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Mar 7 41 tweets 12 min read
O médico brasileiro que esquartejou o corpo de sua paciente, retirou a pele dos dedos da mãos, pés e do rosto.

O caso Farah Jorge Farah:
Farah Jorge Farah nasceu no dia 11 de março de 1949, em São Paulo, na capital. Farah era um médico clínico geral e trabalhava em alguns hospitais da Zona Norte. É dito que Farah era muito conhecido e bastante tranquilo, porém, com poucos amigos.
Segundo os policiais que analisaram o caso, Farah tinha especialização na área da psiquiatria, mas exercia a função de clínico geral.
Além de trabalhar nos hospitais, Farah possuía sua própria clínica, um local pequeno onde trabalhavam somente ele e sua secretária. Lá, ele realizava alguns procedimentos estéticos e cirurgias plásticas.
Esses procedimentos o fizeram começar a ficar conhecido, pois cobrava um valor muito abaixo do que um cirurgião plástico normalmente cobraria. Logo, várias pessoas que tinham uma renda baixa o procuravam para realizar os procedimentos.
Farah realizava todos os procedimentos sozinho, sem o auxílio de uma equipe, e usualmente utilizava o medicamento "Dormonid" para sedar seus pacientes.
Este é um medicamento que provoca amnésia e sedação, mas não produz analgesia, ou seja, não devem ser realizados procedimentos dolorosos usando apenas este medicamento, o mesmo deve ser associado a outros.
Farah não possuía especialização em cirurgias plásticas, mas mesmo assim realizava procedimentos como silicone, lipoaspiração e afins. Contudo, com o decorrer do tempo, as pacientes começaram a reclamar dos resultados.
Algumas complicações começaram a ser identificadas como necrose, tamanhos desproporcionais, cicatrizes, falhas e cortes irregulares. Todas as pacientes reclamaram de nunca terem o resultado esperado.
Maria do Carmo Alves, uma paciente de Farah que na época tinha 46 anos, também relata que não teve o resultado que desejava. Há alguns relatos de que a moça e Farah possuíam algum vínculo amoroso, mas não há confirmações deste boato.
Maria do Carmo foi até a clínica de Farah para que os erros fossem resolvidos, mas por falta de confiança no mesmo, não queria que o médico fosse ele. A moça então pediu para que Farah a encaminhasse para outro profissional, e que arcasse financeiramente com as falhas cometidas.
Farah negou o pedido, pois ele mesmo queria consertar o erro em uma nova cirurgia, mas Maria do Carmo se recusou. Ela passou a telefonar e ir na clínica constantemente, e foi em uma dessas idas que conheceu outras mulheres que estavam enfrentando a mesma situação.
Por conseguinte, ela tomou a frente por todas as mulheres, para que assim Farah consertasse os erros nos procedimentos que causou em cada uma.
No dia 24 de janeiro de 2003, em uma das idas de Maria do Carmo ao consultório de Farah, houve uma discussão e de imediato ele pediu para que a sua secretária fosse para casa.
Foi nesse momento em que o massacre com Maria do Carmo começou. O médico a sedou, esquartejou o corpo em nove pedaços, retirou a pele dos dedos, das mãos, pés, do rosto e do tórax, para assim dificultar a identificação do corpo.
Os pedaços do corpo foram depositados em um banheiro no próprio consultório. Farah cobriu tudo com formol e água sanitária para evitar a decomposição do corpo e para disfarçar o odor. Isso também facilitava a retirada de sangue dos membros e redução do corpo da vítima.
Com o corpo mais leve — de 63kg, passou a pesar apenas 30—, ele pegou os restos e colocou em sacos de lixo no porta-malas do carro. Em seguida, limpou o consultório para não deixar rastros e evidências do ocorrido. Estima-se que ao todo, foram 10 horas para que limpasse tudo.
Na madrugada deste dia, o marido de Maria do Carmo, João Augusto Lima, registrou um boletim de ocorrência pelo desaparecimento de sua esposa. João entrou em contato com Farah no dia seguinte, pois estava ciente de que a esposa havia ido ao consultório do médico no dia anterior.
João então foi até o consultório às 11 horas da manhã e logo notou um cheiro forte de água sanitária, mas Farah, tentando evitar maiores conversas, anotou o contato de João para avisá-lo caso tivesse notícias.
No domingo, após todo o ocorrido, Farah se internou na clínica psiquiátrica Granja Julieta, na Zona Sul de São Paulo. Sua sobrinha foi visitá-lo, e ele acabou por confessar o crime. O médico entregou as chaves de seu carro para ela, para que ela encontrasse o corpo.
Tânia Maria Homsi, sobrinha de Farah, foi até o carro e, ao se aproximar, sentiu um forte odor e não teve coragem de abrir. Então, ligou para o 13° Distrito Policial e, quando eles chegaram, encontraram os sacos de lixo com o corpo desmembrado no porta-malas do carro de Farah.
A prisão preventiva de Farah foi decretada pela Justiça a pedido da promotoria no dia 28 de janeiro. No mesmo dia, Farah foi levado ao 13° Distrito Federal e passou por interrogatório.
Ele relatou que Maria do Carmo estava inconformada com o fim do relacionamento deles, que ela ligava diariamente fazendo ameaças e que ele já havia registrado um boletim de ocorrência denunciando a perseguição que estava sofrendo.
Farah citou que no dia do ocorrido, Maria do Carmo chegou ao consultório em posse de uma faca, e que após isso, ele perdeu a consciência e só recuperou os sentidos no dia seguinte durante a tarde.
Então, após tudo isso, foi suspenso o exercício profissional de medicina de Farah e ele permaneceu preso na carceiragem do 13° Distrito Policial durante 4 anos e 4 meses.
No dia 29 de maio de 2007, a segunda turma do Supremo Tribunal Federal concedeu um habeas-corpus, sendo que no ano anterior, ele também havia conseguido um habeas-corpus para não responder pelo crime de fraude processual.
Farah foi levado à júri em 15 de abril de 2008 pelo crime de homicídio duplamente qualificado. Seus advogados solicitaram que ele fosse considerado semi-imputável, ou seja, capaz de entender o crime, mas sem condições de se controlar.
Os advogados estavam defendendo a tese de homicídio privilegiado, alegando que ele era perseguido por Maria do Carmo, pois, de acordo com relatórios da companhia de telefonia, em março de 2002, ela teria ligado 3.708 vezes para o consultório de Farah.
A promotoria buscou apresentar novas provas sobre o perfil criminoso de Farah, então, dentre as testemunhas, foram ouvidas quatro mulheres que alegaram terem sido molestadas dentro da clínica.
O julgamento teve duração de três dias e Farah foi condenado a pena mínima nos dois crimes, que foram: 12 anos pelo homicídio, e mais 1 ano e multa de meio salário mínimo por ocultação de cadáver.
Como ele havia sido beneficiado pelo habeas-corpus e por entender que ele não oferecia perigo à sociedade, o juiz Rogério de Toledo Pierre decidiu que o médico poderia recorrer ao pedido e cumprir a sentença em liberdade.
Então, um novo julgamento foi adiado cinco vezes e em abril de 2014, já com 64 anos de idade, foram ouvidas 16 testemunhas — oito de acusação e oito de defesa, além do próprio Farah, que alegava ter agido em legítima defesa.
Após quatro dias de julgamento, Farah foi condenado a 16 anos de prisão por homicídio e esquartejamento. A acusação defendeu que o crime foi premeditado, pois ele levou a vítima até a clínica dizendo que iria reparar os erros do procedimento.
Farah foi preso na época do crime, mas permaneceu em liberdade até que todos os recursos e trâmites em instâncias superiores fossem avaliados. Então, Farah cumpriu os 4 anos e 4 meses, e logo foi solto.
Desde que tudo ocorreu, Farah, além de perder sua licença médica, passou a ter seu nome em dezenas de listas de assassinatos brutais que ocorreram no Brasil.
Em 2010, ele concedeu uma entrevista após ser descoberto estudando Gerontologia, no Campus da USP–Leste. No dia 21 de setembro, o STJ determinou a execução provisória imediata da pena de Farah, que deveria voltar imediatamente para a prisão para cumprir o restante da pena.
Em menos de 24 horas, os policiais foram até a casa de Farah, bateram na porta incontáveis vezes, mas ninguém atendeu. Então, foi necessário chamar um chaveiro para que a Polícia pudesse entrar.
Ao entrarem na casa, encontraram o corpo de Farah, que aparentemente havia cometido suicídio. O corpo foi encontrado na cama com um corte profundo na perna, na veia femoral. O corte foi proposital, pois assim iria acelerar sua morte.
Na casa de Farah, foram encontradas inúmeras roupas femininas. Os próprios vizinhos disseram que Farah constantemente dizia que preferia estar morto do que estar na cadeia.
Esse crime ocorreu em 2003, Farah cumpriu pena na cadeia de 4 anos e 4 meses e foi encontrado morto em 22 de setembro de 2017, em sua casa, na Vila Mariana, em São Paulo.
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