Na nova matéria do @david_agape_ , escrita em colaboração comigo, falamos sobre alguns erros cometidos por agências de checagem brasileiras no contexto do Covid-19 e sobre a postura destas agências ao serem questionadas diante dos equívocos.
Um dos nossos entrevistados encontrou erros factuais e imprecisões em uma checagem da @agencialupa sobre o uso de hidroxicloroquina como tratamento contra a Covid-19.
Foi o bancário Rômulo Araújo quem procurou a reportagem da @gazetadopovo para contar sua história.
Ao perceber as falhas, ele tentou primeiro advertir a agência, mas a Lupa nem respondeu nem alterou as alegações. Tentou contato com a @factchecknet , órgão internacional responsável pela certificação e fiscalização da atuação de diversas agências, inclusive a Lupa. Sem sucesso.
Entre os erros apontados por Rômulo estavam afirmações que contradizem frontalmente os próprios estudos usados pela agência como referência para a checagem.
Por exemplo: sobre um dos estudos a Lupa afirmou que se tratava de um estudo duplo-cego e que os voluntários tomaram o medicamento exatamente após 4 dias após contato com o vírus.
Acontece que o estudo ao qual o texto da Lupa se referia era um ensaio aberto com pacientes hospitalizados. A pesquisa incluía pessoas sintomáticas há 14 dias. Os próprios autores do estudo destacam que NÃO ser duplo cego era uma limitação da pesquisa.
Rômulo nos contou que inicialmente contava com a possibilidade de o erro ter sido cometido de forma inocente, mas que se surpreendeu ao não ter respostas e nem ver qualquer alteração diante das correções feitas por ele.
Em busca por esclarecimentos, @david_agape_ também tentou contato com a @agencialupa, mas recebeu a mesma resposta que nosso entrevistado.
Tratamos também de episódios em que agências classificaram como falsas a alegações em franca disputa científica (como a eficácia do uso de máscaras ou a origem do novo vírus) e que não poderiam ser assim classificadas segundo os critérios divulgados pelas próprias.
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A história do Rômulo realmente me impressionou. Não importa o que você pensa sobre o uso de hidroxicloroquina para Covid-19. O roteiro desta checagem da @agencialupa foi o seguinte (segue o fio):
1 - alguns médicos defendem o DIREITO ao uso, alegando a existência de algumas evidências (estudos) favoráveis, reconhecendo que os estudos não são definitivos, mas indicando que na ausência de tratamentos bem estabelecidos deve se ter o direito de usar o arsenal disponível.
2 - A @agencialupa diz que os médicos usaram informações falsas. Nega que exista evidência na literatura médica a favor do “tratamento precoce” e indica (importante) randomização e duplo-cego como características principais de um “estudo científico que usa metodologia rigorosa”
“Homem e mulher não existem: gênero é construção social”, este mantra indicativo claro de déficit cognitivo poderia ser satisfatoriamente substituído por:
“Martelo e alicate não existem: nomes de ferramentas são construções sociais”
“Manga carlotinha e manga rosa não existem: variedades de fruta são construções sociais”
@agencialupa Apaga essa errata e faz outra, porque essa aí ficou tão bosta quando a primeira.
@agencialupa Vou sugerir a errata correta. Vocês apenas copiem e colem. Prestenção nos próximos tuítes.
@agencialupa ERRAMOS: Sugerimos equivocadamente e com base em fontes sem nenhuma credibilidade que determinados vocábulos e expressões correntes da língua portuguesa tivessem etimologia e significado racista.
Tudo começou com a @agencialupa e a @DefensoriaBahia mentindo desavergonhadamente sobre a etimologia e semântica (que são dois domínios distintos do saber linguístico, aliás) de palavras como "mulato" e "doméstica".
Aí eu resolvi mentir descaradamente igual que nem a @agencialupa e inventar umas etimologias bem arretadas de discriminatórias para expressões como "pegue o pombo" e "tomar vergonha na cara".