1/13 Texto dela, Elza Soares.
A COPA QUE NÃO COMEMOREI
"Além de ter sido um período muito difícil para o Brasil, a ditadura militar foi quando tive minha casa metralhada. Estávamos todos lá: eu, Garrincha e meus filhos. Os caras entraram, metralharam tudo e nunca soube a razão
2/13 Era 1970, já tínhamos recebido telefonemas e cartas anônimas, nos sentíamos ameaçados e deixamos o país. Acredito que fizeram isso por conta do Garrincha, mas também por mim, pois eu era muito inflamada e então, como ainda hoje, de falar o que penso.
3/13 Eu andava muito com o Geraldo Vandré e devem ter pensado que eu estava envolvida com política. Mas eu sou uma operária da música, e qual é o operário que não se revolta?
4/13 Fomos pra Roma, e lá o Garrincha, que não tinha sido convocado para aquela Copa, estava em desespero por não estar jogando e por não ter onde morar. Estávamos num hotel, vendo o Brasil ser campeão. Foi qdo Juca Chaves foi comemorar na Piazza Navona onde fica nossa embaixada
5/13 Estávamos trancados dentro de um apartamento, e o Garrincha queria sair de qualquer maneira: queria participar da festa, mas ao mesmo tempo estava altamente deprimido. Ele perdeu a casa, teve de deixar o país e não sabíamos como voltar.
6/13 Enquanto se celebrava o fato de o país se tornar o 1º tricampeão na história da Copa do Mundo, o Brasil fazia barbaridades com sua população. Garrincha sentia um misto de alegria e dor pq ele queria comemorar mas ao mesmo tempo sentia repulsa por tudo q nos havia acontecido.
7/13 Imagine o q é para um homem que pra mim está acima de qq nome no nosso futebol ser mandado embora do país. Isso já é tenebroso, vergonhoso; imagine então ele vendo aquela conquista confinado numa selva de pedra no exterior sem entender nada, sem saber o q houve c/ nossa casa
8/13 Aquela foi a época em que ele mais bebeu, e não saía de casa, pois tinha vergonha de aparecer embriagado. Eu fazia de tudo para ele não beber mas não adiantava. Era tão grande a minha angústia que eu tinha vontade de invadir a embaixada brasileira em Roma. Mas segurei a onda
9/13 Continuamos vivendo num hotel e tivemos grande ajuda de Chico Buarque e Marieta. Eles tinham se exilado na cidade e foram dois amigos de alma. Ali eu tive um bom empresário, trabalhei muito e fui ganhando o dinheiro com o qual pagava todas as contas.
10/13 Durante um jantar, conheci Ella Fitzgerald, que estava fazendo shows com repertório de bossa nova e teve um problema de saúde. Eu acabei substituindo-a.
Mas, qdo descobriram que eu trabalhava sem documentação na Itália, tivemos de sair de Roma - então fomos para Portugal.
11/13. Um dia, estávamos no Cassino Estoril, perto de Lisboa, e encontramos o Flávio Cavalcanti e o Maurício Sherman, que dirigia um programa na TV Tupi. Eles deram ao Garrincha uma camisa do Brasil, querendo homenageá-lo - mas quem queria camisa da seleção naquela altura?
12/13"Obrigado o..., cadê minha casa, minha moradia? Já vesti a camisa do Brasil antes, já dei tudo que poderia dar ao Brasil", ele disse.
Passados 50 anos do golpe, ninguém jamais tomou nenhuma atitude sobre o q nos aconteceu naquele 1970, e continuo brigando pelo Mané, até hoje
13/13 Quando eu canto "Meu Guri", canto com muita força, e essa é uma maneira que eu tenho de cantar uma música do Chico, mas homenageando o Mané. Eles são os dois guris de my life".
ELZA SOARES, 76,
Folha de São Paulo 25/05/2014
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1/7 - Pra começar bem o fim de semana, e não perder o hábito, aí vai mais em depoimento histórico de Elza Soares - #ElzaVive
"Um dia descobri que cantava.
O meu filho mais velho João Carlos estava morrendo e eu já tinha perdido 2 filhos e não queria perder mais um.
2/7 - "Eu não tinha dinheiro pra cuidar do meu filho e ouvi no rádio que o programa do Ary Barroso de calouros Nota 5, estava com o prêmio acumulado. Não sei como, mas eu sabia que ia buscar esse prêmio!
Fiz a inscrição e me avisaram que eu precisava ir bonita.
3/7 - "Mas eu não tinha roupa nem sapatos, não tinha nada! Então, eu peguei uma roupa da minha mãe, que pesava 60kg e vesti, só que eu pesava 32kg, já viu ne? Ajustei com alfinetes.
Tudo bem que agora é moda ne? Hoje até a Madonna usa, mas essa moda aí fui eu que comecei viu?
1/6 Texto pra Elza
por Chico Buarque de Holanda
“Se acaso você chegasse a um bairro residencial de Roma e desse com uma pelada de meninos brasileiros no meio da rua, não teria dúvida: ali morava Elza Soares com Garrincha, mais penca de filhos e afilhados trazidos do Rio em 1969.
2/6 Aplaudida de pé no Teatro Sistina, dias mais tarde Elza alugou apt. na cidade e foi ficando, ficando e ficando. Se acaso vc chegasse ao Teatro Record em 68 e fosse apresentado a Elza, ficaria mudo. E ficaria besta qdo ela soltasse gargalhada e cantasse: “Elza desatinou, viu”.
3/6 - Se acaso você chegasse a Londres em 1999 e visse Elza Soares entrar no Royal Albert Hall em cadeira de rodas, não acreditaria que ela pudesse subir ao palco. Subiu e sambou “de maillot apertadíssimo e semi-transparente”, nas palavras de um jornalista português.
1/16 - Agora, sentem, peguem um sanduíche bem farto de mortadela e uma Coca-Cola família, porque Lula vai falar das relações Brasil e Estados Unidos. Sigam a sequência...
2/16 - “Tenho clareza do papel histórico dos EUA. Muitas coisas que acontecem no Brasil dependem menos da ingerência dos Estados Unidos e dependem mais do complexo de vira-lata da elite brasileira. É ela que permite, que, muitas vezes, chama esses golpes para dentro do Brasil. ”
3/16-“É isso historicamente. Qdo se dizia q os EUA tinham participação no golpe de 64 todo mundo q dizia isso era chamado de conspirador. Aí vem a informação, o telefonema do embaixador americano recebendo ordem do presidente Kennedy pra fazer o q tinha q fazer aqui no Brasil”
1 - Aqui, na sequência, uma seleção de momentos da entrevista de Lula à mídia progressista, hoje. Essas que se seguem foram respostas do ex-presidente-quase-futuro ao jornalista Rodolfo Lucena, do Tutaméia
2 - Lula: “O que os EUA precisam aprender é que o Brasil não é serviçal deles. O Brasil é um país soberano, que define a sua política externa e, da mesma forma que o Brasil respeita a política externa dos EUA, nós queremos que ele respeite a política externa do Brasil. Só isso.
3 - Nós não somos quintal de ninguém. Vale para EUA, para China, para Rússia, para Índia e vale para Guiné Bissau. Respeito é bom, a gente gosta de dar e a gente gosta de receber. É isso que eu posso falar para os EUA. A gente não vai aceitar, como eu não aceitei, interferência”
1 - Entrevista Lula. Laura Capriglione aborda a invasão de terras pelo Agro negócio e pergunta "Dá pra contar com uma polícia de tolerância zero com o genocídio negro e a invasão terras indígenas pelos agentes do Agro e da mineração?".
2 - Resposta de Lula: "A gente fará de tudo para acabar com esse negócio de genocídio de negros. Precisamos ter a coragem de dizer que os indios não são os intrusos, e que nós é que somos os intrusos. Para garantir essas coisas que vc pediu, precisamos mudar o papel do estado.
3 - Lula: "A violência é originária da ausência do Estado no cumprimento de suas obrigações com a comunidade. É preciso a gente discutir o papel do Estado no cumprimentos de suas funções}]] sociais com a sociedade brasileira".
1/6 - Graças ao traquejo de 37 anos de organização popular, o MST pôde distribuir + de 6 mil toneladas de alimentos e 1.150.000 marmitas durante a pandemia em 24 estados. Só o "Natal Sem Fome " doou alimentos de quintais, hortas e roçados
de agricultores solidários para 250 mil.
2/6 -Esse é o Brasil que poucos brasileiros conhecem. O Brasil com liderança, que se preocupa com o coletivo, contempla todos, que socorre, mesmo quando o governo já havia parado de enviar suprimentos, e os desassistidos da catástrofe só podiam contar com ações solidárias.
3/6 - Uma rede de pessoas, organizações parceiras e milhares de voluntários se engajou na causa de amenizar a fome do país em que 5 de cada 10 lares não têm comida garantida na mesa. Uma ironia de mau gosto para a Nação que se vangloria de ser uma das potências agrícolas do mundo