Há 187 anos, em 6 de janeiro de 1835, um grupo de indígenas, negros e mestiços liderados por Antonio Vinagre, invadia o palácio do governo de Belém e destituía o presidente da província do Grão-Pará, dando início à Cabanagem.
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A revolta popular, motivada pela insatisfação das massas com a pobreza generalizada e pelo descontentamento das elites locais com a negligência do governo imperial, arrastou-se por cinco anos e meio e tornou-se a guerra civil mais sangrenta da história do Brasil.
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A Cabanagem logrou a constituição de um governo revolucionário, mas foi violentamente debelada pelas forças imperiais. O conflito deixou c. de 40 mil mortos, dizimando um terço da população do Grão-Pará, incluindo o extermínio de nações indígenas inteiras.
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A revolta surgiu durante o período regencial, marcado pela instabilidade política, crise econômica, diputas de poder entre conservadores e liberais, insurreições e rebeliões das províncias que exigiam mais autonomia.
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No Grão-Pará, as dificuldades econômicas e a turbulência política eram acentuadas pelo isolamento da região. O reconhecimento oficial da independência do Brasil na província fora adiado em quase um ano, em função da presença massiva de soldados portugueses.
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Líderes populares e facções da elite local criaram uma aliança para combater as tropas lusitanas, onde se destacaram o cônego e jornalista Batista Campos, os irmãos Vinagre (Manuel, Francisco e Antonio) e o fazendeiro Félix Clemente Malcher.
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Os portugueses foram derrotados após Pedro II contratar uma missão militar chefiada pelo mercenário inglês John Pascoe Grenfell. Formou-se então um governo provisório, mas Batista Campos e os demais líderes do movimento autonomista foram segregados pela nova administração.
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O incômodo com a marginalização das lideranças se somou ao crescente descontentamento dos setores populares com a pobreza, o descaso do governo regencial e as más condições de vida e de trabalho.
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Defendendo o fim da escravidão, autonomia para a província e a adoção de um regime republicano, Batista Campos conseguiu a adesão das massas populares — negros, indígenas e mestiços, ditos "cabanos", em referência às cabanas que serviam de habitação aos ribeirinhos.
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Teve início assim a sublevação popular, eclodindo com uma rebelião em uma guarnição militar da capital da província. Para conter a rebelião, as autoridades regenciais enviaram o mercenário inglês John Pascoe Grenfell a Belém. Os cabanos, entretanto, não se intimidaram.
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Visando aplacar a revolta popular, o governo regencial nomeou Bernardo Lobo de Sousa para substituir Machado de Oliveira como presidente da província. O novo gestor, entretanto, deu continuidade à política de repressão, inflamando os ânimos dos revoltosos.
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As tropas governistas assassinaram Manuel Vinagre e prenderam Malcher e os demais líderes da sublevação. Batista Campos, por sua vez, faleceu alguns meses depois, em função de uma infecção ocasionada por um corte.
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Em 6 de janeiro de 1835, Antonio Vinagre liderou um grande contingente de rebeldes, formado por indígenas tapuios, negros alforriados e mestiços, até o centro de Belém. Os rebeldes invadiram o quartel e o palácio do governo, depondo Lobo de Sousa.
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No dia seguinte, Lobo de Sousa e demais funcionários da cúpula do antigo governo provincial foram executados. Libertado da cadeia, Clemente Malcher foi proclamado presidente da província e Francisco Vinagre assumiu o posto de comandante das armas.
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O 1º Governo Cabano teve curta duração. Ligado aos latifundiários, Clemente Malcher traiu os rebeldes poucos dias após ser empossado, declarando sua fidelidade ao governo regencial e ao Império do Brasil e ordenando a prisão de Eduardo Angelim, chefe dos revolucionários.
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Sem apoio popular e renegado por seus comandados, Malcher foi deposto e executado. Francisco Vinagre assumiu a chefia da província, inaugurando o Segundo Governo Cabano. Mas, assim como o antecessor, Vinagre abriu negociações com o governo regencial.
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Regente Feijó ordenou ao marechal Manuel Jorge Rodrigues que liderasse uma expedição até Belém para assumir o comando da província. Pressionado, Francisco Vinagre negociou a rendição do movimento, concordando em entregar o governo a Jorge Rodrigues em troca da anistia.
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Os cabanos recusaram os termos do acordo e se refugiaram no interior da província. Jorge Rodrigues ordenou a prisão de Francisco Vinagre tão logo assumiu o comando da província do Grão-Pará, mas os cabanos seguiram resistindo no interior.
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Sob a liderança de Antonio Vinagre e Eduardo Angelim, os combatentes recompuseram o exército revolucionário e iniciaram novamente uma ofensiva visando a tomada de Belém. Reconquistaram a cidade em agosto de 1835 após 9 dias de conflito.
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Em novembro de 1835, Eduardo Angelim inaugurou o Terceiro Governo Cabano, que duraria 11 meses. A persistência dos conflitos, a instabilidade política e a oposição das elites, entretanto, impediu a implementação das mudanças defendidas pelo movimento revolucionário.
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Em março de 1836, o Império autorizou guerra total contra os cabanos e nomeou o brigadeiro Soares de Andrea como presidente do Grão-Pará. Uma gigantesca expedição militar foi despachada até Belém, apoiada por 4 navios de guerra que submeteram Belém a um bloqueio naval.
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Subjugados pela superioridade das tropas legalistas, os insurgentes foram obrigados a recuar para o interior. Soares de Andrea ordenou aos soldados imperiais que perseguissem os combatentes cabanos, por julgar que ainda constituíam uma ameaça.
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Os cabanos seguiram combatendo as tropas imperiais no interior da província até 1840, quando foram totalmente dizimados. À medida em que avançavam pelo interior, as tropas imperiais massacravam os ribeirinhos e indígenas suspeitos de auxiliarem os cabanos.
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Estima-se que a repressão à Cabanagem tenha causado a morte de aproximadamente 40 mil pessoas — mais de um terço da população do Grão-Pará. O conflito civil permanece até hoje como o mais sangrento da história do Brasil.
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Quem diria? Jones Manoel, militante do PCB, e Radio Free Europe, veículo de mídia anticomunista mantido pelo governo dos Estados Unidos, divulgam matérias sobre Aynur Kurmanov, um dos líderes dos protestos no Cazaquistão.
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Fundada pelo governos dos Estados Unidos em 1949, a Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL) surgiu como um aparelho ideológico e órgão auxiliar da Agência Central de Inteligência (CIA).
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De forma semelhante à Radio Free Asia, a RFE/RL tinha como foco a difusão de propaganda anticomunista e a promoção dos interesses comerciais, militares e estratégicos dos Estados Unidos.
O mandatário chinês Xi Jinping, Secretário-Geral do Partido Comunista da China, criticou hoje a interferência externa nos protestos que eclodiram no Cazaquistão, denunciando a tentativa de insuflar uma revolução colorida no país.
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No comunicado direcionado ao presidente cazaque, Kassym-Jomart Tokayev, Xi Jinping afirma que a China "se opõe às forças externas que desencadeiam agitação e incitam a uma 'revolução colorida' no Cazaquistão".
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O governo chinês também se comprometeu a "oferecer toda a ajuda que o Cazaquistão precisar para superar as dificuldades atuais" e reforçou a continuidade da parceria amistosa entre as duas nações, "não importando quais desafios e riscos sejam enfrentados".
"Não é por dois pesos. É pelo país!". Esse era o grito de guerra dos manifestantes do movimento "Pos Me Salto" ("Então Eu Pulo") que eclodiu na Cidade do México em 2013. Os manifestantes protestavam contra o aumento de dois pesos na passagem do metrô da Cidade do México.
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Inicialmente, o protesto consistia em incentivar os passageiros a pularem as catracas do metrô. A maioria dos manifestantes eram estudantes e o protesto logo tomou ares de "flashmob", com pessoas caprichando na performance dos saltos para postar nas redes sociais.
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Em uma matéria publicada em 19 de dezembro de 2013, o jornal "El Universal" acusou sete ativistas brasileiros do Movimento Passe Livre, que estavam na Cidade do México na ocasião, de estarem assessorando organizações interessadas em articular mobilizações populares massivas.
Nas ruas de Havana, cubanos respondem se passaram fome durante a quarentena.
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Mesmo sentindo os efeitos devastadores do embargo comercial mantido pelos EUA há 60 anos — que já causou prejuízos de mais de 750 bilhões de dólares à sua economia — e apesar de todas as limitações advindas de suas condições geográficas...
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Cuba segue possuindo a menor taxa de subnutrição do continente. Indicadores sociais como mortalidade infantil e expectativa de vida também são superiores aos de muitas nações desenvolvidas, incluindo os Estados Unidos.
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Madames francesas se divertem atirando esmolas para crianças vietnamitas no "Pagode das Senhoras", em Hanói.
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As mulheres são Blanche e Hélène, respectivamente esposa e filha de Paul Doumer, então Governador Geral da Indochina, responsável por administrar as possessões coloniais francesas no Sudeste Asiático — incluindo o Vietnã.
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Paul Domer era Co-Príncipe de Andorra e assumiu a presidência da França em 1931, mas foi assassinado antes de completar um ano no cargo.
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Manchete do Jornal do Brasil informando sobre a posse de Ciro Gomes como Ministro da Fazenda do governo Itamar Franco e sua intenção de acelerar as privatizações e a dar continuidade ao receituário neoliberal e ao processo de abertura da economia iniciado por Collor.
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Após o impeachment de Collor, o PSDB passou a compor a base de apoio do governo de seu sucessor, Itamar Franco. Ciro Gomes, então um dos maiores nomes do partido, foi o indicado para assumir o Ministério da Fazenda, substituindo Rubens Ricupero.
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Como credencial para a indicação, o PSDB citou a gestão fiscal empreendida por Ciro no governo do Ceará — um programa neoliberal de redução da máquina pública, incentivos fiscais, arrocho salarial e terceirização de serviços públicos.