Investidores veem uma espécie de versão "light" da contabilidade, especificamente na demonstração de resultados e na demonstração de fluxo de caixa.
Pis, confins, ipi, icms e iss, todos rodando dentro do faturamento das empresas impactam o capital de giro dela.
O sistema de créditos e débitos desses impostos nas empresas operando no "modo" lucro real tem prazos de pagamentos e recuperação(no caso do crédito) distintos.
Por aqui, um modelo como da Cost Co #cost que é brilhante em sua simplicidade é muito díficil de copiar por isso.
Aqui vai um exemplo simplificado para tentar demonstrar isso:
A loja Movelbarato é especialista em sofás.
Ela compra a produção de sofás com sua própria marca e revende para os clientes.
O Sofá Carambola Deluxe é vendido por 3000 reais em 10x sem juros para os clientes.
Ao vender o sofá, a loja é tributada em cima do FATURAMENTO em:
Para a Brasília:
- Pis, confins: 1,65% e 7,6%. Em um sistema de créditos onde o que loja paga em custos e ao fornecedor gera crédito em determinadas situações. Vamos assumir que tudo gera.
- Vamos supor que a loja não é equiparada como estabelecimento industrial e assim Não paga IPI. Mesmo fazendo desmontagem e montagem dos sofás na entrega ao cliente. (sim, tem isso por aqui...)
- ICMS para os estados. Vamos usar o rio de janeiro, afinal, carioca é RYCO. Aceita pagar as maiores alíquotas de icms do país e continua elegendo os mesmos responsáveis.
20% sobre o valor de venda (18% + 2% do "fundo de pobreza") sobre o valor da venda.
Para simplificar: vamos assumir que sofá não é um produto de substituição tributária e não tem preços de venda presumidos para fins de cálculo de icms ( feitiçaria tributária comum no Brasil).
Cada sofá carambola custa 1500 reais do fornecedor, que emite uma nota a nossa loja com o seguintes tributos sobre o faturamento destacados:
- R$ 24,75 de PIS.
- R$ 114 de Confins.
Como é uma indústria, paga IPI, vamos supor que é alíquota base de 35%.
- R$ 525.
A indústria tb paga icms é estimar isso exige entender onde a mercadoria é produzida, ela passa e para onde é vendida.
Para simplificar, eu montei um cenário espeçifico e estou dizendo que:
ICMS que o fornecedor pagou é R$ 167,25.
O que vamos aproveitar dessa volta ao equador é quanto foi pago de pis, confins e icms.
- R$ 24,75. R$ 114. R$ 167,25.
Guarde esses números.
Agora, vamos imaginar:
Esse sofa comprado por R$ 1500 A VISTA foi vendido por R$ 3000 em 10x sem juros.
Essa venda de R$ 3000 gerou de custos, impostos e despesas com prazos de pagamentos mais curtos do que quando o dinheiro entra.
Para começar os 1500 reais de custo do sofá, já pagos.
Em impostos sobre o faturamento temos um sistema de crédito/débito:
- Pis: R$ 49,50 - R$ 24,75 = R$ 24,75.
- Confins: R$ 228 - 114 = R$ 114,
- ICMS: R$ 600 - 167,25 = 432.75
Total: R$ 571,50.
Pagos no mes seguinte da venda.
Então tivemos os 1500 pagos + 571,50 (em 30 dias, vamos simplificar) + despesas fixas totais (simplificando) de 700 reais (cobre frete, funcionário, despesas de loja e etc).
Temos um total de R$ 2772 reais pagos ou a serem pagos em 30 dias.
Só que a primeira parcela dos 3000 da venda só entram daqui a 30 dias, num total de 300 reais.
Então, sem fazer a conta do custo do dinheiro:
+ 300
- 2772.
Perceberam o problema?
Nessa venda existe algumas escolhas:
- O varejista pode ir recebendo os 300 reais por mês e usar o próprio capital para cobrir esses pagamentos.
- Antecipar isso com uma financeira ou empresa de cartão como a Cielo #CIEL3.
Vamos supor que a decisão foi antecipar.
Numa selic de 13% aa (custo do dinheiro sem risco), a cielo decidiu dar uma taxa de antecipação do recebível de cartão (os 3000 do sofá carambola vendido) de 2% a.m.
Fazendo as contas, ela paga em 48h da venda para a nossa loja as 10 parcelas de uma vez(menos o juros): R$ 2461
E assim, antecipando, a loja movel barato conseguiu perder 310 reais na venda do sofá carambola de R$ 3000.
Supondo que o dinheiro do capital próprio da movelbarato seja mais caro que o da Cielo. O dono da loja deveria tratar assim.
Não antecipar também dá prejuízo!
Porque o dinheiro TEM VALOR NO TEMPO.
Seja o da cielo, que emprestou a 2% a.m, seja o capital próprio da loja movelbarato.
Antes de ir para a conclusão, vamos a algumas ponderações:
- Com esses custos, venda a prazo e custo do dinheiro. Ao pagar a vista o sofá carambola da indústria, para ganhar dinheiro, a movelbarato teria que vender por mais que R$ 3000.
Algo entre R$ 3600 e R$ 4000 para ter margens viáveis.
E não, eu não vou colocar mais 50 tweets nesse fio para demonstrar. O espaço não é adequado.
- Os impostos sobre o faturamento de tudo que agente compra tem um PESO ENORME na nossa vida.
No exemplo do sofá Carambola: dos 3.000 pagos, os governos levaram direto R$1096,50.
De um sofá que a fábrica vendeu por 1500.
Pense nisso, quando politico falar de imposto.
E considere que em muitos produtos, dado a natureza complexa das regras de pis, confins, ipi e icms, esse valor de imposto/ preço final pode variar muito. E pra cima.
- Investidores e profissionais do mercado quando olham as demonstrações de resultados de uma empresa tendem a ser isolados dessa complexidade: a contabilidade societária começa a demonstração de resultados(DRE) com a jabuticaba chamada Receita líquida.
... que exclui todos esse impostos sobre o faturamento dos números.
A peça DVA(demonstração de valor adicionado) , conseguimos ter uma ideia do peso dos impostos sobre o faturamento dentro do negócio.
** se pudesse fazer negrito
O que me faz entrar em outro ponto MUITO importante para o investidor e o candidato a empresário:
Pis, confins, ipi, icms e iss (noves fora imposto de importação) podem chegar 60-70% DO DINHEIRO que entra no negócio.
Na maioria dos casos: mais que 30%.
E a maior parte disso TEM QUE SER PAGO, se a operação deu lucro ou não.
Qualquer erro empresarial e nos tributos aqui no Brasil, se for persistente, leva a ruína rapidamente.
- Repararam quantas vezes eu utilizei a palavra simplificação?
Não foi porque esse fio está sendo produzido gradativamente e eu não posso editar.
Porque o sistema tributário é estupidamente complexo: eu tive de fazer um monte de simplificações para criar um caso prático.
O que fecha na conclusão desse fio gigante:
I - O modelo da Costco não funcionaria aqui porque nivel de complexidade do sistema tributário faz com que calcular custo do produto * markup mínimo (para maximizar volume) seja simplificação utópica de implantar.
II - O sistema tributário brasileiro é uma peça relevante do custo Brasil do mundo real.
III - O juro no Brasil é estupidamente alto (pro governo, para as empresas e para as pessoas).
Para nós (tira o governo) é muito escasso, faz com que empresas LUTEM para trabalhar...
III (continua) ... com o dinheiro dos seus fornecedores.
IV - Como a inadimplência é tratada no Brasil também gera mais drama na escassez do capital.
V - As empresas sobreviventes tendem a gastar muita energia para otimizar o uso de capital e não crescer.
Por vezes, ambas funções são excludentes.
VI - O ponto anterior em ambiente concorrencial gera ainda mais complicações, então empresas tendem a tentar trabalhar de forma parecida na gestão de preços, capital de giro e estoques.
A inovação aqui, gera risco que podem levar a ruína.
** Quem não lembra do Walmart Br?
VII - Finalmente, quem vence isso tudo e consegue além de sobreviver, prosperar, tende a dominar onde atua.
Temos alguns exemplos nas empresas abertas brasileiras.
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Eu vi essa foto circulando com todo tipo de interpretação.
O que me fez pensar:
Fato, independente das preferências políticas de cada um, é que são décadas de fracasso econômico.
São décadas de impostos recolhidos nos estados com maiores economias sendo transferidos para estados e municípios incapazes de usar o dinheiro para gerar prosperidade para as pessoas.
São décadas de empréstimos subsidiados de toda sorte, isenções fiscais exclusivas...
Enfim, as mesmas políticas "desenvolvimentistas" mudando apenas a roupa ou "sabor".
1 ) Tem que ter muita inocência para comprar um IPCA + 3% aa de 30 anos.
2 em 2, no máximo 4 em 4 anos, vamos nos esbaldar na bosta. Por vontade própria...:)
2) Todo IPO existe para te dar uma pernada.
Todo mundo ali está se esforçando para você comprar naquele preço que o vendedor aceita vender e recebendo muito bem para intermediar o peixe.
3 ) Debenture privada para pessoa física:
Quem te vende tá metendo um spread do tamanho do kid bengala, na compra antes do vencimento, vai vir outra varada do mesmo lugar.
Falar de uma S.A de capital fechado que ameaçou abrir capital (não deu) mas conseguiu distribuir umas debentures recentemente.
Para começar, a liquidez de curto prazo está apertada: o passivo circulante é a maior que o ativo circulante.
Chama a atenção que a rede favorita do @ZattarRafael opera com uma relativamente pouco crédito dos fornecedores.
A conta de passivo de arrendamento caiu de um ano para o outro, mesmo com a rede abrindo 27 lojas de 12 meses.
Sinal de renegociação de aluguéis.
@ZattarRafael Outra curiosidade: a rede tem 5 mi a receber do controlador: royalties das franquias que ele é dono diretamente.
Uma canetada de uma pessoa sem voto e sem mandato acabou na prática com o teto de gastos, a separação de poderes e toda expectativa que políticas fiscais sejam cumpridas.
Isso antes do governo eleito assumir.
Isso aqui pode ser replicado por qualquer assunto.
Sem contrapeso do Senado, pq sabemos que lá são TODOS omissos em suas responsabilidades quando ao equilíbrio entre poderes.
Isso pode ser replicado para qualquer coisa.
Me limitando apenas aos temas econômicos, quem não fizer isso irá sofrer nos próximos meses, significa que qualquer lei, processo constitucional relacionado a condições fiscais está há uma canetada de ter ser mudada intempestivamente.
Eu iria fazer esse insight apenas para assinantes da @analiseoriginal mas decidi abrir e também colocar por aqui.
Essa proposta de reforma do IRPJ do governo federal esconde um aumento relevante de carga.
Tem muita gente preocupada com imposto sobre o dividendo e não percebendo.
A malandragem está no fim do JSCP, ou juros sobre capital próprio.
Vamos entender o que ele é primeiro:
O JSCP é uma remuneração ao capital próprio do acionista instituída nos anos 90.
Ele funciona assim, resumidamente:
* A empresa pega TJLP (hj é 4,61% aa) multiplica pelo sem patrimônio liquido.
Esse valor pode ser pago como remuneração aos acionistas e reduzir a base de cálculo do IRPJ. desde que:
* não passe de 50% do lucro liquido do ultimo exercicio.