Provavelmente o erro mais comum de jovens ambiciosos é ouvir pessoas bem-sucedidas explicarem seu sucesso.
Com a exceção de pessoas com um nível de auto-consciência acima do normal, ninguém sabe explicar porque elas são o que são.
Quase todo sucesso é devido a uma combinação..
... de conhecimento tácito, características de personalidade e elementos contextuais.
Por definição, as pessoas não sabem explicar essas três coisas. Se você perguntar porque elas "deram certo", mesmo sem querer, elas vão criar uma racionalização disso (no sentido de ficção).
O segundo erro é procurar dominar técnicas -- nenhuma delas funciona independente do contexto.
Mas mesmo se curar desse erro não faz tanta diferença, porque a pessoa provavelmente vai esbarrar em fatores de personalidade que vão impedí-la de avançar.
O texto do Carlos Ramalhete sobre Olavo é péssimo, mas fiquei com a impressão que o autor é apenas confuso mesmo, e não mau-caráter.
Não me parece valer a pena discutir com o autor, que teve ao menos a decência de relatar mais um dos incontáveis casos de caridade de Olavo.
Mas preciso também me lembrar do que o Olavo ensinou para a gente: burrice e mau-caratismo não são excludentes.
Às vezes a burrice deixa o cara mais despeitado; às vezes o despeito deixa o cara mais burro.
O texto do Ramalhete me lembrou os textos do Martim: “olhe que absurdo esse cara; ele ajudava todo mundo, inclusive a mim mesmo, mas…” e aí segue um monte de argumentos superconfusos.
Há um ano da próxima eleição, creio que não dá para negar: a direita brasileira está em maus lençóis.
Depois do triunfalismo após Brexit, Trump e Bolsonaro, a esquerda está vencendo todas as brigas.
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Existem muitos diagnósticos sobre o que aconteceu.
Eu mesmo já escrevi muito sobre como o termo "nova direita" já antevia a bronca: a direita não tinha unidade; era apenas o grupo de antipetistas que logo começaram a se esfaquear após as eleições.
Outro diagnóstico importante foi do @silviogrimaldo ainda no começo: a direita não tem quadros e militância organizada.
Ela venceu a eleição, mas não tinha tropas para tocar a máquina administrativa e fazer o corpo-a-corpo da disputa política.
Eu não tenho nada contra a ideia de coach e auto-ajuda. Querer melhorar de vida é uma coisa saudável.
O problema é que o foco é sempre subjetivista: ou mais disciplina ou mais motivação.
Raramente as pessoas têm problemas nessas áreas. O problema geralmente é em outro local.
Ninguém precisa de motivação ou disciplina para acudir um filho chorando ou chegar no trabalho. Todo mundo consegue fazer coisas que são claramente importantes.
O problema é nas áreas onde o benefício é mais vago e incerto. Ou seja, falta inteligência e sentido, não disciplina.
Aliás, mesmo quem não consegue fazer coisas básicas está com sérios problemas de saúde (física ou mental). Ou está com os hormônios bagunçados, traumatizado, depressivo, etc.
Aí jogar o discurso de auto-ajuda nessas pessoas, além de não ajudar, faz com elas se sintam culpadas.
Por mais que alguns se decepcionem com Bolsonaro, não acredito que sua base vai se esvaziar por um motivo bem simples: é o único político de direita com projeção nacional.
Isso era verdade em 2016 e continuará verdade em 2022.
Muita gente bate no Bolso sem deixar claro qual a alternativa que partilhe dia meus valores da base.
É como se você tentasse conversar o adversário a torcer para o atacante do seu time a fazer gol dizendo que ele é o melhor craque em campo.
Não é assim que funciona.
Toda a terceira via é baseada nesse engodo. “Fulano é mais competente, grande gestor, etc.”
Ok, mas se vai jogar contra mim, é até pior saber que o cara é bom.