Há 100 anos, em 25/03/1922, era fundado em Niterói o Partido Comunista do Brasil — o antigo PCB. A agremiação teve atuação relevante no processo de articulação da classe trabalhadora e dos movimentos sociais brasileiros ao longo de boa parte do século XX.
1/26
O partido enfrentou diversas crises e cisões que levaram ao surgimento de novas agremiações e a reformulações de seu programa. Desarticulado pela ditadura, a agremiação foi extinta em janeiro de 1992. Seu registro eleitoral foi herdado pelo PPS (atual Cidadania).
2/26
O partido serviu de matriz a diversas organizações. Tanto o PCdoB (instituído em 1962) quanto o novo PCB (fundado em 1993) consideram-se seus legítimos sucessores.
O partido surgiu em meio ao incipiente processo de organização política dos trabalhadores brasileiros.
3/26
Inicialmente organizado em torno das lideranças anarquistas, — responsáveis por articular a greve geral de 1917 e as primeiras associações sindicais — o movimento operário ganhou novo influxo após o triunfo da Revolução de Outubro e a criação da Internacional Comunista.
4/26
Em 25/03/1922, organizou-se em Niterói o congresso de fundação do Partido Comunista do Brasil. Astrojildo Pereira, Abílio de Nequete, João da Costa Pimenta e Cristiano Cordeiro estiveram entre os fundadores.
Apenas três meses depois, o partido foi posto na ilegalidade.
5/26
Atuando clandestinamente, o partido buscou adequar seu programa às determinações da Internacional Comunista e lançou o jornal "A Classe Operária". Após reconquistar a legalidade em 1927, o partido elegeu Azevedo Lima como deputado, mas voltou à ilegalidade meses depois.
6/26
Seguiu, entretanto, participando da política institucional, utilizando o avatar Bloco Operário-Camponês (BOC), por meio do qual elegeu Minervino de Oliveira e Octavio Brandão para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O PCB recuperou a legalidade em 1930.
7/26
Ainda em 1930, o partido recusou apoio ao movimento de Vargas, considerando-o mero preposto de outras oligarquias. Em 1931, obedecendo à determinação de Moscou, incorporou aos seus quadros o revolucionário Luís Carlos Prestes, que se tornaria seu dirigente mais conhecido.
8/26
Visando contornar uma nova cassação de seu registro em 1933, o PCB passou a utilizar a legenda União Operária e Camponesa. Vinculou-se no mesmo período à Aliança Nacional Libertadora (ANL), frente antifascista que fazia oposição ao integralismo e a Getúlio Vargas.
9/26
Em 1935, ANL e PCB organizaram o Levante Comunista — tentativa de sublevação dos militares nos estados do RN, PE e RJ. O movimento foi debelado e os comunistas submetidos a severa repressão, com prisão, tortura e assassinato de vários dirigentes e militantes do partido.
10/26
Malgrado as circunstâncias, o partido prosseguiu clandestinamente com as atividades e chegou a enviar combatentes para as Brigadas Internacionais durante a Guerra Civil Espanhola. O partido se reorganizou durante Conferência da Mantiqueira, realizada em agosto de 1943.
11/26
Com a redemocratização em 1945, o PCB recuperou a legalidade e seus dirigentes e militantes foram anistiados. A legenda logrou se reposicionar como um partido de massas, chegando a agregar mais de 200 mil filiados, obtendo o epíteto de "Partidão".
12/26
Nas eleições de 1945, o PCB obteve 10% dos votos, elegendo Prestes como senador e outros 17 deputados constituintes, incluindo o escritor Jorge Amado. No pleito municipal de 1946, elegeu centenas de vereadores e bancadas expressivas em cidades de grande e médio porte.
13/26
O incremento do poder político do partido alarmou o governo e em 1947 o PCB teve seu registro cancelado. No ano seguinte, todos os parlamentares do partido tiveram seus mandatos cassados. De volta à clandestinidade, o PCB voltou-se à organização dos movimentos no campo.
14/26
Marcado por críticas ao governo de Stalin feitas por seu sucessor, Nikita Kruschev, o XX Congresso do Partido Comunista da URSS teria profundas consequências sobre o PCB, submetendo a agremiação a uma série de disputas internas que levariam a um processo de cisão.
15/26
Em 1958, o PCB lançou a Declaração de Março, abandonando a defesa da revolução armada em favor da "transição pacífica para o socialismo". Dois anos depois, iniciou uma campanha em prol de sua legalização e alterou seu nome para "Partido Comunista Brasileiro".
16/26
Discordando das novas diretrizes do PCB e do processo de desestalinização da URSS, uma dissidência interna liderada por João Amazonas e Maurício Grabois optou por deixar o partido em 1962 e retomou a antiga denominação "Partido Comunista do Brasil", dando origem ao PCdoB.
17/26
Em meio à crise interna, o PCB buscou se aproximar dos nacionalistas, firmou alianças com líderes da "burguesia progressista" e passou a defender as reformas de base de João Goulart. Com o golpe militar de 1964, o PCB seria novamente posto na clandestinidade.
18/26
A recusa do PCB em aderir à luta armada resultou na criação de vários grupos dissidentes (ALN, POLOP, MR8, PCBR) e na saída ou expulsão de ícones dopartido como Carlos Marighela, Joaquim Câmara Ferreira, Apolônio de Carvalho, Mário Alves e Jacob Gorender.
19/26
Mesmo recusando-se a aderir à luta armada e privilegiando a atuação legal no interior do MDB, o PCB foi severamente reprimido durante os Anos de Chumbo. Um terço dos membros do Comitê Central foram assassinados, bem como vários de seus militantes
20/26
Com a desarticulação do PCB, o movimento sindical se reorganizaria em torno do Novo Sindicalismo, sob a liderança de Lula, que ensejaria a criação de um novo polo aglutinador das forças da esquerda — o Partido dos Trabalhadores (PT).
21/26
Fragmentado pelas divergências internas, o PCB mergulhou em uma crise irreversível após a saída de Prestes, que acusou a legenda de se tornar um partido "dócil aos objetivos do regime ditatorial". Com a saída de Prestes, Giocondo Dias assumiu o cargo de secretário-geral.
22/26
De volta à legalidade em 1985, o partido não conseguiu reestabelecer uma estratégia de reinserção na nova ordem política. Renunciou a quaisquer resquícios do programa socialista e converteu-se em uma legenda a reboque do PMDB.
23/26
A queda do Muro de Berlim e a dissolução da URSS agravaram ainda mais a crise no partido, conferindo proeminência ao grupo dos liquidacionistas liderados por Roberto Freire, Rodolfo Konder e Jarbas de Holanda, que propunham o rompimento com o ideário socialista.
24/26
No X Congresso do PCB, realizado em 1992, as lideranças liquidacionistas lograram obter a maioria de votos em prol da dissolução da legenda. O PCB foi oficialmente extinto e deu lugar ao PPS (atual Cidadania), que herdou seu registro eleitoral e seu patrimônio.
25/26
Acusando Freire de articular um golpe, os correligionários contrários à dissolução do partido recorreram à Justiça Eleitoral para obter o direito de manter o nome da legenda extinta, dando origem ao novo PCB, cujo registro eleitoral definitivo foi obtido em maio de 1996.
26/26
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
O bairro do Bixiga, em São Paulo, abriga uma casa centenária com fama de mal assombrada. Trata-se da residência de Sebastiana de Melo Freire, a Dona Yayá. Uma mulher muito rica, com uma história trágica — e que viveu até a sua morte como prisioneira da própria casa...
1/25
Sebastiana de Melo Freire, mais conhecida como Dona Yayá, nasceu em Mogi das Cruzes, em 1887. Ela pertencia a uma das famílias mais aristocráticas do interior paulista. Seu pai, Manuel de Almeida Melo Freire, era dono de fazendas e um político muito influente.
2/25
Manuel ocupou por três vezes o cargo de deputado na Assembleia Provincial de São Paulo e foi senador do Congresso Legislativo paulista.
Apesar da origem privilegiada, a vida de Yayá foi marcada desde a infância por uma série de tragédias e vicissitudes.
Há 49 anos, falecia o ator e cantor Paul Robeson. Comunista, ele travou uma luta incansável contra a segregação racial nos EUA — e se tornou um dos artistas mais perseguidos pelo governo norte-americano. Contamos sua história hoje no @operamundi
Paul Robeson nasceu em Princeton, Nova Jersey, filho do reverendo William Robeson, um ex-escravo que lutou na Guerra de Secessão, e da professora Maria Louisa Bustill, descendente de uma proeminente família Quaker, ativa na campanha abolicionista.
2/25
Estudante aplicado, Robeson recebeu uma bolsa de estudos do Rutgers College, tornando-se um dos primeiros negros a ingressar na instituição. Dedicou-se paralelamente à carreira esportiva, distinguindo-se como jogador de futebol americano.
Que Hitler era um pintor frustrado, todos sabem. Mas você sabe onde foram parar as obras que ele pintou? Ou o que aconteceu com todas aquelas obras glorificando o nazismo produzidas pelos artistas do 3º Reich?
A grande maioria está preservada nesse local nos Estados Unidos
1/16
O Centro de História Militar do Exército dos Estados Unidos, localizado em Fort Belvoir, na Virgínia, possui a maior coleção de arte nazista do mundo. São milhares de itens, cuidadosamente conservados na reserva técnica da instituição.
2/16
A coleção abarca pinturas, esculturas, gravuras, desenhos, cartazes e livros produzidos por artistas vinculados ao regime nazista, tais como Hubert Lanzinger, Hermann Otto Hoyer, Emil Scheibe e Wilhelm Sauter.
Há 64 anos, Patrice Lumumba, líder do movimento de independência da República Democrática do Congo, era assassinado em uma conspiração golpista apoiada pelos governos dos EUA, Reino Unido e Bélgica. Contamos essa história hoje no @operamundi
Patrice Lumumba nasceu em 02/07/1925, na aldeia de Onalua, no Congo Belga, em uma família de camponeses. Após concluir o ensino básico em escolas cristãs da região, mudou-se para Kindu, onde trabalhou em uma empresa de mineração.
2/25
Posteriormente, estabeleceu-se em Stanleyville, onde trabalhou nos correios. Dedicou-se paralelamente ao estudo das ciências sociais, tornando-se um intelectual autodidata e desenvolvendo uma visão crítica sobre a opressão colonial a que a Bélgica submetia o seu país.
O Brasil tornou-se guardião de mais um tesouro da humanidade. Manuscritos e documentos históricos do abolicionista Luiz Gama foram listados como Patrimônio da Humanidade pela Unesco — a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
1/10
O conjunto tombado irá integrar o programa "Memória do Mundo", criado pela Unesco em 1992. A iniciativa visa garantir a conservação e a difusão dos documentos mais relevantes para a história da humanidade.
2/10
Advogado, escritor e jornalista, Luiz Gama é o Patrono da Abolição da Escravatura no Brasil. Ele foi responsável por libertar mais de 500 escravizados através de ações na justiça. Seu nome está gravado no Livro de Aço dos Heróis Nacionais desde 2018.
Há 106 anos, os revolucionários Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, líderes do Levante Espartaquista, eram assassinados por grupos paramilitares a serviço do governo social-democrata alemão. Contamos essa história hoje no @operamundi
Derrotada ao término da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha mergulhou em um período de profundas transformações políticas. O imperador Guilherme II foi forçado a abdicar do trono após uma série de sublevações militares, que conduziram à abolição da monarquia.
2/25
Apoiador da revolta do oficialato, o Partido Social-Democrata (SPD) obteve a chefia do governo provisório, entregue a Friedrich Ebert, líder da ala moderada. Ebert logo frustraria os setores da esquerda que viam na turbulência a chance de iniciar uma revolução socialista.