POR QUE A MAIORIA DOS PLANETAS DETECTADOS SÃO TÃO GRANDES?
Com mais de 5200 exoplanetas já detectados, apenas 3.7% têm um tamanho comparável ao da Terra. Onde estão os planetas semelhantes aos nossos, e por que não conseguimos observá-los? Segue a thread 👇🏼👇🏼👇🏼 #AstroThreadBR
Antes de mais nada, vale a pena comentar que existe uma enorme diversidade de planetas: pequenos, grandes, rochosos, gasosos, etc. Já vemos isso no nosso Sistema Solar, mas fora dele, a variedade é ainda maior!
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De forma geral, podemos dividir os exoplanetas em diferentes categorias. As principais categorias são:
🟠 gigantes gasosos
🔵 tipo Netuno
🟢 super Terras
🟤 terrestres
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Já deu para notar que esses nomes surgiram a partir de comparações com os planetas do Sistema Solar, pois nada mais justo do que se basear nos planetas que a gente conhece melhor, certo?
Ou seja:
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🟠 gigante gasoso = do tamanho de Saturno/Júpiter ou maior, composto por H e He
🔵 tipo Netuno = tamanho de Urano/Netuno, atmosfera majoritariamente de H e He
🟢 super Terra = rochoso, tamanho/massa entre a Terra e Netuno
🟤 terrestre = rochoso, do tamanho da Terra ou menor
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É importante perceber que os nomes dados a essas categorias referem-se, principalmente, ao raio do planeta. Porém nem todas as características precisam ser idênticas (planetas terrestres não necessariamente possuem a composição da Terra, por exemplo).
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Além disso, os raios representados na figura anterior são aproximações, pois não existe um limite bem estabelecido entre um tipo de planeta e outro. É uma classificação não oficial, apesar de frequentemente utilizada por pesquisadores da área.
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A maior parte dos exoplanetas já detectados podem ser classificados como tipo Netuno (34.7%), seguidos de gigantes gasosos (31%) e super Terras (30.6%). Mas por que o número de terrestres (3.7%) é tão pequeno?
A resposta está na forma como esses planetas são detectados!
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Se separarmos os planetas que já conhecemos pelo seu método de detecção, é fácil concluir que a grande maioria foi descoberta por trânsito, técnica onde observamos a intensidade do brilho da estrela diminuir quando seu planeta passa na frente (como um eclipse).
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Alguns fatores colaboram para que um planeta seja observado via trânsito, como a massa e o tamanho do planeta, o tamanho da estrela, e a distância entre o planeta e a estrela. Um trânsito, para ser confirmado, precisa ser observado pelo menos 3 vezes.
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Ou seja, precisamos detectar o planeta passando pelo menos 3 vezes na frente de sua estrela. Porém, dependendo do período do planeta (tempo que ele leva para dar 1 volta ao redor da estrela), isso fica inviável.
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Vamos supor um planeta com o mesmo período de Júpiter, que demora 12 anos para dar a volta no Sol. Precisaríamos de 36 anos para confirmá-lo 🤡 Felizmente, muitos exoplanetas orbitam muito próximos de sua estrela, com períodos que podem chegar a poucos dias, ou até horas!
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O tamanho do planeta em relação ao tamanho da estrela também influencia na detecção do trânsito. Quanto maior for o planeta que transita uma estrela, maior será a queda no brilho dessa estrela, pois um planeta maior ocultará uma parte maior da estrela.
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Da mesma forma, quanto menor for o tamanho da estrela, maior a área ocultada pelo planeta, e maior a queda do brilho estelar. Ou seja, é mais fácil detectar (via trânsito):
- planetas grandes
- planetas grandes em estrelas pequenas
- planetas próximos da estrela
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Por isso, não é coincidência que o número de planetas grandes detectados seja muito maior do que o de pequenos, já que os métodos de detecção favorecem os grandes.
Aí você me pergunta: se é tão difícil observar planetas pequenos, como conseguimos detectar quase 200?
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Para a nossa felicidade, a maior parte das estrelas são anãs vermelhas, estrelas menores e mais frias que o Sol, e muitas delas possuem planetas terrestres!
Um exemplo bem conhecido é o sistema TRAPPIST-1, com 7 planetas terrestres, todos bem pertinho de sua estrela.
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A vantagem dos planetas ao redor de anãs vermelhas é que o período deles costuma ser curto, facilitando o trânsito (como foi o caso do sistema TRAPPIST-1). Por outro lado, como dito anteriormente, a detecção de planetas em estrelas pequenas ainda é um desafio.
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O que falta para detectarmos pequenos planetas?
Muitos novos métodos já foram propostos, mas a maneira mais fácil continua sendo investir na tecnologia que já temos, para aumentar sua sensibilidade, e possibilitar a observação de estrelas mais fracas.
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O objetivo, além de conseguir detectar pequenos planetas em anãs vermelhas, é detectar planetas como a Terra ao redor de estrelas como o nosso Sol. Quem sabe assim não chegamos mais perto de um exoplaneta potencialmente habitável?
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Tá rolando uma onda de comentários sobre estudantes de graduação não serem cientistas ou não serem pesquisadores
Isso não é de hoje, mas como se intensificou nos últimos dias, resolvi tentar esclarecer algumas coisas aqui pra vocês ⬇️
Antes de mais nada: caso você não me conheça, me chamo Aline, tenho graduação, mestrado e doutorado em astronomia pela UFRJ, e atualmente faço pós-doutorado
Vamos começar a entender por que estudantes de graduação (e pós-graduação) PODEM SIM ser pesquisadores
Durante a graduação em diversas áreas temos a oportunidade de fazer o que chamamos de iniciação científica (IC). Como o próprio nome já deixa claro, é uma iniciação à pesquisa
Me diz uma coisa: se você não soubesse nada sobre o Sol e como ele se comporta, o que você pensaria ao ler uma notícia dessas?
Porque eu pensaria nada menos do que "Fudeu! Vamos todos morrer!"
Deixa eu contar o que realmente acontece ⬇️
Isso aqui ia virar um fio sobre manchas solares, ventos solares, o que acontece quando os ventos atingem a terra (spoiler: auroras!)
Masss me apontaram aqui nos comentários que a página deu a devida explicação nos tweets seguintes
Isso não é suficiente, e explico o motivo ⬇️
Primeiro que eles mencionam que não existe perigo e insistem que não são sensacionalistas (provavelmente por causa das nossas reclamações) no SEGUNDO tweet
Isso claramente já tá errado, porque o alcance do segundo tweet é SEMPRE MUITO mais baixo (eu mesma não vi até me avisarem)
Em clima de vestibular e ENEM, venho com mais uma questão de Ciências da Natureza envolvendo astronomia, dessa vez da prova do ENEM 2020 (e que eu caí na pegadinha!)
Siga o fio para entender 👀⬇️
Escolhi essa questão porque confesso que ela me pegou, e inicialmente eu errei a resposta. Tive que pesquisar mais a fundo o motivo do gabarito, e vim compartilhar com vocês 😆
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Vamos lá: a pergunta menciona um experimento feito por William Herschel lá em 1880. Ele coloca um prisma, onde incide luz solar, e recipientes com água que recebem a luz dispersa do prisma, como na figura abaixo
Você sabe qual é o ÚNICO lugar no Sistema Solar, além da Terra, onde sabemos que existem mares e lagos na superfície??
A imagem abaixo mostra esses grandes mares (as cores são artificiais, para melhor visualização)
Segue o fio para saber mais ⬇️
Esse lugar é TITÃ: o maior satélite de Saturno, e segundo maior do Sistema Solar
Sua densa atmosfera de tons amarronzados permite a existência de líquido na superfície, formando rios, lagos e mares
Mas esses rios, lagos e mares não são feitos de água como na Terra!
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Na imagem abaixo, compostas por dados no infravermelho, é possível ver através da atmosfera de Titã
As partes mais claras (verde, laranja) mostram a superfície sólida do satélite, e as regiões escuras são lagos compostos por hidrocarbonetos, como metano (CH4) e etano (C2H6)
Olhando a imagem abaixo (que é uma representação artística), como você classificaria esse objeto astronômico? É um planeta? É uma estrela?
Na verdade, é uma ANÃ MARROM! E é sobre esse lindo objeto que vamos falar hoje. Segue o fio 👇🏼👇🏼👇🏼
- O que é uma anã marrom?
Se você já ouviu falar em anãs marrons, deve ter ouvido falar que são “estrelas fracassadas”. Em outras palavras, são objetos que se formaram da mesma maneira que estrelas se formam, mas não possuem massa suficiente para se tornar uma estrela.
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- Como estrelas se formam?
Os detalhes da formação estelar completa vão ficar para outra thread, mas resumidamente: estrelas (e anãs marrons) são formadas a partir do colapso gravitacional de uma enorme nuvem molecular, muito fria, feita de gás e poeira.
Quem tem acompanhado a Copa deve ter visto as discussões sobre o gol do Japão. Até o @Casimiro comentou a polêmica em live. Afinal, a bola saiu de campo ou não?
PARALAXE é um conceito de astronomia antigo. É a diferença aparente na posição de um objeto, quando visto de locais diferentes.
Exemplo simples: estique seu braço e, com um dedo, tape um objeto de fundo. Agora abra um olho e deixe o outro fechado, e depois troque.
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Verifique a posição desse objeto quando você observa com o olho esquerdo (imagem à esquerda) e com o olho direito (imagem à direita). Reparou que parece que o objeto se deslocou? Isso é paralaxe ✨