Redes de apoio e afeto.
Redes de apoio são todas as pessoas que colaboram com a nossa vida. Amigues e familiares. Profissionais da saúde. Vizinhes. Frequentadores dos nossos templos religiosos. Colegas de atividade física. Professores. Colegas de trabalho. [+]
Usuários dos mais diversos serviços e espaços do nosso cotidiano. Ou seja, toda e qualquer pessoa do nosso entorno que pode estar ao nosso lado apoiando certas demandas e em certas situações. [+]
A ideia de rede é porque você pode pensar que cada pessoa dessa é como o nó de uma rede (tipo tela de proteção de varandas) que vai interconectando e fortalecendo a capacidade de absorver impactos. [+]
Ainda que cada fio ou nó dessa rede não seja forte sozinho, é o coletivo de fios e nós que torna a rede mais forte. Cada um constrói a rede que pode e precisa porque somos únicos e a nossa rede dá conta das nossas demandas singulares. [+]
A manutenção dessa rede depende do nosso investimento em cada uma das relações considerando seu contexto, sua atualidade e sua singularidade. [+]
O que podemos solicitar de um serviço de saúde é diferente do que podemos solicitar de um amigo que é diferente do que podemos solicitar de um líder religioso. Cada pessoa se vincula a nós de modo absolutamente único e tem um lugar na composição dessa rede. [+]
Chamo a rede de apoio também de rede de afetos porque entendo que com cada uma dessas pessoas temos uma relação de afetos diversos. Esses pontos de apoio a situações também colaboram para a troca afetiva que colabora com a nossa saúde mental. [+]
Alimentar de forma consciente a nossa rede de apoio e afetos é entender a singularidade de cada nó, valorizar a diferença entre os nós, reconhecer o lugar de cada um, valorizar e investir de modo consciente em cada nó considerando o contexto e as demandas de cada tempo. [+]
Isso é produzir as relações de modo artesanal.
Nada é a priori.
Nada tem receita.
Cada relação tem seu tempo, lugar, espaço, forças de atravessamento, histórias etc. [+]
Monogamia e amor cortês
No contexto, judaico-cristão-ocidental, o poder da religião pautava a moral e definia os modos de viver, o modelo de família e o papel social de mulheres e homens. O estereótipo de feminino era o da mulher casta, submissa ao marido e cuidadora do lar. [+]
A monogamia naquele momento se consolidou como a norma social de sustentação da família cristã. As relações matrimoniais eram baseadas na manutenção da estrutura rígida de classes e privilégios sociais e patrimoniais. [+]
Durante muitos séculos sentimentos e emoções eram absolutamente irrelevantes na decisão sobre o casamento; o mais importante era a manutenção da estrutura social. Nesse contexto, surge o amor cortês que se pautava pela idealização de uma mulher inalcançável a ser conquistada. [+]
A monogamia é uma tecnologia de controle eurocêntrica cis-heteronormativa branca.
A monogamia como conhecemos hoje apresenta como modelo de vida adequada casais cisgêneros, heterossexuais brancos com traços europeus. [+]
Nos processos coloniais foi levado um modelo de vida onde a família era composta dessa forma. As violências coloniais que separaram núcleos afetivos e comunitários de indígenas e negros africanos serviam ao projeto escravocrata que se deu com o aval de instituições cristãs. [+]
Centralização de relações.
Centralizar relações é determinar que certas relações terão muito mais investimento afetivo que outras a priori. Diferente da hierarquização, a centralização independe de rótulos, mas na monogamia ela está totalmente relacionada com eles. [+]
A centralização tem como consequência a negligência de relações significativas em detrimento de uma certa relação considerada o núcleo afetivo que deve estar sempre sendo investido independente da demanda real e atual. [+]
Quantas vezes você já viu uma pessoa deixar amigues na mão porque “precisava” ficar com a relação amorosa? Quantas relações amorosas foram minadas porque um dos pares não quis enfrentar a própria mãe ou o próprio pai que desrespeitava a relação? [+]