Suzuka-1988, o outro lado. O início dos problemas de Honda, McLaren e Senna com o então presidente da FISA, Jean Marie Balestre. Segue o fio! 🧶 #F1#McLaren#Honda#Senna
O início do desconforto viria na sexta-feira, no primeiro dia de treinos daquele fim de semana. Onde Senna fez uma volta cerca de 1,6 segundos mais rápida que Prost. Na qual o brasileiro faria a sua melhor volta em 1:42:157, enquanto Prost faria o tempo de 1:43:806.
Prost se recuperaria no sábado, fazendo o tempo 1:42:177, mas ainda ficaria atrás de Senna, com uma volta simplesmente voadora de 1:41:853. O francês fez muitas críticas a especificação especial da Honda RA168E utilizada para esse GP, a XE5.
Esse motor teria a introdução de turbo-compressores IHI de dimensões maiores feitos de carbeto de silício. Mas Prost alegou que seu motor tinha uma distribuição de potência abrupta na geração de força em relação as rodas traseiras em curvas de baixa velocidade, perdendo tração.
E ele continuou, afirmando que o motor sofria de turbo-lag em demasia e também parecia menos resistente e ser menos potente. Enquanto, do outro lado, nenhuma reclamação por parte do brasileiro acerca dos motores.
Uma das políticas da McLaren pra prova, até para evitar um mal-estar, foi trazer dois carros reservas para a corrida. Senna se sentiu tão bem com o carro reserva que fez a mudança, saindo do chassi 04 para o chassi 02. Prost se manteve com o seu carro, o chassi 06.
O francês chegou a utilizar o chassi reserva com setup para tanque cheio na manhã de sábado, mas depois de pouco tempo essa ideia já iria para o ralo, onde um vazamento de combustível no tanque fez com que Prost saísse logo do carro e fosse direto para o motorhome da equipe.
Sem escolha, o chassi de corrida do então bicampeão teve de ser convertido a essa configuração de forma bem rápida para ser utilizado no início dos treinos de sábado.
No entanto, o francês estava feliz com o balanço do carro. Em que chegou a testar, na área frontal, saias laterais flexíveis no bico da asa dianteira, o que corrigiria na teoria o balanço frontal do carro. Mas a ideia seria abandonada.
Na corrida, Prost sofreria com problemas de câmbio na volta 16, e o problema se agravaria, onde ele perderia uma marcha na volta 27, quando perderia uma marcha na tentativa de ultrapassar a Rial do retardatário Andrea de Cesaris.
Já Senna sofreria seus problemas: onde o motor morreu na largada, relegando-o a décima-quarta posição. Mas isso não impediu a recuperação do brasileiro que, dessa vez não se preocupou com o nível de consumo dos motores da Honda, e foi passando um a um os seus adversários.
E, devido a esse problema do francês e com a chegada de uma leve chuva, o brasileiro chegou. No fim da volta 27, se aproveitou desse problema de Prost e o seu enrosco com os retardatários De Cesaris e Maurício Gugelmin, para ultrapassá-lo na reta. E não sairia mais da liderança.
Assim Senna venceria a prova e conseguiria o primeiro dos seus três títulos na Fórmula 1. Fazendo a festa não só dele, mas da McLaren e da Honda.
Só que, após essa prova, o polêmico presidente da FISA faria uma declaração, no mínimo, inescrupulosa. Ele afirmara que havia implicações de que a Honda estaria favorecendo um piloto em detrimento a outro.
Não satisfeito, ele enviaria uma carta com essa indagação e em tom de cobrança ao presidente da Honda, Tadashi Kume. Claramente com o intuito de colocar a Honda "entre as cordas", o que obviamente gerou uma insatisfação dos nipônicos na ocasião.
A Honda, por meio do seu presidente, emitiu um comunicado frio e imediato. — Eu acredito que o automobilismo deveria ser conduzido pelo espírito do jogo limpo e segurança, nessa ordem para obter o interesse e o envolvimento emocional do público e fãs.
A Honda Motor Company Limited vê a justiça como o mais alto requisito da sua filosofia para condução de negócios e define essa qualidade como sua ideologia da empresa. — Comunicado da Honda em resposta a carta de Jean Marie Balestre para o presidente da Honda.
E a Honda, por meio de uma conferência à imprensa, continuou. — Nós preparamos quatro motores para o fim de semana, em que os pilotos faziam as suas escolhas pessoais a respeito de quais motores eles querem, se é isso que vocês gostariam de saber. — Assessor de imprensa da Honda.
Já em Adelaide, na última etapa, o clima já não era dos melhores entre os dois pilotos. Senna estava relaxado com a conquista do título, embora com o pulso machucado após jogar futebol na sua folga em Bali, uma semana antes.
Já Prost começava a mostrar sua insatisfação com a McLaren e a Honda, e estava determinado a superar Senna na temporada seguinte, em 1989.
O assunto da carta de Balestre incomodaria sobremaneira Ron Dennis, que exigiu uma desculpa pública da FISA. Só que o francês se mantinha irredutível e insistiu que a transmissão do carro de Prost deveria ser inspecionada pelos comissários da FISA.
Isso com o intuito de ver se pegava algum tipo de favorecimento da equipe a Senna em relação a Prost. Dennis decidiu comprar a briga e que não iria submeter seus carros a uma futura inspeção independente do motivo para tal.
E ainda desafiaria os representantes da imprensa presentes, para que levantassem as mãos se eles honestamente sentissem que a equipe havia sido menos igualitária com seus pilotos, numa temporada em que a McLaren havia dominado por completo.
— Nós nos esforçamos bastante para garantir que ambos os pilotos tenham a melhor oportunidade possível de vencer. Simplesmente não faria sentido operar uma organização nesse tipo de nível se essa consideração não estivesse em primeiro lugar em nossas mentes.
Essas alegações realmente incomodaram o time inteiro. — Ron Dennis.
A relação entre Senna e Prost só pioraria em 1989, e a troca de acusações entre Prost, Senna, Balestre, McLaren e Honda seriam constantes ao longo desse ano, culminando no explosivo episódio em Suzuka.
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Substituindo o já vencedor F2001, a Ferrari tinha uma tarefa complicada em 2002. Afinal, segundo o renomado projetista sul-africano Rory Byrne, o modelo F2001 já tinha atingido o ápice do seu desenvolvimento.
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