Thread by @SBBioacustica

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Os índices acústicos podem servir como proxy para a riqueza de espécies de aves? Evidências de uma paisagem insularizada da Amazônia central.
@Bicudose
@DiegoLlusia
@MarinaAnciães
@diegogil_twitt

A intensa perda da biodiversidade é preocupante, especialmente em áreas diversas como a Amazônia. Assim, esforços para conservação requerem métodos eficazes para a avaliação rápida e confiável da biodiversidade. Atualmente o uso de índices acústicos vem atendendo esse requisito.

No entanto, ainda não está claro quão confiáveis esses índices são, principalmente em ambientes com alta diversidade de espécies. Portanto, testamos a eficiência dos índices acústicos como proxy para a riqueza de aves, em um ambiente insularizado na Amazônia central.

O estudo foi realizado em ilhas do reservatório hidrelétrico de Balbina, AM. Utilizamos dados de monitoramento acústico passivo para calcular cinco dos principais índices acústicos (ACI; ADI; AEI, BI; H) em 24hs de gravação e acessar a variação diária de toda paisagem acústica.

Para relacionar os índices com a riqueza de espécies de aves, utilizamos a identificação manual das espécies somente em gravações do coro matinal. Para isso, testamos diferentes combinações de índices em modelos lineares mistos e selecionamos o melhor modelo com base em AICc.

Os índices apresentaram padrões distintos ao longo do dia, evidenciando mudanças entre paisagens acústicas diurnas e noturnas, graças a maior contribuição dos insetos e anuros para paisagem. Em geral, os índices acústicos apresentaram padrões semelhantes entre as áreas estudadas.

Três índices (ADI, H e BI) refletiram mudanças na riqueza de aves, apresentando maiores valores com o aumento da riqueza, porém com uma baixa explicação (R2 marginal = 0.01). Isso demonstra limitação no uso dos índices como proxy para riqueza de espécies.

O fato de que o modelo incluindo três índices diferentes foi mantido como melhor modelo mostra que a combinação desses índices é um melhor preditor da riqueza de aves do que utilizar um único índice para sumarizar toda a biodiversidade local.

Apesar de revelar padrões acústicos distintos, este estudo mostra que os índices acústicos tiveram baixa eficiência como proxy para riqueza de aves amazônicas, possivelmente por diferenças na densidade de espécies e presença de ruído de outros organismos, entre as áreas.

Propomos o uso de índices acústicos como uma ferramenta complementar, não substituindo a avaliação tradicional da biodiversidade. Esperamos que métodos envolvendo aprendizagem de máquina (deep learning) possam aumentar a eficácia dos índices em ambientes tropicais.

Palavras-chave:
Soundscapes, Monitoramento acústico passivo, Índices acústicos, Amazônia