#Energia 🔥 É saudável debater as opções políticas e avaliar o interesse que este ou aquele acordo possa ter para os cidadãos. Mas vale a pena analisarmos também as reações mais sonoras que têm chegado sobre o acordo 🇵🇹🇪🇸🇫🇷 para as interligações 🔥 E aqui deixo algumas notas.
Portugal sempre seria um beneficiário de segunda linha do acordo (quer nos moldes agora firmados, quer nos de 2014, defendidos nos últimos dias por notáveis figuras do PSD), já que o reforço de interligações (sobretudo gás) sempre beneficiará mais Espanha.
Espanha tem + espaço para + projetos de energia renovável (incluindo H2 🟢), + rede pela qual transitará eletricidade e gás e + terminais de GNL pelos quais pode receber gás do exterior e exportar para o resto da Europa.
O acordo agora conseguido, se cumprido, viabiliza a terceira interligação de GN 🇵🇹🇪🇸. Rangel defende que a troca de gasodutos (MidCat pelo BarMar) vai secundarizar Sines. Na verdade, Sines já estava em segundo plano: é indiferente que o troço final seja pelos Pirenéus ou por mar.
Do ponto de vista do H2 de amanhã, vale a pena refletir sobre o que melhor serve os interesses nacionais: exportar um recurso produzido cá para apoiar a indústria no centro e norte europeu, ou priorizar o uso desse recurso na indústria nacional e ter a exportação como um extra?
Questão similar para a #eletricidade. Tanto @jmoreiradasilva, como @PauloRangel_pt e @mgracacarvalho (em entrevista ao Público) questionam, e bem, o porquê de 🇵🇹🇪🇸🇫🇷 terem anunciado apenas 1 interligação nova no golfo da Biscaia, depois de há uns anos apontarem para 3.
É de admitir que + interligações criam um mercado interno europeu + robusto, + concorrencial e por essa via tendencialmente +benéfico para o consumidor de energia. Mas é também de questionar se Portugal sai de facto pior com este acordo. E o de 2014? Que concretização teve?
O secretário de Estado da Energia, @Joaogalamba, coloca, bem, a questão desse prisma: Portugal tem recursos endógenos que pode hoje aproveitar: + solar, +eólica (futuramente offshore), e H2 🟢 +competitivo que no centro e norte da Europa.
Em 2014 a energia solar estava longe do custo competitivo que tem hoje e as eólicas offshore estavam também longe do ponto atual de desenvolvimento. Isso favoreceu a emergência do H2 🟢 enquanto vetor de descarbonização.
Há uns meses, numa conversa com Jorge Vasconcelos num evento da representação da @EU_Commission em 🇵🇹, o antigo presidente da ERSE sublinhava justamente a posição de vantagem que hoje a Ibéria tem nas renováveis, questionando: porquê exportar essa vantagem com + conexões?
É um debate bastante interessante, mas é preciso abordar o tema numa lógica de coesão e segurança energética europeia. Porque + conexões servem a todos: a 🇵🇹 e 🇪🇸 quando há menos 💨, a 🇫🇷 quando a ☢️falha, à 🇩🇪 quando o gás desaparece, etc.
É por isto que na minha perspectiva o acordo 🇵🇹🇪🇸🇫🇷 é positivo, sendo secundária a questão sobre se ele beneficia + 🇵🇹 ou 🇪🇸 ou se ele é melhor ou pior que o prometido em 2014. A realidade é que não só as promessas de 2014 não avançaram como hoje o contexto é distinto.
Questão diferente, e pertinente, é se o acordo 🇵🇹🇪🇸🇫🇷 sairá do papel, e com que custos. Na entrevista de hoje @mgracacarvalho lembra, e bem, que o "corredor verde" só o será de facto quando transportar H2 🟢 e para isso é preciso reconverter a rede de gasodutos existente.
Ainda assim, e sem entrar no debate sobre vitórias ou embaraços políticos, o acordo alcançado é um marco na construção de pontes na Europa e na capacidade de diálogo entre líderes. E estaremos todos melhor, como consumidores de #energia, com uma Europa + interligada 💡
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Mudar para o mercado regulado de #gás natural? Algumas questões foram surgindo por aqui. Tentando ajudar a esclarecer, ainda que várias dúvidas possam subsistir, aqui fica um contributo 🔥 #Thread
O Governo anunciou que passaria a ser possível às famílias e pequenos negócios voltar às tarifas reguladas de gás natural, opção que, ao contrário do que sucede na eletricidade, estava vedada a quem já é abastecido no mercado liberalizado (excepto os elegíveis para tarifa social)
Já podemos mudar? Ainda não. É necessário o Governo publicar o diploma que de facto determina a mudança legislativa. E depois disso será necessário que os comercializadores regulados de gás natural estejam preparados para contratar novos clientes.
Bom dia, #energia 💡Em versão rápida, sobre a polémica que se instalou a propósito da entrevista do presidente da @Endesa Portugal 💡Ora então:
1. O mecanismo ibérico que arrancou em Junho agrava a fatura da luz? Não. Cria um preço de referência para as centrais a gás que faz baixar o preço grossista médio da eletricidade. A compensação a pagar às centrais a gás é inferior ao custo que o sistema teria sem medida.
2. A compensação cria défice tarifário? Não. A compensação é liquidada pelos comercializadores em função dos volumes que declarem como expostos ao mercado e cobrada ao cliente final no mês seguinte.
Ao deixar este apontamento achei que podia fazer sentido deixar umas ideias mais sobre como o nosso sistema elétrico está a funcionar, e como é positiva a existência de um mercado ibérico de #eletricidade 💡 Segue então a #thread ⚡ 1/
2. Conforme o gráfico acima evidencia, as interligações com Espanha têm dado, por estes dias, uma boa ajuda para que as nossas hidroeléctricas se possam reabastecer. E se o fazem importando é porque nessas horas conseguem preços + competitivos na produção do lado de lá.
3. Temos sido essencialmente importadores, mas essa atividade está longe de esgotar a capacidade das interligações, que, como o gráfico da @REN_PT mostra, é variável (para os fluxos comerciais) em função da gestão do sistema:
#Energia 💡Esta quarta-feira é dia de publicação das tarifas reguladas de #eletricidade para 2022 em Portugal por parte da ERSE 💡 Um pequeno guia para enquadramento. #thread
1. Todos os anos a 15 Outubro a ERSE anuncia uma proposta de tarifas reguladas para o ano seguinte, que é analisada pelo seu conselho tarifário (que dá parecer não vinculativo até 15/11), antes do documento final, apresentado a 15/12. E o que define esse documento?
2. Define as tarifas finais para clientes regulados (~900 mil famílias abastecidas pela SU Eletricidade, ex-EDP Serviço Universal) e as tarifas de acesso à rede para todos os clientes, que influenciam parte do preço final (há ~ 5 milhões clientes no mercado liberalizado).
#Eletricidade 💡 O #Mibel passou de um recorde de €216 por MWh esta sexta para "apenas" €173 por MWh este sábado 💡Vale a pena uma análise com os dados que encontramos em omie.es (1/10)
Primeiro, há um efeito (habitual ao sábado) de redução do consumo, que tende a contribuir para a redução do preço grossista da eletricidade. 2/10
Mas há também uma redução drástica no recurso às centrais alimentadas a gás natural de sexta para sábado, fruto, sobretudo, de maior recurso eólico no mercado ibérico. 3/10