Monogamia e amor cortês
No contexto, judaico-cristão-ocidental, o poder da religião pautava a moral e definia os modos de viver, o modelo de família e o papel social de mulheres e homens. O estereótipo de feminino era o da mulher casta, submissa ao marido e cuidadora do lar. [+]
A monogamia naquele momento se consolidou como a norma social de sustentação da família cristã. As relações matrimoniais eram baseadas na manutenção da estrutura rígida de classes e privilégios sociais e patrimoniais. [+]
Durante muitos séculos sentimentos e emoções eram absolutamente irrelevantes na decisão sobre o casamento; o mais importante era a manutenção da estrutura social. Nesse contexto, surge o amor cortês que se pautava pela idealização de uma mulher inalcançável a ser conquistada. [+]
Essas mulheres deveriam ser a versão mais pura/casta/virgem do feminino. Acreditam que isso serviu aos interesses bélicos da época? Era uma espécie de incentivo aos feitos (muito supostamente) heróicos de homens em guerras constantes. [+]
A idealização de uma mulher (aos moldes da Maria virginal) serviria de estímulo e recompensa pela performance daqueles que arriscavam a vida em nome de certos ideais. [+]
Nesse momento a noção de posse sobre o corpo da esposa se limitava ao físico e permitia, por exemplo, que ela fosse objeto de admiração e adoração platônica de jovens homens em batalha. [+]
As relações sexuais eram consideradas apenas atos fisiológicos (de descargas eróticas ou de deveres reprodutivos). Houveram momentos em que a prostituição era recriminada moralmente contra a mulher que se prostituía e nada recriminada contra o homem que usufruía do serviço. [+]
Pouca proibição concreta, apesar do contexto altamente cristão. Ideias como amor e paixão eram deixadas a esse amor cortês de alta idealização, de mulheres inacessíveis (elas casadas com filhos como a mãe de Cristo ou solteiras e símbolo da pureza virginal). [+]
A monogamia é uma tecnologia de controle eurocêntrica cis-heteronormativa branca.
A monogamia como conhecemos hoje apresenta como modelo de vida adequada casais cisgêneros, heterossexuais brancos com traços europeus. [+]
Nos processos coloniais foi levado um modelo de vida onde a família era composta dessa forma. As violências coloniais que separaram núcleos afetivos e comunitários de indígenas e negros africanos serviam ao projeto escravocrata que se deu com o aval de instituições cristãs. [+]
Redes de apoio e afeto.
Redes de apoio são todas as pessoas que colaboram com a nossa vida. Amigues e familiares. Profissionais da saúde. Vizinhes. Frequentadores dos nossos templos religiosos. Colegas de atividade física. Professores. Colegas de trabalho. [+]
Usuários dos mais diversos serviços e espaços do nosso cotidiano. Ou seja, toda e qualquer pessoa do nosso entorno que pode estar ao nosso lado apoiando certas demandas e em certas situações. [+]
A ideia de rede é porque você pode pensar que cada pessoa dessa é como o nó de uma rede (tipo tela de proteção de varandas) que vai interconectando e fortalecendo a capacidade de absorver impactos. [+]
Centralização de relações.
Centralizar relações é determinar que certas relações terão muito mais investimento afetivo que outras a priori. Diferente da hierarquização, a centralização independe de rótulos, mas na monogamia ela está totalmente relacionada com eles. [+]
A centralização tem como consequência a negligência de relações significativas em detrimento de uma certa relação considerada o núcleo afetivo que deve estar sempre sendo investido independente da demanda real e atual. [+]
Quantas vezes você já viu uma pessoa deixar amigues na mão porque “precisava” ficar com a relação amorosa? Quantas relações amorosas foram minadas porque um dos pares não quis enfrentar a própria mãe ou o próprio pai que desrespeitava a relação? [+]