Mola, o leão, é o mascote da Copa Africana de Nações. Ele já vestiu colete à prova de balas em alguns de seus passeios por Camarões.
Da mesma forma, estrelas como Salah e Mané têm guardas armados durante suas estadias no país.
Afinal, por que tanta preocupação com segurança?
A resposta óbvia é o trauma do ataque terrorista à seleção de Togo, que aconteceu na CAN de 2010, disputada em Angola.
Na ocasião, militantes da Frente para a Liberação do Enclave de Cabinda emboscaram o ônibus que carregava os togoleses.
O ataque de 2010 acabou com três mortos - Mario Adjoua, motorista do ônibus, Stanislas Ocloo, comentarista da televisão togolesa, e Amélete Abalo, assistente técnico.
Atletas ficaram feridos - o goleiro Kodjovi Obilalé teve que encerrar a carreira pelas sequelas.
A Frente para a Libertação do Exclave de Cabinda é um movimento separatista que luta pela independência de Cabinda, região onde fica o estádio onde Togo jogaria suas partidas.
Supostamente, o ataque era dirigido aos seguranças que escoltavam os togoleses.
Mas claro que existe mais coisa por trás: Camarões também tem um movimento separatista, e esse movimento também realizou ataques recentes.
A região é conhecida como Ambazônia, composta pelos camaroneses anglófonos.
A República da Ambazônia se declarou como independente em 1999, mas não foi reconhecida por nenhum estado membro da ONU.
Os separatistas afirmam que os camaroneses anglófonos não são respeitados pela maioria francófona, recebendo grande discriminação.
Nenhum ataque contra civis é reconhecido como causado pelas Forças de Defesa da Ambazônia, organização militar oficial.
Porém, outros grupos separatistas já cometeram vinte e cinco ataques, resultando na morte de treze civis.
Ano passado, uma menina de cinco anos morreu em um ataque com bombas à sua escola. Houve ameaças de grupos separatistas da Ambazônia de possíveis ataques à Copa Africana de Nações.
Outro problema é a presença do Boko Haram em territórios no norte de Camarões. Eles também fizeram ameaças de ataques à CAN.
Com isso, as autoridades camaronesas e a Federação Africana têm um claro trabalho: impedir que uma tragédia como a de Angola 2010 se repita.
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Em 2018, Polônia e Senegal jogaram pela 1ª fase da Copa do Mundo, com comentários da imprensa sobre como o jogo senegalês era mais “físico e veloz”, o que garantia a vantagem sobre os poloneses.
Mas essas características estavam lá mesmo ou é só o que se diz de times africanos?
Com o início da Copa Africana de Nações, novamente ouvimos comentários sobre “força física” e “velocidade” dos jogadores do torneio, e pouco sobre organização tática e jogo coletivo.
Hora de relembrar um estudo divulgado no final do ano passado, no blog FiveThirtyEight.
A Sportlogiq, empresa canadense que trabalha com dados esportivos, possui uma tecnologia de captura de movimentos que consegue reproduzir o que jogadores fazem em campo em animações 2D.
Nelas, os jogadores podem ser visualizados como bonequinhos iguais, sem diferença de cor.
O cabo de guerra entre Europa e África por causa da Copa Africana de Nações não começou em 2022.
Aliás, podemos traçar a origem da disputa até a 1ª edição da CAN em 1957.
Um ano antes, em 1956, a FIFA vetou a iniciativa africana, considerando o continente “despreparado”.
O mundo ainda estava se recuperando dos eventos da 2ª Guerra Mundial. Já falamos, por exemplo, sobre como a criação da UEFA foi importante para a reintegração da Europa.
Na África, porém, grandes impérios coloniais ainda resistiam.
E uma competição como a CAN era perigosa.
Com a formação da ONU após a guerra, em 1945, os países-membros se comprometeram a respeitar a autodeterminação dos povos.
A África já tinha algumas nações independentes, como Libéria, África do Sul e Egito.
Mas as demais precisariam botar à prova esse compromisso da ONU.
As relações entre Argélia e Marrocos nunca foram boas, e uma apertada vitória argelina nos pênaltis na semifinal da Copa Árabe não ajudou em nada a situação.
Os saarauís, grupo étnico do Saara Ocidental, celebraram a vitória da Argélia.
Lá vem thread.
Como várias tretas africanas, essa tem origem no processo de colonização europeu.
A região do Saara Ocidental era uma possessão colonial espanhola, desocupada nos anos 70 e “doada” a Marrocos e Mauritânia.
Mas isso não foi aceito pelos saarauís, maioria étnica por lá.
Formou-se então a Frente Polisário, um grupo militar que resiste à ocupação marroquina no Saara Ocidental (a Mauritânia desistiu de reivindicá-lo).
Atualmente, cerca de 80% das terras estão sob controle marroquino e 20% pelos saarauís.
“Buscar refúgio não é crime!”, diz a faixa exibida por torcedores do Hamburgo, que exigem que as autoridades alemãs encerrem as investigações contra seu jogador, Bakery Jatta, vindo da Gâmbia pra Alemanha quando ainda era um jovem. Ele é acusado de mentir sobre seu nome e idade.
Nós chegamos a contar a história de Jatta aqui em 2019. Na época, dissemos que se tratava de fake news, algo que o jogador e seus advogados ainda sustentam.
Há novas evidências que apontam ser possível que, sim, ele tenha falseado suas informações reais.
A questão aqui é que, caso ele o tenha feito, pode ser porque a lei alemã trata de forma diferente pedidos de refugiados que desejam entrar no país, de acordo com a idade do solicitante. Então, talvez Jatta tivesse 18 e não 17 anos em sua chegada, mas só assim ele poderia entrar.
77,8% dos sócios do Bayern de Munique votaram na assembleia geral do clube ontem para que a equipe se identifique com os “direitos humanos reconhecidos internacionalmente”.
Toda a diretoria votou contra.
No centro disso, está o polêmico contrato com o Catar e sua linha áerea.
Embora essa questão tenha sido votada, o encerramento do contrato com a Qatar Airways não foi.
A diretoria do Bayern conseguiu se amparar em decisão judicial para dizer que a assembleia não era competente para votar sobre o assunto.
Michael Ott, o sócio que propôs a moção favorável ao encerramento do contrato, tem uma leitura interessante de por que ele é ruim, para além da questão dos direitos humanos:
O Catar contorna as regras de fair play financeiro no PSG. Quem as respeita, como o Bayern, se dá mal.