandaçaias são adoráveis. Passam o dia trabalhando e nunca atacam. Ficam no quintal dos fundos. Deixam a cidade menos hostil, polinizando plantas que produzem frutos para nós e os passarinhos. Também cuido de uma colônia de jataís, igualmente admiráveis (outro dia falo delas)