Teotihuacan contava com um sistema de habitação social igualitário, conhecido pelos arqueólogos como “complexo de apartamentos”.
Essas unidades residenciais abrigavam quase toda a população da cidade, estimada em mais de 100.000 habitantes.
Segue o fio!👇🏘
A cidade de Teotihuacan foi planejada com layout de grade e são ao todo mais de 2.000 grandes, espaçosos e luxuosos conjuntos habitacionais multi-familiares que se assemelham à apartamentos e abrigavam pelo menos 90% da população, mostrando um urbanismo bastante igualitário.
Pessoas comuns dentro desses complexos residenciais viviam em estruturas comparadas à palácios e residências de elite, com pisos de gesso branco, telhados ornamentados, varandas, murais-afrescos coloridos, pátios a céu aberto, drenos sob o piso para canalizar água da chuva, etc.
Em medidas de comparação por tamanho, por exemplo, casas de macehualtin (plebeus) Astecas tinham em média 25 metros quadrados cada, enquanto uma residência familiar padrão em Teotihuacan tinha mais de 200 metros quadrados dentro de um complexo de mais de 2.000 metros quadrados.
Havia também áreas rituais compartilhadas pelos departamentos que consistiam em pátios com altares centrais e templos piramidais.
Há evidências de atividades artesanais em todos os conjuntos e divisão de tarefas de trabalho entre famílias, fortalecendo uma economia doméstica.
Teotihuacan era uma cidade igualitária e, quando testado o coeficiente de Gini na cidade (1 indica que uma única família controla toda a riqueza, 0 significa que a riqueza é distribuída igualmente) o resultado foi 0,12.
Nações como o México hoje apresentam 0,75 e EUA 0,80.
Os arqueólogos David Carballo e Linda Manzanilla sugerem que talvez isso ocorresse porque, com a falta de evidências de líderes governantes e realeza, Teotihuacan estava mais próxima de uma democracia do que propriamente um império e provavelmente envolvia poder compartilhado.
De qualquer forma, é evidente que a maioria das pessoas em Teotihuacan tinham habitações espaçosas para morar, acesso a uma ampla gama de itens luxuosos, não parece ter havido um rei autocrático, mas ainda assim, alguém por trás de um grande projeto de distribuição urbana.
O que estava acontecendo em Teotihuacan que difere de outros complexos urbanos na Mesoamerica?
Serão necessários mais anos de estudos arqueológicos, mas o que já sabemos hoje já é animador e nos revelam bastante sobre essa antiga sociedade.
Fontes:
Apartment Compounds, Households and Population in the Ancient City of Teotihuacan/Quantitative Measures of Wealth Inequality in Ancient Central Mexican Communities/The Historical Trajectory of Urban Design in Ancient Central Mexico; Michael E. Smith.
The Social Organization of Craft Production and Interregional Exchange at Teotihuacan/Households in Ancient Mesoamerica; David M. Carballo.
Corporate Life in Apartment and Barrio compounds at Teotihuacan; Linda R. Manzanilla.
Correção: O índice de Gini que peguei como referência para a thread está desatualizado, foi o máximo que chegaram, os números (dados de 2020) para México e EUA, respectivamente são 0,45 e 0,48.
Perdão pelo erro!
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Os Mochicas, apesar de serem uma sociedade ágrafa, ou seja, sem escrita, nos deixaram uma certa forma de linguagem que pode ser compreendida através de suas…cerâmicas? 🤔🏺
Segue o fio para entender um pouco sobre o tridimensionalismo Moche!👇🧵
Um dos estilos artísticos mais utilizados nas cerâmicas mochicas ficou conhecido como “pinturas de linha fina” e nelas são retratadas diversas cenas do mundo mitológico, ritual e cotidiano Moche.
Muitas dessas cenas se repetem e são classificadas em grupos de narrativas:
Pela grande quantidade de cerâmicas e o difícil acesso popular às mesmas, Donna McClelland e Christopher B. Donnan, juntos, construíram um importantíssimo arquivo de desenhos reproduzindo tais imagens.
Hoje, todos eles podem ser consultados virtualmente:
Um sistema de centros urbanos Pré-Colombianos foi encontrado no Vale Upano, na Amazônia equatoriana.
Pesquisadores, com a ajuda do LIDAR, revelaram uma paisagem antrópica com aglomerados de plataformas monumentais, praças e ruas seguindo um padrão específico entrelaçado com drenagens e terraços agrícolas, bem como estradas que percorrem grandes distâncias.
A ocupação data de cerca de 500 AEC até entre 300-600 EC, sendo mais antiga do que a grande maioria das sociedades amazônicas.
Escavações no Vale Upano já ocorrem há 30 anos e desde então foram encontrados montes organizados em torno de praças centrais, cerâmicas decoradas com tinta e linhas incisas e grandes jarros contendo restos de chicha, mas com o LIDAR, foi possível ter uma noção geral da região.
A equipe identificou 5 grandes assentamentos e 10 menores em 300 km2 no Vale Upano, cada um densamente repleto de estruturas residenciais e cerimoniais.
As cidades são intercaladas com campos agrícolas retangulares e cercadas por terraços nas encostas onde plantavam safras, incluindo milho, mandioca e batata-doce, encontradas em escavações anteriores.
Estradas largas e retas ligavam as cidades umas às outras e as ruas passavam entre as casas e os bairros dentro de cada povoado.
Esse é mais um dos inúmeros exemplos de que a Amazônia Pré-Colombiana ainda tem muito a nos revelar e que, com novas tecnologias não-hostis, como o LIDAR, tais revelações tem sido, e vão continuar sendo, cada vez mais frequentes.science.org/doi/10.1126/sc…
Conhecidos por suas cerâmicas, os Moche retrataram, em pinturas de linha fina, diversas cenas de humanos, animais e seres mitológicos em atividades que foram categorizadas como temas narrativos.
Segue o fio pra conhecer os principais temas da arte Mochica:
As cerimônias de sacrifício (tema da apresentação) é considerada a principal narrativa, frequentemente aparecendo na arte desta sociedade.
Nela, encontramos personagens recorrentes da cosmologia mochica envolvidos em uma cerimônia que culmina na oferenda de um cálice com sangue.
A narrativa do enterro aparece em diversas cerâmicas de modos diferentes, mas apresentam um padrão de atividades, separadas por linhas paralelas.
Entender tal iconografia nos possibilitou compreender melhor os ritos funerários desta sociedade.
Em 12 de julho de 1562, o frade espanhol Diego de Landa, em um ato único, queimaria livros e artefatos Maias em praça pública na cidade de Maní em uma tentativa de “remover o demônio do coração dos nativos”.
O que o levou ao ato e o que foi perdido?
Segue o fio!👇📖
Diego de Landa nasceu na cidade de Cifuentes, na Espanha, em 1524; em 1541 ele ingressou na Ordem do Frades Menores, uma ordem religiosa e franciscana em Toledo.
Em 1549, de Landa desembarcou em Mérida para trabalhar no convento de San Antonio de Padua em Izamal, Yucatan.
Ele perambulava pelas comunidades a pé e, com isso, aprendeu a língua iucateque e as relações nativas sobre a terra, as pessoas e os costumes, sendo inicialmente acolhido em muitas comunidades, o que o ajudou a compreender melhor o povo e fomentar a sua missão religiosa.
As áreas de floresta amazônica foram conhecidas pelos Incas como ‘Antisuyu’ e, ao contrário do que se é pensado, as regiões andina e amazônica sempre estiveram bastante interligadas.
Como se deu a relação entre os Andes e a Amazônia no período Pré-Colombiano?
Segue o fio!👇🌳
Os Andes e a Amazônia no período Pré-Colonial não foram separados culturalmente, estavam ligados por extensas redes de comércio que também conectavam línguas, costumes e histórias entre diversos grupos sociais nestas regiões, gerando dinâmicas políticas de influência mútua.
Tal influência é vista na cultura Chavín com iconografias típicas da selva tropical (), com os Chachapoyas na divisão geográfica (), com as narrativas de origem do povo Yanesha, no período colonial com o Manuscrito de Huarochirí, etc.
O El Niño é um fenômeno que consiste no aquecimento incomum das águas do Pacífico Equatorial, alterando a temperatura e aumentando o índice pluvial nas regiões costeiras.
Qual foi o impacto deste fenômeno nas sociedades Pré-Hispânicas na Costa Norte do Peru?
Segue o fio!👇🌧
A Costa Norte do Peru é caracterizada por ser um deserto árido, assim como uma planície aluvial, cortada por rios que descem dos Andes e desaguam no Oceano Pacífico.
Há milhares de anos, os povos locais construíram canais para extrair água destes rios e direciona-las aos campos.
Culturas costeiras como a Moche, Chimú, Cupisnique, e etc, dependiam da irrigação para além da subsistência, já que a água canalizada, o milho, o algodão e outras safras desempenhavam papéis importantes, também, na vida social, ritual e econômica destas sociedades.