A teoria das colheres foi pensada por Christine Miserandino para explicar a uma amiga como era viver com lúpus.
Numa conversa informal, num restaurante, ela usou colheres para explicar o gasto de energia com coisas simples em seu cotidiano, como preparar o desjejum ou arrumar-se para ir trabalhar. O texto em que ela conta sobre isso se popularizou entre a comunidade PCD.
Algum tempo depois, Marguerite - personagem autista do livro A Diferença Invisível - usa esta teoria para defender suas necessidades de adaptação no trabalho e explicar que ela não era antissocial, apenas autista.
Este livro popularizou o conceito entre a comunidade neurodivergente que usa para explicar não apenas o nosso gasto energético mas também as escolhas que precisamos fazer ao longo do dia para não chegarmos ao nosso limite.
Dentro da comunidade autista, ele sofreu uma adaptação incluindo a interação social e demonstrando que, se para não-autistas aquele poderia ser um momento de recuperar energias, para nós, a perca de colheres continuaria.
Para que isso ficasse mais evidente, se costumam usar modelos em que outras pessoas perdem energia em atividades como o trabalho, mas recuperam no happy hour.
Em cards seguintes, você verá o símbolo do infinito representando autistas e o desenho de um livro com capa azul representando neurotípicos, cada um acompanhado de 12 colheres ao lado.
Num deles, estão desenhos que representam 3 atividades matinais: levantar-se, preparar o desjejum e duchar-se. Perceba que enquanto nós perdemos uma colher em cada uma destas atividades, nts continuam com suas 12 colheres.
No último último card, você verá outros 3 atividades que realizamos no decorrer do dia: trabalhar, ir ao supermercado e o happy hour. Perceba que durante o período de trabalho uma pessoa autista perde pelo menos o dobro de uma nt.
Na ida ao supermercado, continuamos perdendo colheres, enquanto para o nt não há perda. Por fim, durante o happy hour, a nt recupera suas colheres, enquanto a autista perde as últimas que lhe restavam.
Já que a @justpadawan bem lembrou do mês do Orgulho Autista, vamos trazer alguns posts mais reflexivos durante este mês. Começando por este aqui:
Somos quebra-cabeças? 🧵👇
Você já deve ter visto em muitos lugares o quebra-cabeças como símbolo do autismo.
É possível comprar toalha, roupa de cama, panos de prato, joias/bijus, chaveiros, camisetas, sapatos, artigos escolares/ de escritório etc. com este tema.
Aliás, existe um mercado bem significativo vendendo este símbolo como apoio à pessoas autistas e suas famílias.
Mas será que demonstram uma verdadeira aliança? Nos tweets seguintes, você confere uma análise por etapas para te ajudar a refletir sobre o tema.
Primeiro, te convido a pensar o que significa um quebra-cabeças para ti e o que você acha que significa para a sociedade.
Socialmente, a dedicação e o esforço são mecanismos muito valorizados. A sociedade entende a importância de desenvolver estes valores e acredita que os mesmos devem ser incentivados desde a infância.
Contudo, quando falamos em superdotação e outras neurodivergências isto pode apontar para um dos erros sociais mais comuns: focar nos resultados e não no processo, como medida para avaliar a dedicação.
Isto porque a dialética entre esforço e resultados pode ser totalmente contraditória.
Quando falamos da dialética entre esforço e resultados, muitas vezes pode-se erroneamente entender que os resultados refletem a dedicação, mas isto não é correto.
Existe uma antiga lenda celta que diz que quando as fadas visitavam o mundo dos humanos, trocavam seus filhos pelos filhos destes, levando as crianças humanas ao seu mundo.
As crianças fadas tinham dificuldades de se adaptarem ao novo mundo e muitas vezes ficavam presas entre os dois.
Ficar perdido neste meio, dificultava sua comunicação com os humanos.
Algumas até conseguiam falar; outras apenas repetiam o que lhes diziam, como se fossem o reflexo de um espelho mágico; haviam também aquelas que falavam uma língua inteligível pelos humanos, provavelmente, o idioma das fadas; e existiam também as que não soltavam um único som.