Sexo é bom e muita gente gosta.

Mas sabiam que tão importante quanto usar camisinha ou PrEP, é ter o cartão de vacinas atualizado?

Segue algumas vacinas importantes para todo mundo que transa, principalmente nós LGBT+.

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1) Hepatite B: a hepatite B tem uma taxa de transmissão sexual muito alta, até 100x mais fácil que o HIV. Geralmente nós recebemos as três doses + reforço na infância, mas após completar um ciclo, é ideal (principalmente pessoas com HIV, doenças imunes e
profissionais de saúde) que façamos um exame de anti-Hbs para avaliar se houve soroconversão (se a vacina pegou!). 10% não imuniza de cara. Está disponível em qualquer UBS. Importante se imunizar contra a hepatite B pois
ela pode se cronificar (a gente não cura totalmente) e podemos ter de tomar medicamento para o resto da vida.

2) Hepatite A: a hepatite A é aquela hepatite clássica que a pessoa fica amarelinha e geralmente é transmitida através de água e alimentos
contaminados (transmissão fecal-oral). Geralmente a pessoa cura sem mais complicações (risco 0,5 a 1% de hepatite fulminante). Porém, com o aumento das práticas sexuais desprotegidas (principalmente sexo oral no ânus, ou
anilinguismo), começou a haver um surto de hepatite A entre HSH (homens que fazem sexo com homens) e se iniciou a recomendação. Entrou no calendário em 2014 para crianças , por isso nem todo mundo é imunizado. São Paulo fornece imunização gratuita pra quem tem prática de risco.
Então é disponível no #SUS e no sistema privado, em duas doses (0 e 6 meses).

3) HPV
A infecção sexualmente transmissível mais comum de todas.
Que sonho seria se todo mundo tivesse vacinado antes de iniciar a vida sexual. A vacinação contra o HPV tem demonstrado
resultados fantásticos na prevenção de câncer e verrugas genitais, chegando a 80% de diminuição mas incidência de câncer de colo uterino. Isso é comovente! TODES adolescentes entre 9 a 14 anos devem tomar a vacina, disponibilizada pelo SUS.
Outros grupos, como pessoas com HIV, transplantadas ou em tratamento de câncer podem se vacinar gratuitamente até os 45 anos. Outras pessoas têm indicação de tomar na rede privada de acordo com a relação custo-benefício.
Temos três vacinas no mundo, a bivalente (16, 18), a quadrivalente (6,11, 16,18) e a nonavalente (6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58).

Temos três vacinas no mundo, a bivalente (16, 18), a quadrivalente (6,11, 16,18) e a nonavalente (6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58).
No Brasil ainda não temos a nonavalente, que é a única aprovada em bula para prevenção de câncer de cabeça e pescoço. As vacinas podem trazer proteção cruzada para outros subtipos também. Para lésbicas é uma vacina primordial (IST mais comum entre elas).
4) Meningite (Doença meningocócica) - Meningo ACWY

A nossa garganta pode ser reservatório de bactérias causadores de meningite (Neisseria sp.). Você pode ter a bactéria lá sem nunca ter nada, mas raramente pode desenvolver meningite sim.
E transmitir. Com mortalidade e morbidade (sequelas) muito altas. Estudos ja demonstraram um risco 10x maior de meningite meningocócica em homens gays e o CDC passou a recomendar a vacina ACWY para HSH (homens que fazem sexo com homens). Dose única.
No SUS tem pra profissionais de saúde e pessoas até 14 anos.
Pessoas com HIV e comorbidades podem tomar a Meningo C em duas doses no SUS, que embora compreenda menos subtipos, protege também.
5) A vacina Meningo B (Bexsero) apresentou uma taxa de proteção cruzada de 30-40% para gonorreia em um estudo. Pode também ser indicada.
6) Monkeypox: ainda vivemos um surto na nossa comunidade, principalmente entre homens gays e seria importante termos direito à vacinação. Mas ainda não temos disponível no Brasil. São duas doses com intervalo de 30 dias.
6) Influenza
7) Covid-19

Por que transar de máscara é difícil e sabemos bem o quanto ‘uma gripezinha’ pode ser grave e até fatal.
Gripe anual.
E Covid-19: 4 doses para pessoas sem HIV e 5 doses para pessoas com HIV.
8 ) Vacina contra HIV: estudo mosaico. Tá em andamento um estudo maravilhoso avaliando a eficácia de uma vacina contra o HIV. Quem sabe pode ser uma esperança para o futuro?
Desenvolver uma vacina contra o hiv é um sonho de décadas.
E estamos cada dia mais perto.
Procure um médico de família ou um infectologista e leve sua caderneta pra ser avaliada e checar contraindicações (que são raras).
Vacinação é medida segura e base da saúde pública.

Vinicius Borges
Médico infectologista
Cremesp 202.114

#doutormaravilha

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More from @DoutorMaravilha

Nov 6
Casos de Covid aumentando.
Subvariante Ômicron BQ.1 circulando no país.

Você já tomou a sua 4a dose?
Pessoa com HIV, já tomou a 5a dose?

Muita gente tá relaxando e esquecendo dos reforços.
Isso não deve acontecer.
Com reabertura e sem máscara, o mínimo é todo mundo se vacinar!
Ei, você com alguma alteração da imunidade. Já tomou a quinta dose contra Covid-19?

Temos uma nota técnica FEDERAL que permite isso.
Pessoas acima de 18 anos com imunossupressão (alteração da imunidade) podem receber mais uma dose da vacina contra a Covid-19, segundo nota técnica do ministério da saúde.

Para receber você pode levar um encaminhamento do seu médico, um documento que comprove
Read 8 tweets
Nov 5
Dor durante o sexo anal?

Não é normal.

A dor funciona como um aviso, de que algo não está indo tão bem. Entenda o que pode estar acontecendo e saiba se prevenir.

Compartilhe.
Além de ser um sexo que requer ‘treinamento’ e ‘paciência’, o sexo anal saudável EXIGE lubrificação abundante. O reto não tem lubrificação natural como a vagina.
No início da penetração é normal que haja um desconforto, uma sensação iminente de evacuação (vontade de fazer cocô) e alguma dor leve até o esfíncter relaxar (uma espécie de válvula que te impede de ter incontinência fecal).
Read 12 tweets
Nov 4
Da próxima vez transar de óculos? 🧐🤓

Um acidente relativamente comum durante as relações. Vamos ver o que a ciência diz?

Leia com atenção e compartilhe.
Esperma no olho?

Sexo é muito bom, mas às vezes acontecem acidentes. Este talvez seja um dos mais comuns.

É possível sim se infectar com HIV se cair sêmen no seu olho, mas isso está muito longe de ser uma fonte de transmissão comum.
O CDC estadunidense
estima o risco de contrair HIV por tipo de exposição. O maior risco, por exemplo, é receber uma transfusão de sangue de alguém que tem o vírus.
O CDC não tem uma estimativa oficial sobre o risco de transmissão do sêmen para o olho.
Read 14 tweets
Oct 27
Qualquer médico pode prescrever e fazer o acompanhamento da PrEP.

Pode ser comprada em farmácia ou retirada no SUS (mesmo com receita de médico particular, on-line ou presencial).

É para qualquer pessoa com vulnerabilidade ao HIV, não só gays.

Compartilhe pra democratizar. ❤️‍🩹
Bom, antes de tudo, pensem comigo: PrEP é muito eficaz na prevenção do HIV sim, mas não é pra ser utilizada sozinha e sem acompanhamento. Como nada na vida é.
A PrEP (profilaxia pré-exposição para o HIV) consiste na tomada de um comprimido diário de tenofovir + emtricitabina (medicamentos também utilizados no tratamento de pessoas vivendo com HIV) para a prevenção desta infecção.
Read 11 tweets
Oct 26
Tenho mais de 26 anos e/ou já transei muito na vida.

Será que ainda vale a pena me vacinar contra o HPV?

Um fio simples, mas importante.
Compartilhem. ❤️‍🩹
Eu sou um grande defensor das vacinas e gasto bons minutos das minhas consultas revisando as cadernetas e atualizando tudo.

A vacina contra HPV então, é uma das minhas preferidas. Os resultados que estão chegando com os estudos são fantásticos. De se emocionar, mesmo.
Um estudo recente publicado do periódico científico 'The Lancet' mostrou que a vacina contra o HPV foi capaz de prevenir 87% dos casos de câncer de colo de útero se aplicada no período certo: entre os 12 e 13 anos de idade. Isso é algo MARAVILHOSO.
Read 17 tweets
Oct 25
Conhecimento que liberta:

É muito mais seguro transar com uma pessoa vivendo com HIV indetectável que faz exames semestrais, que com alguém que afirma ‘não ter nada’ mas raramente se testa. Isso é básico.

IST’s não têm cara.
E HIV indetectável não transmite.
Uma pessoa vivendo com HIV com carga indetectável por no mínimo 6 meses não transmite o vírus por via sexual. Mesmo se houver ejaculação interna, se houver pequenos sangramentos na transa ou possuir outra IST no momento.
Pequenas flutuações da carga viral (blips) também não revelaram gerar transmissibilidade.

Isso é ciência. Isso é verdade.

Estudos como Partner, Partner 2 e Opposites Attract confirmaram isso. O principal fator envolvido é a ADESÃO.
Read 9 tweets

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