Chegamos àquela altura do ano em que instigo jovens colegas portugueses - de direito ou ciências sociais - a candidatarem-se ao programa de doutoramento do Instituto Universitário Europeu de Florença. Foi uma das melhores decisões da minha vida. Uma breve 🧵de prós e contras. /1
Começarei pelo único real contra. Durante 4 anos vivi um perigoso e saudoso ciclo vicioso: enquanto estava em Itália quis sempre aproveitar bem a sua gastronomia; quando voltava para Portugal, de férias, esforçava-me ao máximo para matar saudades da gastronomia portuguesa. /2
(A sério. É diabólico para portugueses, deste ponto de vista. Mas também espetacular, pelas mesmas razões)
Fora isso, os principais prós.
Primeiro, e só para despachar, o campus - todo ele - é assim. /3
Segundo, existe uma massa crítica de doutorandos que todos os dias aprendem uns com os outros (seja com os colegas de história, ciência política, economia ou várias áreas do direito) e que formam uma comunidade internacional e coesa. Foi lá que fiz das minhas melhores amizades./4
Terceiro, as condições para realizarmos a nossa investigação são excecionais. Desde a biblioteca ao nosso orçamento para viagens e conferências; de cursos gratuitos de línguas estrangeiras a oportunidades constantes de diálogo e feedback sobre o nosso trabalho /5
Quarto, o doutoramento conferido pelo IUE é reconhecido em Portugal.
Quinto, apesar de existirem num número limitado (4 por ano), as bolsas da FCT para portugueses que façam o doutoramento em Florença são, digamos, confortáveis. /6
Sexto, Florença./7
Sétimo, o sucesso do programa de doutoramento, quer do ponto de vista do número de candidatos que o completam, quer do ponto de vista da sua empregabilidade - muitos trabalham nas melhores universidades ou exercem funções de relevo nos setores público e privado./8
De que estão à espera? O prazo é até dia 31 de janeiro./9
Not an international lawyer but many of the concerns stated in this thoughtful post (if only for expressing an unpopular but principled opinion) apply to other areas of law. I don't think "apolitical neutrality of the law vs academic legal activism" is the right angle, though🧵/1
It is the angle many QTs and comments post are taking. There is no doubt that the search for scientific truth in legal doctrine can't be equated with 'hard' sciences with more broadly accepted "truth criteria" and, in that sense, pure objectivity is never possible. Moreover... /2
Pure objectivity can never be achieved either because all interpreters approach the law with a bunch of implicit, often unconscious, "background assumptions"/preconceptions about what the rules are for, and the real-world nature of the object of those rules. That said, ... /3
Preocupa-me qualquer enfraquecimento de mecanismos de escrutínio do poder - porque noutros países isso facilitou rapidamente o seu abuso. Nos anos da Troika, também me afligiu a deslegitimação normalizada do TC. Dito isso, é absurda a tese de Portugal como ditadura socialista.1/3
A experiência húngara e polaca é um aviso para nós (e para qualquer outra democracia). Já o disse antes. Não por causa de questões de direitos humanos. Mas apenas porque ilustram como é fácil o poder ser abusado assim que lhe erodimos os feios e o confiamos a "homens fortes".2/3
Defender as nossas instituições não é causa de esquerda vs direita. Quero uma república soberana capaz de realizar políticas de esquerda ou direita consoante a maioria, mas sempre sob escrutínio eficaz. Ter essa preocupação não tem nada a ver com trivializar a tirania. 3/3
Não sendo politólogo, suspeito que há algo para se dizer sobre se André Ventura será o nosso Geert Wilders. Eis porquê: /1
1) Tal como Wilders, Ventura começa a carreira política num grande partido de centro-direita: Wilders no Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VVD); Ventura no PSD. 2) Lá, ambos são promovidos por figuras de topo do partido (Bolkestein e Passos Coelho) /2
3) Em retrospetiva, compreende-se em ambos os partidos que essa promoção foi um erro de discernimento. 4) Como Wilders, Ventura apercebe-se ainda dentro do partido original que há um nicho eleitoral por explorar na xenofobia (Wilders contra muçulmanos, Ventura contra ciganos)/3